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segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Casos de sífilis aumentam no Brasil por falta de prevenção, alerta Seconci-SP




De acordo o Ministério da Saúde, número de pessoas infectadas registrou crescimento de 32,7% entre 2014 e 2015

Dados do último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde revelam que os casos de sífilis adquirida (em adultos) aumentaram 32,7% no Brasil no período de 2014 a 2015, chegando a 65.878 casos no ano passado. “A sífilis é uma doença silenciosa, causada pela bactéria Treponema pallidum, cujos sintomas podem desaparecer sem que o portador os tenha notado. A atual epidemia tem como principal causa a falta de uso de preservativos nas relações sexuais”, afirma a dra. Ina Irene Liblik Quintaes, gerente da Medicina Ocupacional do Seconci-SP (Serviço Social da Construção).

De acordo com a especialista, o aumento de casos de sífilis é considerado expressivo em todas as faixas etárias. Os dados estatísticos comprovam. Entre 2005 e 2014, mais de 100 mil grávidas brasileiras foram contaminadas com a bactéria causadora da doença. Segundo informações do Ministério da Saúde, houve um aumento de 1,8 mil casos em 2005 para 21 mil casos em 2014. Além das mães, o número de crianças infectadas também subiu nos últimos anos.

A especialista explica que a sífilis, também chamada de cancro duro, é transmitida por meio das relações sexuais desprotegidas, das transfusões de sangue e da mãe para o filho em qualquer fase da gestação ou no momento do parto (sífilis congênita). “A principal forma de transmissão é pelo contato sexual e, por isso, o uso da camisinha é a melhor forma de prevenção. Nos últimos anos, pesquisas revelam que o uso de preservativos diminuíram no Brasil, principalmente entre a população jovem. A partir dos anos 2000, novos tratamentos para a AIDS começaram a surgir e a população passou a se preocupar menos com o uso de preservativos, principalmente os adolescentes”, diz.

Além da mudança comportamental da população, outro fator contribui para a atual epidemia de sífilis, afirma o dr. João Miziara, superintendente Ambulatorial do Seconci-SP.  “Falta diálogo efetivo com a população para reforçar a importância da prevenção”, relata.


A doença

A sífilis se manifesta em três estágios diferentes e apresenta várias manifestações: primária, secundária e terciária. Nos dois primeiros, os sintomas são mais evidentes e o risco de transmissão é maior. Depois, há um período praticamente assintomático, em que a bactéria fica latente no organismo, mas a doença retorna com agressividade acompanhada de complicações graves, causando cegueira, paralisia, doença cardíaca, transtornos mentais e até a morte:

- Sífilis primária: pequenas feridas nos órgãos genitais (cancro duro) que desaparecem espontaneamente e não deixam cicatrizes; gânglios aumentados e ínguas na região das virilhas;

-  Sífilis secundária: manchas vermelhas na pele, na mucosa da boca, nas palmas das mãos e plantas dos pés; febre; dor de cabeça; mal-estar; inapetência; linfonodos espalhados pelo corpo, manifestações que também podem regredir sem tratamento, embora a doença continue ativa no organismo;

-  Sífilis terciária: comprometimento do sistema nervoso central (demência), do sistema cardiovascular com inflamação da aorta, lesões na pele e até nos ossos. Pode surgir de dez a vinte anos depois do início da infecção.

- Sífilis congênita: pode causar má formação do feto, aborto espontâneo e morte fetal.


Tratamento

A sífilis tem cura, se tratada corretamente com antibióticos apropriados, a base de penicilina.  O Seconci-SP realiza em suas unidades os testes treponêmicos, exames de hemoaglutinação para o diagnóstico da doença. Os testes também são realizados nos centros de referências e SUS.

A evidência científica disponível considera que a penicilina benzatina, um antibiótico por via injetável, é a opção mais segura e eficaz para a gestante com a doença, visando à prevenção da sífilis congênita. “O parceiro da mulher infectada também deve ser tratado, para evitar a reinfecção”, recomenda a dra. Ina.


Orientações e Educação à Saúde

“O Seconci-SP promove palestras sobre as DSTS em canteiros de obra e nas empresas, realizadas pela equipe interdisciplinar dos profissionais de saúde, médicos e assistentes sociais da entidade. Além disso, são realizadas nas Salas de Espera da entidade orientações mensais sobre vários temas referentes à saúde e direitos dos usuários, dentre eles, as questões referentes às DSTS/Sífilis, com o intuito de prevenir e promover saúde aos trabalhadores da construção civil e seus familiares”, afirma Renata Dias, assistente social do Seconci-SP.




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