Prevenção e diagnóstico precoce são decisivos para enfrentar
a doença
Comemorado
em todo o mundo em 28 de maio, o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher
marca a busca pela conscientização a respeito das doenças que afetam essa
parcela da população. Aproveitando a data, a Sociedade Brasileira de Patologia
(SBP) traz esclarecimentos sobre o câncer do colo do útero, um dos cinco mais
comuns no Brasil.
De
acordo com o último levantamento do Instituto Nacional de Câncer (Inca), foram
estimados 15.590 novos casos da doença em 2014, com um risco estimado de 15,33
casos para cada 100 mil mulheres. Estimativas globais, por sua vez, colocam
esse tipo de câncer como o quarto mais comum entre as mulheres em todo o mundo.
Segundo
a médica patologista Luciana Salomé, diretora da SBP, é preciso que o Governo e
a sociedade tenham consciência da importância dessa doença no Brasil. “Estamos
falando de uma doença muito comum, mas de evolução lenta, com um período de
progressão de cerca de 20 anos. Nesse cenário, temos todas as ferramentas
necessárias para um potencial de cura elevado em nosso país: métodos eficientes
de diagnóstico precoce e estratégias de prevenção”, afirma a médica.
Rastreamento
Popularmente
conhecido como Papanicolaou, o exame de rastreamento do câncer do colo uterino
é fácil de ser executado. Como conta a especialista, trata-se de uma
“ferramenta de extremamente importância na prevenção e de fácil coleta, já que
não requer recursos técnicos sofisticados para sua realização”. Ainda segundo
Luciana “as lesões intraepiteliais que podem levar ao desenvolvimento do câncer
são predominantes nas mulheres em fase reprodutiva, com fatores de risco
característicos de uma doença sexualmente transmissível”.
O Ministério da
Saúde recomenda que o exame de Papanicolaou seja oferecido às mulheres na faixa
etária de 25 a 64 anos e que já tiveram atividade sexual. A rotina recomendada
para o rastreamento no Brasil é a repetição do exame Papanicolaou a cada três
anos, após dois exames anuais normais consecutivos. Caso o resultado apresente
alterações, pode ser necessária a repetição em menor tempo ou então a
realização de outros testes para a confirmação diagnóstica.
Importância da vacinação
A partir dos anos 1980, várias pesquisas demonstraram que os dois tipos de câncer mais comuns no colo do útero (carcinoma escamoso invasor e adenocarcinoma cervical) são causados, em grande parte dos casos, por tipos específicos de HPV (human papillomavirus). Esse micro-organismo é sexualmente transmissível e infecta tanto homens quanto mulheres. Entretanto, só apresenta efeitos realmente nocivos no corpo feminino, atuando no trato anogenital.
A partir dos anos 1980, várias pesquisas demonstraram que os dois tipos de câncer mais comuns no colo do útero (carcinoma escamoso invasor e adenocarcinoma cervical) são causados, em grande parte dos casos, por tipos específicos de HPV (human papillomavirus). Esse micro-organismo é sexualmente transmissível e infecta tanto homens quanto mulheres. Entretanto, só apresenta efeitos realmente nocivos no corpo feminino, atuando no trato anogenital.
Assim,
a instituição de programas de vacinação populacional contra o HPV é um
instrumento essencial para o combate desse tipo de câncer. “As duas vacinas
disponíveis no mercado têm ação profilática, sendo indicada sua administração
em meninas pré-adolescentes, entre nove e 12 anos, antes que iniciem sua
atividade sexual”, conta a médica da Sociedade Brasileira de Patologia.
A
expectativa é de que programas desse tipo possam reduzir a mortalidade causada
pelo câncer do colo do útero após cerca de uma década, por isso a importância
de uma rotina de exames de rastreamento. “É vital que a população continue
fazendo o exame de Papanicolaou mesmo com a vacinação. Essa é a única forma de
realizar um diagnóstico precoce, quando a doença ainda está começando. Só assim
conseguiremos reduzir efetivamente a mortalidade por esse tipo de câncer”,
ressalta.
Nas mãos de um especialista
Luciana ainda destaca que a qualidade do diagnóstico depende diretamente da formação e experiência do examinador, sendo fundamental que o profissional tenha um bom treinamento técnico e atue com rigoroso controle de qualidade. “Desde novembro de 2014, uma decisão judicial entendeu que o laudo citopatológico positivo (aquele em que há alterações ou atipias celulares) é um diagnóstico médico e, como tal, deve ser realizado por um patologista”, esclarece a médica.
Luciana ainda destaca que a qualidade do diagnóstico depende diretamente da formação e experiência do examinador, sendo fundamental que o profissional tenha um bom treinamento técnico e atue com rigoroso controle de qualidade. “Desde novembro de 2014, uma decisão judicial entendeu que o laudo citopatológico positivo (aquele em que há alterações ou atipias celulares) é um diagnóstico médico e, como tal, deve ser realizado por um patologista”, esclarece a médica.
Segundo
a diretora da SBP, o patologista não é conhecido por grande parte da população,
mas é uma peça-chave para o diagnóstico eficiente dessa e outras doenças: “As
pessoas costumam pensar que esse tipo de laudo sai impresso e pronto de uma
máquina, o que não é verdade. É um processo que envolve a atuação de um
profissional altamente qualificado, que consulta as amostras coletadas minuciosamente
para emitir o laudo que guiará todo o tratamento ao qual o paciente será
submetido”.
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