No
filme de ficção científica ‘Gattaca’ (1997), o personagem de Ethan Hawke passa por
verdadeiros apuros para escapar dos mais variados testes e scanners que podem
provar que sua constituição genética é inferior aos demais, que foram
geneticamente manipulados - tudo isso, em um “futuro próximo”.
Já
se passaram 18 anos do lançamento do filme e a possibilidade dele acontecer
parece bastante distante. Mas se hoje é impossível essa sociedade que escaneia
o DNA das pessoas em cada esquina, o que já é possível saber,
voluntariamente, usarmos o poder do sequenciamento do DNA para nosso benefício?
Confira
cinco coisas que o sequenciamento do DNA torna possível descobrir, que vão
desde a dieta é mais indicada até como realizar uma fertilização in vitro
assertiva:
1) Prevenção real contra o câncer
O
sequenciamento de DNA, através de painéis genéticos específicos, pode
identificar mais de 2800 mutações relacionadas a diversos tipos de tumores.
Alguns, se identificados, indicam alta probabilidade do desenvolvimento da
doença. E foi ao pedir um exame realizado em equipamentos da empresa Thermo Fisher
Scientific, que a atriz Angelina Jolie descobriu ser portadora dos marcadores
BRCA 1 e 2. De forma preventiva e polêmica, a atriz resolveu retirar as mamas
e, posteriormente, os ovários. Uma das principais razões: sua mãe e sua tia
faleceram em decorrência de um câncer de mama e, no século XX, não tiveram a
opção de decodificarem seu DNA.
2) Aconselhamento familiar contra doenças
hereditárias, como o Alzheimer
A
atriz Julianne Moore foi premiada neste ano com o Oscar de melhor atriz pelo
papel da linguista Alice Howland, no filme “Para Sempre Alice”. Sua personagem
sofre de um tipo precoce da doença, que é hereditário e tem 100% de chances de
desenvolvimento se seu marcador for descoberto. O aspecto genético da doença,
retratado na produção hollywoodiana, foi comprovado por uma recente pesquisa
divulgada na renomada revista científica eLife (artigo em inglês - http://elifesciences.org/content/4/e05116).
O estudo, desenvolvido com participação da UFRJ, mostra que é possível que 90%
dos casos de Alzheimer possam estar ligados a modificações no DNA dos
neurônios, levando à análise da formação dos componentes genéticos como
fator-chave para diagnósticos e à continua pesquisa em busca da cura para o
mal.
Sem
o sequenciamento genético de nova geração, a identificação de uma doença
hereditária pode levar semanas. Já com um painel desenvolvido especificamente
para doenças hereditárias, mais de 700 patologias podem ser descobertas em até
48 horas, poupando os pacientes de tratamentos equivocados que causam demora na
recuperação e inevitáveis efeitos colaterais.
3) Análise genética de embriões para
fertilização in vitro assertiva
A
fertilização in vitro vem
se tornando cada vez mais comum em todo mundo pelos mais variados motivos,
sendo o mais comum deles a infertilidade. Cerca de 16% dos casais sofrem de
algum problema de fertilidade durante seu período reprodutivo e, diante disso,
a técnica é cada vez mais procurada. Quase 5 milhões de bebês nasceram assim em
todo mundo em 2012 e a técnica já responde por 5% dos nascimentos na Europa e
2% nos EUA.
A
prova da importância da tecnologia do sequenciamento de nova geração está no
sucesso da sua aplicação nas clínicas de fertilização. A INVICTA, Centro de
Reprodução e Fertilidade em Gdansk, Polônia, utilizou o sequenciamento de nova
geração (equipamento Ion Torrent) para fazer análises de embriões antes da
implantação e conseguiu resultados muito melhores quando comparados às
fertilizações in vitro que
não foram feitas com o auxílio dessa técnica. A taxa de implantação subiu de
34,8% para 61,5% e a taxa de gravidez também subiu, de 41,5% para 84,4%.
(Fonte: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25624194)
4) Regimes alimentares mais eficientes
através da nutrigenômica
Algumas
pessoas emagrecem mais rápido que outras; outras, engordam com mais facilidade.
Conhecendo o seu DNA, é possível saber quais alimentos são mais indicados para
determinados regimes alimentares, não só para perder ou ganhar peso, mas também
para evitar alergias.
Através
da análise dos polimorfismos do DNA (alterações), cerca de 200 delas são
analisadas e podem compor de forma individual um aconselhamento muito mais
preciso para o seu regime do que seguir a receita de sua revista favorita ou
aquela indicada pela vizinha.
5) Remédios e tratamentos personalizados, de acordo
com o seu perfil genético
Em
artigo na revista Contract Pharma, o cientista, Phd da Thermo Fisher
Scientific, Fabio Muri escreveu que “estima-se que o componente genético possa
representar de 20% a 95% da variabilidade para metabolização de drogas e seus
efeitos colaterais”.
Portanto,
entender como o nosso DNA metaboliza os medicamentos pode ser vital para o
sucesso de um tratamento. Nos EUA, o National Institute of Health (NIH) e a
Food and Drug Administration (FDA) apoiam fortemente o uso da farmacogenética e
farmacogenômica nas estratégias de desenvolvimento e utilização de novos
medicamentos.
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