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sexta-feira, 17 de maio de 2019

EMPREGO E RENDA: Economia compartilhada gera alternativas contra desemprego


Contingente de desempregados no País volta ao patamar de 13 milhões. Mas grande parte dessas pessoas que está a procura de uma vaga de emprego formal, não está necessariamente, sem uma ocupação que lhe gere renda. Dentro do universo das economias compartilhada e colaborativa, são várias as formas de se gerar valor a quem esteja com sua capacidade de serviço ou algum bem de maior valor ociosos


O último boletim do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a taxa de ocupação e desocupação no mercado de trabalho, referente ao trimestre fechado em fevereiro trouxe um dado preocupante. Após um período de sensível recuperação, ao longo de quase um ano, o desemprego no País volta superar a casa dos 13 milhões, chegando ao índice de 12,4% da da população economicamente ativa.

Mas grande parte desse enorme contingente de pessoas que está à procura de uma vaga de emprego formal, não está necessariamente, sem uma ocupação que lhe gere renda, afinal muita gente precisa manter a sua subsistência tendo ou não acesso a uma vaga dentro do mercado formal de trabalho. No universo das economias compartilhada e colaborativa, são várias as formas de se gerar valor a quem esteja com sua capacidade de serviço ou algum bem de maior valor ociosos. Aplicativos de transporte, como UBER; ou de delivery como Rappi, UBER East e outros; ou então de hospedagem, como AirBnb, são os exemplos típicos de alternativas de trabalho fora do chamado mercado formal, mas que são regulamentadas e que têm sido não só uma solução temporária, mas uma ocupação definitiva para geração de renda.

“As novas tecnologias de comunicação, em especial a internet, fomentaram esses negócios baseados nos princípios das economias compartilhada e colaborativa, unindo quem tem uma capacidade ociosa ou um bem que pode ser compartilhando (uma casa, um carro, moto ou até mesmo um bicicleta) a outras pessoas que quem tem uma demanda específica a ser atendida. Ou seja, você com sua força trabalho ou bem  pode ser um prestador de serviço para várias pessoas e empresas, e não só para um único empregador”, explica Rafael Barbosa especialista em inovação, em empreendedorismo e em economia compartilhada.


Permutas

Para Rafael, bens ou mesmo uma mão de obra que estejam ociosos podem sempre agregar valor de alguma forma, mesmo que não seja financeiro. Para o especialista, a própria capacidade de serviço de uma pessoa é uma valiosa moeda que pode ser negociada por outros serviços ou produtos.

Nessa perspectiva, as plataformas de permutas são outro canal que liga quem tem uma determinada demanda a quem pode atendê-la, e essa negociação é feita sem dinheiro. É o caso da XporY.com, fundado por Rafael Barbosa. Com mais de 6.500 associados, entre empresas de diversas áreas e profissionais autônomos, a plataforma de permutas multilaterais oferece uma infinidade de serviços que são negociados em X$,moeda digital usada para a aquisição de qualquer produto ou serviço oferecido pela XporY.com, de ingressos para shows a aulas de inglês, de assistência jurídica à serviço de manutenção residencial, de alimentos à viagens, enfim uma infinidade de itens, dos mais básicos aos mais supérfluos.

Neste cenário, segundo o Rafael Barbosa, fundador da XporY.com, as plataformas de permutas multilaterais surgem como excelentes alternativas para quem se encontra desempregado ou subempregado, precisando melhorar sua renda extra, sendo uma ponte para se reposicionar no mercado de trabalho e uma rede de apoio com milhares de usuários.

O pedreiro de acabamento e mestre de obras Dionato Castro, 40, é um exemplo de profissional que encontrou na plataforma de permutas uma alternativa de encontrar mais facilmente quem pudesse contratar seus serviços. Com quase 20 anos de experiência na construção civil, Dionato lembra que há dois anos, quando deixou a cidade Parauapebas (PA) e veio para Goiânia,  em busca de melhores condições de estudos para as enteadas, não foi fácil encontrar trabalho. “Quando eu cheguei aqui procurei emprego por dois meses e não consegui nada fixo; então decidi trabalhar por conta própria para ter minha renda. Também não foi fácil conseguir clientes, pois as pessoas da cidade não me conheciam e não também não conhecia ninguém”, relata.

Dionato diz que precisava apenas fazer o serviço para alguém que pudesse depois indicá-lo a outra pessoa. Diante desse dilema, se propôs a fazer uma obra sem remuneração alguma, de graça, para que assim conseguisse alguma referência sobre seu trabalho. “Fiz o reboco das paredes de um sobrado na região do Jardim América em Goiânia como prestador de serviço para uma pequena empresa de execução de obras. Porém, ao final do serviço que fiz com qualidade não somente recebi a remuneração normalmente, mas ainda realizei vários outros trabalhos para a mesma empresa por um período de seis meses”, revelou. O profissional lembra que o responsável pela contratação chegou a propor a efetivação de Dionato, mas ele já tinha se decidido a trabalhar autônomo.

Já com muitas boas referências e indicações de trabalho, o pedreiro descobriu o XporY.com, que segundo ele, foi uma forma eficiente de conseguir novos clientes. “Em uns sete meses que estou na XporY.com consegui diversos serviços e ampliei minha rede de referências sobre o meu trabalho”, conta o mestre de obras que tem usado os X$ acumulados na plataforma para ter acesso a serviços que muito provavelmente não teria condições de pagar em dinheiro. Hoje ele investe no treinamento de coach para aprimorar sua atuação como autônomo.


Estratégias para fugir do desemprego

Raimundo Carvalho é marceneiro, hoje com 39 anos, já trabalhou em diversos ramos. O seu serviço mais recente foi em uma marcenaria em Goiânia onde atuou por quatro anos. Porém, há cerca de cinco meses o dono da empresa decidiu mudar o local da firma e Raimundo optou por não acompanhá-lo. Então o operário fez um acordo com o ex-padrão e recebeu do mesmo algumas máquinas, com as quais começou seu próprio negócio. Estrategicamente decidiu ficar no galpão em que trabalhava anteriormente como funcionário e tocar o negócio. “Tomei essa decisão para fugir do desemprego, o cenário está complicado, são muitas pessoas desempregadas, então criei oportunidade de negócio para manter minha renda”, conta.

Mas para alavancar sua renda, agora como prestador de serviço autônomo, usou a plataforma de permutas. “Precisava divulgar meu trabalho e as permutas me ajudaram neste momento. Foi um ponto de segurança para mim”, afirma. Hoje, cerca de 40% de sua renda vem por meio de permutas na plataforma XporY.com. Em crescimento, Raimundo já está expandindo o negócio com apoio de um sócio e pretende continuar a oferecer alguns itens na plataforma para se tornar cada vez mais conhecido e ter mais clientes.



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