A
Sociedade Rural Brasileira (SRB), entidade representativa dos produtores rurais
desde 1919, reconhece que o momento atual do País é de extrema fragilidade,
marcado pela falta de confiança em nossas instituições republicanas. As
incertezas decorrem, sobretudo, dos escândalos de corrupção e da incapacidade
de parte dos representantes eleitos de exercer suas funções em respeito à
Constituição Federal e aos anseios da sociedade brasileira.
A
conjuntura atual de descrença, lamentavelmente, alcançou também o Supremo
Tribunal Federal (STF), o guardião da Carta Magna e a instituição de legítima
supremacia judicial do Brasil. As recentes incoerências em decisões tomadas por
Ministros do STF geraram perplexidade nacional e questionamentos em relação à
legalidade de tais decisões. A SRB refere-se a pelo menos duas questões de
importância histórica: julgamentos da Corte que contrariam entendimento sobre
prisão em segunda instância e a votação do FUNRURAL, cobrança da contribuição
social do empregador rural pessoa física. Essa perplexidade mobilizou setores
relevantes do País, como o agronegócio, que convocou produtores rurais de todas
as regiões para uma grande manifestação, nos dias 03 e 04 de abril, em
Brasília, denominada “Abril Verde e Amarelo”.
A
mobilização surgiu a partir da incredulidade dos produtores rurais e, portanto,
como resposta à incoerência do STF no julgamento do FUNRURAL, realizado em
abril de 2017. Na ocasião, a Corte considerou constitucional a cobrança da
arrecadação previdenciária, mudando seu entendimento anterior, que vigorou por sete
anos. A decisão proferida em 2010, unânime pela inconstitucionalidade da
cobrança, abriu precedentes e induziu produtores rurais, assim como juízes de
primeira e segunda instâncias em todo o País, a seguir este preceito.
A
recente decisão do STF não apenas criou um imbróglio, como despejou um enorme
passivo, indevido, sobre milhares de produtores rurais. Para contornar essa
situação e eliminar a dívida, a SRB atua no STF como amicus curiae, desde
2015, pleiteando a modulação dos efeitos da decisão sobre o FUNRURAL, ou seja,
que a cobrança do tributo não tenha efeito retroativo e passe a valer apenas a
partir do julgamento. Esta estratégia depende de julgamento do Supremo e,
certamente, será uma das reivindicações da SRB, em Brasília.
Nesse
contexto, a Sociedade Rural Brasileira entende como justa e legítima a
manifestação e clama à mais alta instância do poder judiciário brasileiro
coerência e justiça no julgamento, compreendendo as reivindicações do setor
contra a cobrança indevida, criada, na verdade, por força de mudança de
entendimento do próprio Supremo.
Como
forma de reivindicar uma solução para a confusão originada pelo STF e,
portanto, a extinção dos saldos credores, associados, conselheiros e diretores
executivos da SRB – liderados por Marcelo Vieira, Pedro de Camargo Neto,
Francisco de Godoy Bueno, João Adrien, Joaquim Leite e Marcelo Lemos –
confirmam presença nas manifestações. Defendemos o Brasil livre da conjuntura
de insegurança, sem decisões arbitrárias do STF, completamente divergentes de
julgamentos anteriores. Isso é prelúdio para uma crise institucional.
Desse
modo, convidamos os produtores rurais de todas as regiões do Brasil a se unir
aos associados, diretores e conselheiros da SRB em prol da mesma causa e para
fortalecer as manifestações. O sucesso na nossa capacidade de mobilizar o País
depende da união de todos nós, entidades e produtores rurais.
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