A gastronomia se reinventou nos últimos anos: slow food,
finger
food, gastronomia funcional, molecular, sustentável, uso de
tecnologia e insetos. De acordo com o professor da Graduação, Pós-Graduação e
Cursos Livres em Gastronomia da Universidade Positivo (UP), de Curitiba (PR),
Vavo Krieck, não é possível falar sobre tendências no mundo da gastronomia sem
falar na diferença entre tendência e moda. "De maneira geral, tendência
está mais relacionada com o comportamento das pessoas, é mais duradoura e tem
mais força, enquanto que moda tem menor duração e impacto", explica.
Um exemplo disso é o sistema de rodízio nas
churrascarias, que começou na década de 1960 e existe até hoje. “Por outro
lado, locais que vendiam frozen yogurt tiveram um boom
e praticamente desapareceram”, lembra. Segundo o professor, quando se fala em
tendência no mundo dos alimentos, também se fala em estilo de vida. “Se o
estilo de vida das pessoas muda, a tendência, consequentemente, vai mudar. É
muito difícil falar sobre tendências e prever o que vai acontecer, mas há
algumas que chegaram para ficar e estarão entre nós por um bom tempo”, garante.
1. Novos cortes de carne e processos de maturação: os novos
cortes estão se tornando as estrelas em diversos açougues, que estão se
adaptando e se modernizando para atender a nova demanda. "Os cortes prime
vêm ganhando espaço e processos de maturação, como o dry aging
(maturação a seco e baixa temperatura) , estão se popularizando e caindo no
gosto dos consumidores", explica o professor.
2. Comida de rua: o que o
consumidor quer? Comida de boa qualidade e preço baixo. E a comida de rua, seja
em feiras ou food trucks, é a resposta para essa demanda. "O que já
era bom está ficando cada vez melhor, sobretudo com a profissionalização das
pessoas envolvidas", afirma Krieck. Comida de rua já inspira restaurantes
do mundo inteiro a criar novos pratos.
3. Charcutaria feita em casa: a
fabricação de embutidos, cortes defumados, fiambres, salsichas, etc. já ganha
bastante espaço e, segundo Krieck, a tendência é que cresça cada vez
mais. "As pessoas estão resgatando receitas e métodos de preparos antigos
e trazendo-os para a atualidade. Podemos ver pessoas se aventurando e fazendo
seu próprio bacon e linguiças em casa".
4. Comidas étnicas: segundo
Krieck, o consumidor está cada vez mais curioso sobre temperos e sabores.
Restaurantes tailandeses, coreanos, libaneses e até nepaleses caíram no gosto
da população e se tornam cada vez mais populares. "Sem dúvida, essa é uma
tendência que vai durar muito tempo", garante o professor.
5. Produção caseira de alimentos: na
contramão do mundo moderno e corrido, surge um movimento contrário, no qual as
pessoas estão produzindo seus próprios alimentos, como pães e bolos, e levando
suas marmitas para o trabalho. "Parte por influência da crise, parte por
saber o que estão comendo, parte por se inspirarem em programas como
Masterchef, o que importa é que as pessoas estão indo para a cozinha, e o que
até pouco tempo era território desconhecido está se tornando cada vez mais
popular", comemora Krieck.
6. Sustentabilidade: é a
exploração dos recursos sem que o equilíbrio entre meio ambiente e humanos seja
quebrado. "A consciência de que nossos recursos não durarão para sempre e
de que temos que fazer a nossa parte está cada vez mais forte, e chefs estão
adaptando suas cozinhas e escolhendo seus fornecedores a dedo com a
sustentabilidade em mente", afirma o professor.
7. Produtores locais: outra
tendência não somente local, mas mundial, é a compra de produtos de pequenos
produtores, fomentando assim o comércio local e impulsionando a economia.
"Isso faz com que novos empregos sejam criados, reduz o impacto ambiental
e a pegada de carbono, o serviço prestado é melhor, e o mais importante: você
compra o que quiser, e não o que querem que você compre", ressalta Krieck.
Para ele, tanto consumidores, quanto profissionais de cozinha têm de estar
atentos às tendências, já que elas os impactam diretamente, seja na cozinha ou
na mesa. “Como cozinheiro, tanto a escolha de insumos e elaboração de pratos e
cardápios, quanto o que há de novo na minha mesa vai encontro ao estilo de vida
que levo”, finaliza .
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