De acordo o Ministério da Saúde, número de pessoas infectadas
registrou crescimento de 32,7% entre 2014 e 2015
Dados do último
boletim epidemiológico do Ministério da Saúde revelam que os casos de sífilis
adquirida (em adultos) aumentaram 32,7% no Brasil no período de 2014 a 2015,
chegando a 65.878 casos no ano passado. “A sífilis é uma doença silenciosa,
causada pela bactéria Treponema pallidum, cujos sintomas podem desaparecer sem
que o portador os tenha notado. A atual epidemia tem como principal causa a
falta de uso de preservativos nas relações sexuais”, afirma a dra. Ina Irene Liblik
Quintaes, gerente da Medicina Ocupacional do Seconci-SP
(Serviço Social da Construção).
De acordo com a especialista, o aumento de casos de sífilis é
considerado expressivo em todas as faixas etárias. Os dados estatísticos
comprovam. Entre 2005 e 2014, mais de 100 mil grávidas brasileiras foram
contaminadas com a bactéria causadora da doença. Segundo informações do
Ministério da Saúde, houve um aumento de 1,8 mil casos em 2005 para 21 mil
casos em 2014. Além das mães, o número de crianças infectadas também subiu nos
últimos anos.
A especialista explica que a sífilis, também chamada de cancro
duro, é transmitida por meio das relações sexuais desprotegidas, das
transfusões de sangue e da mãe para o filho em qualquer fase da gestação ou no
momento do parto (sífilis congênita). “A principal forma de transmissão é pelo
contato sexual e, por isso, o uso da camisinha é a melhor forma de prevenção.
Nos últimos anos, pesquisas revelam que o uso de preservativos diminuíram no
Brasil, principalmente entre a população jovem. A partir dos anos 2000, novos
tratamentos para a AIDS começaram a surgir e a população passou a se preocupar
menos com o uso de preservativos, principalmente os adolescentes”, diz.
Além da mudança
comportamental da população, outro fator contribui para a atual epidemia de
sífilis, afirma o dr. João Miziara, superintendente Ambulatorial do
Seconci-SP. “Falta diálogo efetivo com a população para reforçar a
importância da prevenção”, relata.
A doença
A sífilis se
manifesta em três estágios diferentes e apresenta várias manifestações:
primária, secundária e terciária. Nos dois primeiros, os sintomas são mais
evidentes e o risco de transmissão é maior. Depois, há um período praticamente
assintomático, em que a bactéria fica latente no organismo, mas a doença
retorna com agressividade acompanhada de complicações graves, causando
cegueira, paralisia, doença cardíaca, transtornos mentais e até a morte:
- Sífilis primária: pequenas feridas nos órgãos genitais (cancro
duro) que desaparecem espontaneamente e não deixam cicatrizes; gânglios
aumentados e ínguas na região das virilhas;
- Sífilis secundária: manchas vermelhas na pele, na mucosa da boca,
nas palmas das mãos e plantas dos pés; febre; dor de cabeça; mal-estar;
inapetência; linfonodos espalhados pelo corpo, manifestações que também podem
regredir sem tratamento, embora a doença continue ativa no organismo;
- Sífilis terciária: comprometimento do sistema nervoso central
(demência), do sistema cardiovascular com inflamação da aorta, lesões na pele e
até nos ossos. Pode surgir de dez a vinte anos depois do início da infecção.
- Sífilis congênita: pode causar má formação do feto, aborto
espontâneo e morte fetal.
Tratamento
A sífilis tem
cura, se tratada corretamente com antibióticos apropriados, a base de
penicilina. O Seconci-SP realiza em suas unidades os testes treponêmicos,
exames de hemoaglutinação para o diagnóstico da doença. Os testes também são
realizados nos centros de referências e SUS.
A evidência
científica disponível considera que a penicilina benzatina, um antibiótico por
via injetável, é a opção mais segura e eficaz para a gestante com a doença,
visando à prevenção da sífilis congênita. “O parceiro da mulher infectada
também deve ser tratado, para evitar a reinfecção”, recomenda a dra. Ina.
Orientações e
Educação à Saúde
“O Seconci-SP
promove palestras sobre as DSTS em canteiros de obra e nas empresas, realizadas
pela equipe interdisciplinar dos profissionais de saúde, médicos e assistentes
sociais da entidade. Além disso, são realizadas nas Salas de Espera da entidade
orientações mensais sobre vários temas referentes à saúde e direitos dos
usuários, dentre eles, as questões referentes às DSTS/Sífilis, com o intuito de
prevenir e promover saúde aos trabalhadores da construção civil e seus
familiares”, afirma Renata Dias, assistente social do Seconci-SP.
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