"Geralmente, o adolescente que está usando drogas apresenta mudanças em comportamentos cotidianos e vai depender da droga que ele está usando. Trocar o dia pela noite ou dormir o dia inteiro, se tornar mais irritado, mais sonolento e preguiçoso, apresentar desinteresse pelas atividades que realizava anteriormente com facilidade, iniciar projetos e não finalizá-los são sinais que devem ser observados e que podem indicar o uso de drogas", alerta a psicóloga e coordenadora terapêutica da Clínica Maia, Ana Cristina Fraia.
De acordo com a especialista, mudanças no comportamento usual do adolescente é o fator mais importante para perceber o uso de drogas, porém questões com dinheiro, horário, isolamento social e familiar são aspectos que podem ser indicativos também. Por conta disso, Ana afirma ser fundamental o diálogo dos pais com seus filhos: "é essencial conversar sempre com os filhos, independente da desconfiança ou não. O ideal é chamar o filho para uma conversa sobre o assunto. Se mesmo assim ainda houver indícios, deixar claro que está desconfiado, falar da importância dessa conversa, do porquê da preocupação e investigar o problema."
Para ter a certeza que o filho está usando drogas, a psicóloga orienta os pais a conversarem com os amigos dos seus filhos, controlarem de perto os seus horários, o dinheiro, companhias, etc. Além disso, ela diz que atualmente é possível comprar testes toxicológicos em farmácia, mas que merecem um cuidado especial, pois pode ser um processo invasivo e que deve ser realizado com cautela. "É preciso acolher no primeiro momento e não acusar ou ser agressivo, para não afastar ou levar o filho a procurar ajuda na rua ou com amigos que já estão em uso. A rigidez, proibição e censura são fatores que dificultam a comunicação e afastam os filhos", ressalta Ana Cristina.
Mas, e quando houver a certeza que o filho está fazendo uso de drogas? A especialista afirma que buscar informação e orientação adequada é o melhor caminho e recomenda aos pais cuidado na abordagem com o filho. "O acolhimento é necessário, porém é preciso ser assertivo. A proximidade e a comunicação com os filhos são de extrema importância e devem ser construídas ao longo da infância. Assim, ao chegar à adolescência, o diálogo é mais fácil e já natural. A prevenção é a melhor saída. A relação com os pais deve ser clara e aberta, com confiança e amizade, assim os filhos se sentirão acolhidos e não precisarão esconder ou omitir fatos. O papel da família é de acolher, informar e dar limites", reforça a psicóloga.
Segundo Ana Cristina, outro fator que merece atenção e
deve ser lembrado é que quando se fala em drogas não se pode esquecer que o
álcool, apesar de ser lícito, não deixa de ser uma droga e os mesmos cuidados
com ele devem ser tomados. "Muitos pais se esquecem disso, e o álcool é
tão prejudicial quanto o tabaco, a maconha, a cocaína ou outras inúmeras drogas
ilícitas", completa a especialista.
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