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quarta-feira, 25 de abril de 2018

Apneia do Sono atinge quase 40% da população obesa


 Levantamento feito pelo Grupo de Cirurgia Bariátrico de Valinhos mostra que a doença é a segunda comorbidade mais frequente


A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono atinge quase 40% dos pacientes obesos que buscam por uma cirurgia bariátrica. Levantamento realizado com 192 pacientes do Grupo de Cirurgia Bariátrica de Valinhos aponta que 37,7% apresentavam a doença, que apareceu como a segunda principal comorbidade. A apneia ficou atrás apenas da hipertensão arterial, que atinge 43,98% dos pacientes. A síndrome metabólica aparece em 3º lugar, com 35,08%, seguida de diabetes, com 17,80%, e asma, com 11,52%. 

De acordo com a fisioterapeuta Fabiana Della Via, que compõe a equipe do Grupo de Cirurgia Bariátrica de Valinhos e é autora do levantamento, a obesidade é um fator de risco comprovado para a síndrome da apneia obstrutiva do sono e sua prevalência tem aumentado bastante nas últimas décadas, em paralelo à recente epidemia mundial de obesidade. “A amostragem que fizemos segue a literatura mundial, que aponta que cerca de 40% da população obesa tem apneia obstrutiva do sono”, comenta.

Segundo Fabiana, a Síndrome da Apneia Obstrutiva do sono é definida como o colabamento repetitivo da faringe. Durante o sono, ocorre o fechamento completo da faringe com interrupção do fluxo aéreo, ou seja, a pessoa não respira. “Durante as paradas respiratórias, não há fluxo aéreo, ocorrendo queda na oxigenação e aumento na concentração de gás carbônico. Essas alterações promovem ativação do Sistema Nervoso Simpático, o que causa descarga de adrenalina e favorece o aumento da pressão arterial, além de inúmeros despertares durante o sono. Essas alterações favorecem o desenvolvimento de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral”, explica.

O sexo masculino é um dos fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Isso ocorre por conta do maior depósito de gordura na porção abdominal e também pela composição hormonal: a testosterona colabora para a redução do tônus da musculatura da faringe, favorecendo o colapso.

“Geralmente os portadores de apneia relatam sonolência excessiva durante o dia, fadiga, cefaleia matutina, alteração do humor, dificuldade de concentração e alteração da memória, além de hipertensão arterial de difícil controle”, diz a fisioterapeuta. “Os companheiros ou familiares relatam roncos altos excessivos, seguidos por períodos de paradas da respiração e episódios de sufocação”, completa.

O diagnóstico é realizado pela história do paciente, exame clínico e polissonografia, um exame que avalia o número de episódios de apneia durante o sono, e, de acordo com os resultados, é determinado o grau de severidade entre leve, moderada e grave. 

Nos casos de apneia moderada e grave, é indicado o tratamento com o uso do CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas), um aparelho que gera pressão positiva na via aérea para desobstruir a faringe e permitir que a pessoa respire adequadamente.

De acordo com o cirurgião bariátrico Admar Concon Filho, a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono costuma ter uma melhora significativa após a cirurgia bariátrica, com a perda de peso. “Esta é uma doença séria, que compromete muito a qualidade de vida do paciente. Está entre as principais comorbidades e é levada em conta na hora da indicação de uma cirurgia bariátrica. Vivemos uma epidemia da obesidade, que atinge 18,9% da população brasileira com mais de 18 anos. E este excesso de peso causa muitas outras doenças, que reduzem significativamente a expectativa de vida dos obesos”, destaca.


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