Levantamento
feito pelo Grupo de Cirurgia Bariátrico de Valinhos mostra que a doença é a
segunda comorbidade mais frequente
A
Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono atinge quase 40% dos pacientes obesos que
buscam por uma cirurgia bariátrica. Levantamento realizado com 192 pacientes do
Grupo de Cirurgia Bariátrica de Valinhos aponta que 37,7% apresentavam a
doença, que apareceu como a segunda principal comorbidade. A apneia ficou atrás
apenas da hipertensão arterial, que atinge 43,98% dos pacientes. A síndrome
metabólica aparece em 3º lugar, com 35,08%, seguida de diabetes, com 17,80%, e
asma, com 11,52%.
De
acordo com a fisioterapeuta Fabiana Della Via, que compõe a equipe do Grupo de
Cirurgia Bariátrica de Valinhos e é autora do levantamento, a obesidade é um
fator de risco comprovado para a síndrome da apneia obstrutiva do sono e sua
prevalência tem aumentado bastante nas últimas décadas, em paralelo à recente
epidemia mundial de obesidade. “A amostragem que fizemos segue a literatura
mundial, que aponta que cerca de 40% da população obesa tem apneia obstrutiva
do sono”, comenta.
Segundo Fabiana, a Síndrome da Apneia
Obstrutiva do sono é definida como o colabamento repetitivo da faringe. Durante
o sono, ocorre o fechamento completo da faringe com interrupção do fluxo aéreo,
ou seja, a pessoa não respira. “Durante as paradas respiratórias, não há fluxo
aéreo, ocorrendo queda na oxigenação e aumento na concentração de gás
carbônico. Essas alterações promovem ativação do Sistema Nervoso Simpático, o
que causa descarga de adrenalina e favorece o aumento da pressão arterial, além
de inúmeros despertares durante o sono. Essas alterações favorecem o
desenvolvimento de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral”,
explica.
O sexo masculino é um dos fatores de
risco para o desenvolvimento da doença. Isso ocorre por conta do maior depósito
de gordura na porção abdominal e também pela composição hormonal: a testosterona
colabora para a redução do tônus da musculatura da faringe, favorecendo o
colapso.
“Geralmente os portadores de apneia
relatam sonolência excessiva durante o dia, fadiga, cefaleia matutina,
alteração do humor, dificuldade de concentração e alteração da memória, além de
hipertensão arterial de difícil controle”, diz a fisioterapeuta. “Os
companheiros ou familiares relatam roncos altos excessivos, seguidos por
períodos de paradas da respiração e episódios de sufocação”, completa.
O diagnóstico é realizado pela
história do paciente, exame clínico e polissonografia, um exame que avalia o
número de episódios de apneia durante o sono, e, de acordo com os resultados, é
determinado o grau de severidade entre leve, moderada e grave.
Nos casos de apneia moderada e grave,
é indicado o tratamento com o uso do CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias
Aéreas), um aparelho que gera pressão positiva na via aérea para desobstruir a
faringe e permitir que a pessoa respire adequadamente.
De acordo com o cirurgião bariátrico
Admar Concon Filho, a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono costuma ter uma
melhora significativa após a cirurgia bariátrica, com a perda de peso. “Esta é
uma doença séria, que compromete muito a qualidade de vida do paciente. Está
entre as principais comorbidades e é levada em conta na hora da indicação de
uma cirurgia bariátrica. Vivemos uma epidemia da obesidade, que atinge 18,9% da
população brasileira com mais de 18 anos. E este excesso de peso causa muitas
outras doenças, que reduzem significativamente a expectativa de vida dos
obesos”, destaca.
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