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Até os dez anos, crianças devem ser conduzidas no banco traseiro,
com equipamentos de segurança adequados ao seu tamanho
Entre
2014 e 2015, houve uma redução nessas ocorrências, mas números ainda são
preocupantes
Os
acidentes que mais matam crianças no país são queda, afogamento, sufocação,
queimadura, envenenamento e trânsito. De todos, o trânsito é o maior ofensor.
De acordo com dados da ONG Criança Segura, entre 2014 e 2015, houve
uma diminuição desses casos e os óbitos passaram de 1.654 para 1.389 - o que representa
uma redução de 16%. No entanto, apesar desta redução, os sinistros em
ruas, estradas e rodovias ainda são o tipo de acidente que mais provoca mortes
acidentais de crianças até 14 anos no Brasil. As estatísticas, altas e
assustadoras, podem ser revertidas com mais consciência, respeito às leis de
trânsito e educação. É o que diz o especialista ouvido pela Perkons,
empresa que desenvolve e aplica tecnologia para a segurança no trânsito.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertou sobre os cinco principais fatores
que causam acidentes de trânsito: excesso de velocidade, associação de bebida
alcoólica e direção, a falta de uso de capacete, cinto de segurança e
equipamento de retenção de crianças. A opinião de Renato Campes Trini, gerente
técnico da Organização Nacional de Segurança Viária (ONSV), corrobora com isso.
Ele afirma que o transporte de crianças de forma negligente é a principal causa
dos acidentes com esse público. Apesar da resolução Nº 277 do Conselho Nacional de Trânsito (COTRAN),
conhecida como Lei da Cadeirinha, publicada em maio de 2008, os pais e
responsáveis muitas vezes não respeitam as condições mínimas de segurança para
o transporte de passageiros com idade inferior a dez anos. “Os pais
precisam tomar atitudes preventivas, usar os equipamentos de segurança e
contribuir para salvar vidas. Quando saímos nas ruas, é fácil flagrar crianças
soltas no carro e até com a cabeça para fora dos veículos”, diz Trini.
O Código de
Trânsito Brasileiro (CTB) determina no artigo 64 que até os dez anos de idade as crianças devem ser
conduzidas no banco traseiro, em dispositivos próprios para sua idade, peso e
tamanho. Bebês de até 9 kg precisam de uma cadeira do tipo
“bebê-conforto”, instalada de costas para o painel do carro. A partir de um
ano, as crianças devem utilizar, obrigatoriamente, a cadeirinha. E, quando
completam quatro anos, devem passar para o assento de elevação, exigido até os
sete anos de idade.
Para o
gerente técnico da ONSV, além de obedecer as leis de trânsito de maneira geral,
conscientizar e educar pelo exemplo cumpre um papel fundamental. “Precisamos
mostrar às crianças os riscos que o trânsito representa e os direitos e deveres
delas nesse contexto. Enquanto as escolas não contarem, na grade curricular,
com uma disciplina para a formação no trânsito, mesmo sem esse apoio os pais
devem cumprir essa função, dando o exemplo e mantendo uma postura firme”,
destaca Trini.
O
exemplo vem de casa
Na família
da professora universitária Mariana Sbaraini Cordeiro, mãe do Pedro, de 18
anos, e da Izadora, de 11 anos, o trânsito é encarado com seriedade e
responsabilidade. Ela ensina os filhos sobre o papel de cada um no trânsito
desde pequenos. Os dois sempre andaram na cadeirinha e usaram cinto de
segurança. “Nunca abrimos mão dos dispositivos de segurança; eles aprenderam
que são indispensáveis mesmo em trajetos curtos, por uma quadra”, conta a
professora.
Para ela, o
maior desafio na educação dos filhos quando o assunto é o trânsito, é a falta
de suporte do poder púbico. “As crianças aprendem que é preciso atravessar
somente na faixa. Mas, e quando a faixa não está pintada ou visível na rua? Além
da infraestrutura precária das vias públicas, faltam campanhas educativas com
apelo visual e linguagem lúdica, dirigida às crianças”, opina Mariana.
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