Os que empurraram as
esquerdas para suas vitórias e o Brasil para o fracasso retomam as antigas
práticas. Astutamente, tendo suas opiniões perdido credibilidade nas questões
internas, usam e abusam da cena internacional para continuar ministrando
"lições" à opinião pública.
Recordemos. Durante décadas, formadores
de opinião, "trabalhadores em educação" e seguidores da Teologia da Libertação
arrastaram o corpo social brasileiro para a valeta esquerdista. Era uma força
irresistível a alavancar o PT para a condição de grande partido nacional, levar
Lula à presidência da República e arrastar o Brasil para o caos. Nos
microfones, as falanges midiáticas não poupavam sequer o público dos programas
futebolísticos. Nas salas de aula, tornos e marretas ideológicas faziam cabeças
em linha de produção. A CNBB e o clero dito progressista esmeravam-se em
documentos e campanhas cujo cunho religioso se consumia em brevíssimas
referências à Santíssima Virgem; tudo mais era perdição eufemística da mensagem
cristã a serviço de determinada política. Certa feita, anos 90, designado pelo
admirável arcebispo de Porto Alegre, D. Cláudio Colling, participei dos eventos
que compunham o projeto da CNBB chamado "O Brasil que queremos". Nos
bastidores de todos os eventos e mesas de trabalho, os assuntos mais abordados
pelas pastorais presentes eram eleição vindoura e Lula-lá... A tudo testemunhei
porque, como peixe fora d'água, lá estava.
Assim, ao longo de muitos anos, o povo
brasileiro foi orientado pelos corregedores da opinião pública a pensar com
critérios esquerdistas, estatistas, coletivistas. Toda a análise sociológica,
histórica, política e econômica era promovida com lentes marxistas. Quando, nos
anos 90, o Leste Europeu sacudia do próprio lombo sete décadas de opressão,
ferrugem e lixo comunista, o Brasil da teologia da libertação, dos
progressistas, dos movimentos sociais mantidos pelos inesgotáveis fundos
petistas estava ávido de importar tudo para cá.
O que aconteceu após 13 anos do sucesso
eleitoral de 2002 foi o inevitável fracasso operacional e moral de 2014, quando
já não podia mais ser ocultado. E tudo fica bem resumido nestas estrofes
narrativas e proféticas de Miguezin de Princesa em "Nunca recebi
propina":
Prometeu melhores dias
Para um bocado de gente,
Vivia quase montado
No pescoço do vivente,
Mas, na hora de comer,
Só comeu quem foi parente.
Agora no xilindró,
Com saudade do faisão,
Come pão com margarina
E almoça rubacão
E diz: - Esse povo ingrato
Inda beija meu retrato
Nessa próxima eleição!
O poder petista, como tal, acabou. Junto
com sua parceria, virou caso de polícia. A conexão publicitária entre esquerda
e progresso, a ninguém mais convence. Com os foguetes queimados para levar o PT
ao poder, torrou-se o prestígio de seus apoiadores. Por isso, leitor, você não
ouve mais qualquer discurso esquerdista.
Que fazem, então, as falanges
midiáticas, acadêmicas e pastorais? Reconhecidas as próprias limitações,
dedicam-se a: 1) combater quem esteja à sua direita no arco ideológico, jogando
rótulos entre os quais os de "ultradireita" e "fascista"
são os mais recorrentes; 2) atacar propostas que busquem desfazer os estragos
promovidos por um quarto de século de governos de esquerda; 3) investir contra
conservadores e liberais como sendo os vilões a serem evitados.
Observe, então e por fim, o quanto se
valem para isso do cenário internacional. Ali está o campo de prova onde
reiteram suas convicções e "ensinamentos", sem que o passado os
condene. Não, as falanges não se penitenciam nem redimem. Apenas mudam de
estratégia. Agora, pretendem nos ensinar a compreender o mundo com seus olhos.
Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
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