Contingente de
desempregados no País volta ao patamar de 13 milhões. Mas grande parte dessas
pessoas que está a procura de uma vaga de emprego formal, não está
necessariamente, sem uma ocupação que lhe gere renda. Dentro do universo das
economias compartilhada e colaborativa, são várias as formas de se gerar valor
a quem esteja com sua capacidade de serviço ou algum bem de maior valor ociosos
O último boletim do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) sobre a taxa de ocupação e desocupação no
mercado de trabalho, referente ao trimestre fechado em fevereiro trouxe um dado
preocupante. Após um período de sensível recuperação, ao longo de quase um ano,
o desemprego no País volta superar a casa dos 13 milhões, chegando ao índice de
12,4% da da população economicamente ativa.
Mas grande parte desse enorme contingente de
pessoas que está à procura de uma vaga de emprego formal, não está
necessariamente, sem uma ocupação que lhe gere renda, afinal muita gente
precisa manter a sua subsistência tendo ou não acesso a uma vaga dentro do
mercado formal de trabalho. No universo das economias compartilhada e
colaborativa, são várias as formas de se gerar valor a quem esteja com sua
capacidade de serviço ou algum bem de maior valor ociosos. Aplicativos de
transporte, como UBER; ou de delivery como Rappi, UBER East e outros; ou então
de hospedagem, como AirBnb, são os exemplos típicos de alternativas de trabalho
fora do chamado mercado formal, mas que são regulamentadas e que têm sido não
só uma solução temporária, mas uma ocupação definitiva para geração de renda.
“As novas tecnologias de comunicação, em especial
a internet, fomentaram esses negócios baseados nos princípios das economias
compartilhada e colaborativa, unindo quem tem uma capacidade ociosa ou um bem
que pode ser compartilhando (uma casa, um carro, moto ou até mesmo um
bicicleta) a outras pessoas que quem tem uma demanda específica a ser atendida.
Ou seja, você com sua força trabalho ou bem pode ser um prestador de
serviço para várias pessoas e empresas, e não só para um único empregador”,
explica Rafael Barbosa especialista em inovação, em empreendedorismo e em
economia compartilhada.
Permutas
Para Rafael, bens ou mesmo uma mão de obra que
estejam ociosos podem sempre agregar valor de alguma forma, mesmo que não seja
financeiro. Para o especialista, a própria capacidade de serviço de uma pessoa
é uma valiosa moeda que pode ser negociada por outros serviços ou produtos.
Nessa perspectiva, as plataformas de permutas são
outro canal que liga quem tem uma determinada demanda a quem pode atendê-la, e
essa negociação é feita sem dinheiro. É o caso da XporY.com, fundado por Rafael
Barbosa. Com mais de 6.500 associados, entre empresas de diversas áreas e
profissionais autônomos, a plataforma de permutas multilaterais oferece uma
infinidade de serviços que são negociados em X$,moeda digital usada para a
aquisição de qualquer produto ou serviço oferecido pela XporY.com, de ingressos
para shows a aulas de inglês, de assistência jurídica à serviço de manutenção
residencial, de alimentos à viagens, enfim uma infinidade de itens, dos mais
básicos aos mais supérfluos.
Neste cenário, segundo o Rafael Barbosa, fundador
da XporY.com, as plataformas de permutas multilaterais surgem como excelentes
alternativas para quem se encontra desempregado ou subempregado, precisando
melhorar sua renda extra, sendo uma ponte para se reposicionar no mercado de
trabalho e uma rede de apoio com milhares de usuários.
O pedreiro de acabamento e mestre de obras
Dionato Castro, 40, é um exemplo de profissional que encontrou na plataforma de
permutas uma alternativa de encontrar mais facilmente quem pudesse contratar
seus serviços. Com quase 20 anos de experiência na construção civil, Dionato
lembra que há dois anos, quando deixou a cidade Parauapebas (PA) e veio para
Goiânia, em busca de melhores condições de estudos para as enteadas, não
foi fácil encontrar trabalho. “Quando eu cheguei aqui procurei emprego por dois
meses e não consegui nada fixo; então decidi trabalhar por conta própria para ter
minha renda. Também não foi fácil conseguir clientes, pois as pessoas da cidade
não me conheciam e não também não conhecia ninguém”, relata.
Dionato diz que precisava apenas fazer o serviço
para alguém que pudesse depois indicá-lo a outra pessoa. Diante desse dilema,
se propôs a fazer uma obra sem remuneração alguma, de graça, para que assim
conseguisse alguma referência sobre seu trabalho. “Fiz o reboco das paredes de
um sobrado na região do Jardim América em Goiânia como prestador de serviço
para uma pequena empresa de execução de obras. Porém, ao final do serviço que
fiz com qualidade não somente recebi a remuneração normalmente, mas ainda
realizei vários outros trabalhos para a mesma empresa por um período de seis
meses”, revelou. O profissional lembra que o responsável pela contratação
chegou a propor a efetivação de Dionato, mas ele já tinha se decidido a
trabalhar autônomo.
Já com muitas boas referências e indicações de
trabalho, o pedreiro descobriu o XporY.com, que segundo ele, foi uma forma
eficiente de conseguir novos clientes. “Em uns sete meses que estou na
XporY.com consegui diversos serviços e ampliei minha rede de referências sobre
o meu trabalho”, conta o mestre de obras que tem usado os X$ acumulados na
plataforma para ter acesso a serviços que muito provavelmente não teria
condições de pagar em dinheiro. Hoje ele investe no treinamento de coach para
aprimorar sua atuação como autônomo.
Estratégias para fugir do desemprego
Raimundo Carvalho é marceneiro, hoje com 39 anos,
já trabalhou em diversos ramos. O seu serviço mais recente foi em uma
marcenaria em Goiânia onde atuou por quatro anos. Porém, há cerca de cinco
meses o dono da empresa decidiu mudar o local da firma e Raimundo optou por não
acompanhá-lo. Então o operário fez um acordo com o ex-padrão e recebeu do mesmo
algumas máquinas, com as quais começou seu próprio negócio. Estrategicamente
decidiu ficar no galpão em que trabalhava anteriormente como funcionário e
tocar o negócio. “Tomei essa decisão para fugir do desemprego, o cenário está complicado,
são muitas pessoas desempregadas, então criei oportunidade de negócio para
manter minha renda”, conta.
Mas para alavancar sua renda, agora como
prestador de serviço autônomo, usou a plataforma de permutas. “Precisava
divulgar meu trabalho e as permutas me ajudaram neste momento. Foi um ponto de
segurança para mim”, afirma. Hoje, cerca de 40% de sua renda vem por meio de
permutas na plataforma XporY.com. Em crescimento, Raimundo já está expandindo o
negócio com apoio de um sócio e pretende continuar a oferecer alguns itens na
plataforma para se tornar cada vez mais conhecido e ter mais clientes.
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