Campanhas de mobilização para
localização de doadores de medula óssea são frequentes. Quando celebridades,
políticos e pessoas influentes se sensibilizam com um caso e passam a pedir
doações na mídia e em redes sociais, um grande número de pessoas lotam os
hemocentros para serem voluntários. Mas o ideal seria que as pessoas se
cadastrassem para qualquer paciente, não apenas a partir de uma campanha
personalizada.
Para
Luis Bouzas, diretor geral do Registro Brasileiro de Doadores de
Medula Óssea (REDOME), deve haver uma conscientização por parte da sociedade
que muitas pessoas precisam de medula de óssea e que só o fato de se
cadastrarem nos hemocentros não significa que a doação foi efetivada. “Uma vez
cadastrada, essa pessoa tem que manter o cadastro atualizado, pois no momento
que um paciente for compatível, o hemocentro poderá contatá-lo e, a partir
desse momento, começa a doação efetiva”, explica o médico.
Além
disso, é preciso diversificar a genética nos registros. Doações para pacientes
raros devem ser feitas de forma organizada e criteriosa. Se o paciente é
descendente de orientais, a captação deve ser feita em locais onde residem
pessoas com ascendência oriental. Se o paciente é descendente de alemães o
ideal é que se faça no sul do país ou diretamente no Registro
Alemão e assim por diante. O REDOME já é o terceiro maior Registro do
mundo com 3 600 000 doadores e cadastra anualmente cerca de 400 000 novos
doadores com recursos para custeio dos testes genéticos totalmente público
(SUS).
Desta
forma, se consegue mais efetividade nos resultados e uso racional dos recursos
públicos beneficiando “todos os pacientes de uma forma geral”. Os doadores de
campanha massificada, prosseguiu, vão aos bancos de sangue uma vez só e não são
fidelizados. A fidelização é um dos objetivos do REDOME, cujo cadastro já
atende 90% dos pacientes que buscam um doador na fase preliminar.
Esta
opinião é compartilhada pelo presidente da Associação Brasileira de
Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), Dimas Covas. Ele apoia os
alertas dados pelo diretor do REDOME e destaca a importância da mobilização dos
doadores de forma organizada em busca da maior efetividade dos resultados em
benefício dos pacientes.
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