Percepção negativa é um dos
principais resultados do Capital Confidence Barometer, estudo da Ernst &
Young (EY), que ouviu 1.600 executivos de alto nível de 54 países
A desconfiança com relação à economia brasileira
quase triplicou no último ano. É o que aponta o “12º Capital Confidence
Barometer”, estudo realizado pela Ernst & Young (EY). A pesquisa ouviu
1.600 executivos entre CEOs, CFOs e COOs de 54 países, sendo 86 brasileiros,
entre fevereiro e março deste ano. De acordo com o levantamento, 46% dos
entrevistados acreditam que as perspectivas são de declínio na economia no
País. Esse percentual era de 19%, em abril do ano passado, e de 40%, em
outubro.
“O atual momento da economia brasileira e as
incertezas dos ajustes macroeconômicos promovidos pelo governo federal são os
principais responsáveis pela piora na percepção dos entrevistados. Como
resultado dessa visão negativa com relação ao cenário nacional, o Brasil deixou
de ser um dos cinco destinos prioritários em fluxo de investimento global” diz
Gustavo Vilela, sócio de Transações da Ernst & Young (EY).
Apesar do cenário adverso, as empresas devem focar
em crescimento nos próximos 12 meses. É o que afirmam 55% dos entrevistados, um
crescimento de 35 pontos percentuais em comparação com o resultado registrado
em abril do ano passado. Corte de custos e ganho de eficiência deve ser a
prioridade para 35% das companhias, contra 45% do último levantamento. “Manter
a estabilidade” e “Sobreviver” fecham a lista com 5% cada. Em abril do ano
passado, os índices eram de 30% e 5% respectivamente.
Embora o foco da maioria das companhias seja o
crescimento, a redução de custos se tornou um tema central da agenda das
diretorias. Além disso, uma porcentagem considerável de executivos (28%) considera
as Fusões & Aquisições (M&A, na sigla em inglês) como parte importante
da estratégia de expansão do negócio.
As operações decorrentes do movimento de
desinvestimento que deve acontecer em alguns setores ao longo de 2015 é uma das
principais razões para esse bom momento da área de M&A. De acordo com
Vilela, a redução do valuation gap também deve contribuir de forma
significativa para esse cenário. “Essa diminuição é resultado, principalmente,
da piora da conjuntura econômica combinada com aumento de taxa de câmbio que
reduz o valor dos ativos em dólar.”
Prova disso é que o apetite das empresas
brasileiras por aquisições se manteve estável nos últimos seis meses.
Quase metade dos entrevistados (44%) afirmou que deve manter a atual política
na área de Fusões & Aquisições. A única mudança se daria no número de
operações no pipeline nos próximos 12 meses, o qual, segundo 66% dos
executivos, deve ser revisado para baixo.
Com objetivo de garantir seu crescimento, as
empresas devem investir, principalmente, em Pesquisa & Desenvolvimento e no
uso inovador da tecnologia. A expansão para novos mercados e geografias ganhou
importância para os empresários brasileiros ao longo do último ano. A mudança é
decorrente, provavelmente, da desaceleração da economia nacional e do
crescimento apresentados por outros países da América Latina.
No entanto, a percepção negativa com relação ao
cenário econômico brasileiro já começa a impactar as estratégias de negócio e
gerar desaceleração de alguns aspectos, como a geração de novos postos de
trabalho. O estudo indica que o número de executivos que espera criar vagas de
empregos caiu significativamente, passando de 38%, em outubro de 2014, para
15%, em abril deste ano. No entanto, isso não deve significar aumento no número
de demissões, isso porque, 72% dos entrevistados espera manter os atuais
quadros de colaboradores e apenas 13% acredita que fará cortes. Em outubro do
ano passado esses percentuais eram de 39% e 23% respectivamente.
Sobre o Capital Confidence Barometer
O “Capital Confidence Barometer” é uma pesquisa
aplicada a 1.600 executivos de grandes companhias em todo o mundo e em diversos
setores da economia. O objetivo é medir a confiança corporativa no cenário
econômico para entender as prioridades empresariais para os próximos 12 meses,
além de identificar as práticas em ascensão nas companhias que estão criando
vantagens competitivas enquanto a economia mundial segue evoluindo. Este é o
décimo segundo relatório semestral, cuja primeira edição foi publicada em
novembro de 2009.
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