Chamava-se Gustavo de Azevedo Barbosa
Júnior e tinha 26 anos. Estava dentro da viatura policial e recebeu tiro fatal
no rosto enquanto, junto com seu colega, se deslocava para deter um automóvel
com registro de furto. A viatura em que Gustavo rodava por zona conturbada não
era blindada. Uma das testemunhas do crime fazia parte do grupo que o praticou
e identificou os demais pelos respectivos apelidos. Tudo indica que a polícia,
em breve, alcançará os responsáveis. Essa é a resenha da notícia.
E tudo estará resolvido quando prenderem
os bandidos? Vitória da lei e dos mocinhos? Não. Está tudo sofridamente errado!
A viatura em que Gustavo e seu parceiro faziam a ronda noturna deveria ser
blindada, mas não há dinheiro para isso. Com toda certeza, os criminosos que o
mataram não são adolescentes que pegaram o carro do pai, mas são bandidos com
extensa ficha policial. Em qualquer país onde as instituições sirvam à
sociedade estariam atrás das grades, isolados do convívio social, porque essas
instituições jamais seriam confiadas a alguém que se vangloriasse de “construir
escolas e não presídios”, como se uma coisa invalidasse a outra.
Mais
de 60 mil homicídios por ano, um roubo de carro por minuto, e nos dizem que
violenta é a polícia e que no Brasil se prende demais. Foi por esse caminho que
a sociedade acabou disponibilizada ao mundo do crime e as escolas passaram a
diplomar analfabetos funcionais. Está tudo errado, também, por serem tantos os
que, no ambiente jurídico, político e intelectual, deram ouvidos aos teóricos
da revolução social e do garantismo penal. Com voto, cátedra, ou malhete de
juiz, tornaram-se bandidólatras a inculpar as vítimas e a inocentar
sociologicamente os criminosos, pois diante da desigualdade, outra conduta não
lhes poderia ser exigida! Está tudo muito errado, por fim, quando pessoas se
mobilizam e se comovem mais diante de bandidos algemados a viaturas policiais
do que perante familiares de suas vítimas nos necrotérios. Caridade seletiva e
de muito mau gosto.
Impressiona saber que a surdez, a
cegueira e a insensibilidade das instituições, malgrado haverem levado o país a
uma taxa de homicídios cinco vezes maior do que a média mundial, não são um
problema técnico-institucional, mas um problema de pessoas concretas nessas
posições de mando. E, normalmente, atribuíveis à arrogância intelectual que
caracteriza o pensamento de esquerda, convicto, contra toda evidência, de sua
superioridade moral.
Essa
mesma arrogância, no plano econômico e fiscal, quis lecionar economia e quebrou
o país. No plano político, enamorou-se de longevas e intoleráveis ditaduras. No
plano social, multiplicou os dependentes do Estado e deles faz bom proveito. No
plano ético, energizou os redemoinhos da corrupção. No plano estético fez da
recusa à beleza e da militância política credenciais para a prosperidade
subsidiada.
E
agora, por todos os meios, combate qualquer tentativa de reverter esse
miserável cenário.
Percival Puggina - membro da Academia
Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org,
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil.
Integrante do grupo Pensar+.
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