Frente à
dificuldade dos alunos na competência, especialista mostra que cozinhar, jogar
e montar objetos estão entre atividades que podem auxiliar no aprendizado de
Matemática
Os resultado do Sistema de Avaliação da Educação
Básica (Saeb) divulgados no fim do ano passado mostram que sete de cada dez
alunos do 3º ano do Ensino Médio têm nível insuficiente em Matemática e menos
de 4% têm conhecimento adequado nessas competências. Os resultados podem estar
ligados à base do ensino desses estudantes, que apresentam dificuldades desde o
início do Ensino Fundamental.
Essas dificuldades do brasileiro no estudo de
Matemática podem estar ligadas à forma como o conteúdo é passado aos
estudantes. Apenas exercícios e fórmulas não captam a atenção e curiosidade de
alunos que, segundo pesquisas, conseguem manter a concentração apenas de 3 a 5
minutos. Segundo o coordenador da área de Matemática do Sistema de Ensino
Aprende Brasil, Carlos Wiens, o aprendizado tem que ser divertido. Para ele, o
estudante precisa entender o problema para então elaborar suas ideias,
desenvolvendo estratégias, levantando hipóteses e tomando decisões. “A
discussão dos conteúdos colocada de maneira prática estimula o aluno a
vivenciar o que está sendo estudado, permitindo uma compreensão mais ampla dos
conceitos e sua aplicação”, afirma Wiens. Segundo ele, os conteúdos que os
alunos precisam aprender também devem fazer sentido. "É preciso atribuir a
eles um significado prático, para que os estudantes consigam responder ‘para
que’ estão aprendendo a matéria em questão", completa.
E para facilitar o aprendizado, o ensino da
Matemática deve ser iniciado sempre com uma discussão sobre a matéria, levando
em conta a visão do aluno, a interação com colegas, professores e o conteúdo
apresentado, deixando que a curiosidade do estudante seja sua própria
ferramenta. Wiens acredita que, por meio de atividades que fujam do padrão
convencional, é possível desmistificar a disciplina e conquistar a atenção e o
envolvimento dos alunos, trazendo diferentes abordagens. “O professor pode
levar os alunos para um campo de futebol e ensinar sobre medidas, comprimento,
área e espaço, por exemplo. Ou fazer um dia de cozinhar e usar as porções,
ingredientes e consumo para explicar conceitos matemáticos”, sugere. Outra
atividade simples e que faz muito sucesso entre as crianças é o uso do tangram,
um quebra-cabeça chinês que ajuda a trabalhar noções geométricas.
A interação com os pais e a rotina diária do aluno
também podem contribuir para o aprendizado. “Fora da sala de aula, os pais
devem ajudar os filhos a utilizarem os conceitos matemáticos”, reforça Wiens.
Aprender brincando pode ser o caminho para fazer a criança gostar de
Matemática. Brincadeiras que promovem a interação em grupo motivam, desafiam e
desenvolvem o raciocínio lógico. Jogos como amarelinha e pega-pega envolvem
conceitos de espaço, forma e tempo. Algumas histórias infantis trazem questões
que chamam a atenção para noções de quantidade e medidas. Dobraduras e
quebra-cabeças também ajudam a desenvolver o raciocínio geométrico. Com o
tempo, as crianças já podem auxiliar os pais, fazendo contas durante as compras
no supermercado, por exemplo. Wiens ressalta ainda que os adultos devem sentar
com seus filhos para fazer a lição de Matemática - lembrando que, hoje, o
ensino do conteúdo parte do ponto de vista do aluno.
Sistema de Ensino Aprende
Brasil
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