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segunda-feira, 30 de maio de 2016

Estamos preparados para prevenir estupros?





O estupro coletivo contra uma cidadã no Rio de Janeiro traz para as manchetes principais dos meios de comunicação a violência sistemática e crescente que as mulheres sofrem no Brasil. Numa era em que a comunicação é ao mesmo tempo, imediata e difusa, mas também com alta capacidade de compartilhamento, precisamos e devemos entender que a conexão pode destruir ou salvar vidas, de acordo com a difusão que a mensagem tenha e a capacidade de reação das pessoas diante do que veem. Portanto, essa barbárie precisa ser profundamente compreendida em nosso meio social e em nossas relações, a fim de permitir uma verdadeira reviravolta na forma como enfrentamos a violência contra as mulheres.

E isso, mesmo conscientes de que em um país que teve, há quase dez anos, a promulgação de uma lei afirmativa voltada ao enfrentamento da violência doméstica contra a mulher, não é de se estranhar a ocorrência do bárbaro crime da moça do Rio. Afinal, se precisamos de leis para mudar condutas violentas, é porque constatamos a falência do comportamento humano. E chamo a atenção para o termo falência pois não se vê a violência contra a mulher como ela deve ser vista; não se reconhece a necessidade de rever valores, rever ideias e papeis social e culturalmente arraigados. Ainda.

O machismo tem grande responsabilidade neste universo.  É esse comportamento, muitas vezes acobertado, aceito e camuflado por suas origens culturais, sociais, religiosas e familiares que relegam à mulher a um plano secundário de submissão e opressão em todos os aspectos da vida.
Esta cultura machista impede a importância de se reconhecer a igualdade entre homens e mulheres, que não se restringe a apenas discursos. Não se restringe a pequenez da ideia de que se trata de um discurso resumido ao lugar da mulher na cozinha.

Falar sobre direitos, lutar por eles tem a ver com a vida, com a dignidade, com um ser cuja alma resplandece. Falar sobre igualdade de direitos significa negar qualquer espaço à discriminação, ao preconceito, à humilhação. Significa lutar contra qualquer estupidez que ameaça a sua integridade. Significa ser solidário com a dor de pessoas que tiveram seus direitos violados, compartilhar ideias transformadoras.

Olhar para um estupro coletivo, de trinta homens contra uma menina, deve nos possibilitar, reafirmo, uma reflexão renovadora. O que mais choca? A violência sexual? A quantidade de homens que se predispuseram à sua satisfação sexual? Aos trinta homens cujas masculinidades só seriam reforçadas com a consumação do coito? À moça desacordada, indefesa e completamente suscetível?

Muitos não enxergam o estupro em si como o fator mais gritante. Sim, não enxergam! Pois temos, na pior das estatísticas, uma mulher sendo acometida por este delito a cada onze minutos. A pior das estatísticas, pois é um tipo de crime que não se revela facilmente. Há uma cifra oculta, que camufla a dor de milhares de moças como a do Rio.

Estupraram a moça do Rio, mas estupram as moças do Brasil. E estuprarão. Portanto, discutir papeis de gênero é prevenir os feminicídios, as ameaças, as agressões, as humilhações e também os estupros.

Estupros que são praticados, em sua maioria, contra mulheres. Em nossa promotoria – GEVID/Grupo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do MPSP -, vemos crianças e meninas sendo acometidas por delitos sexuais em que seus algozes não são os desconhecidos, mas sim os homens de sua família, próximos e íntimos; são justamente aqueles em que elas mais confiam, aliás é a confiança a grande arma daquele que estupra nestas situações. E o pior, nesses casos, por anos a fio, até que a vítima se dê conta de que não era carinho, era violência.

Cada ação criminal proposta segue uma marcha tão dolorosa quanto a violência sofrida. Questiona-se à vítima, descortina-se sua moral, inicia-se a caça à absolvição. A devassa a estupra novamente.

O perpetrador continua solto. E vai estuprar sem crer que violenta, sem o receio de ser pego. Aliás, não teme nada, faz propaganda e coloca na internet. Assim, como um troféu.

Qual é o limite para a violência? Qual é o limite para o respeito?

Justiça eu quero e acredito. Mas queremos pessoas na Justiça que compreendam as raízes da violência contra a mulher, que respeitem suas histórias, que nos protejam e nos tornem cidadãs. Assim como eu comecei, em uma era que a comunicação é difusa, imediata, quero compartilhar a importância de fazer para realmente prevenir.

Portanto, para nos capacitarmos ainda mais para prevenir estupros precisamos enfrentar de forma cada vez mais efetiva os crimes contra as mulheres neste país. Juntos, faremos isso.

O Movimento do Ministério Público Democrático – MPD repudia qualquer violência contra o ser humano. E se você pensa assim, compartilhe e nos ajude a pensar e a permitir que nossas filhas, nossas mães, nossas irmãs, nossas tias, nossas amigas e inimigas sejam donas de suas próprias vidas.


Fabíola Sucasas Negrão Covas - promotora de justiça do GEVID/Grupo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e integrante do MPD – Movimento do Ministério Público Democrático

Projeto Cidacania oferece atendimento clínico gratuito para cães




Alunos e docentes do curso de Medicina Veterinária da Universidade Anhembi Morumbi atenderão o público no Largo Santa Cecília, no dia 18 de junho

A Anhembi Morumbi, integrante da rede internacional de universidades Laureate, em parceria com a Prefeitura de São Paulo e a Sinapse – Projetos e Produções, promove o Projeto Cidacania. Com o objetivo de gerar o bem-estar animal integral de cães, por meio de ações de extensão universitária do curso de Medicina Veterinária da instituição, o evento acontecerá no dia 18 de junho (sábado), das 10h às 17h, no Largo Santa Cecília, em São Paulo.

Diversas atividades acontecerão gratuitamente no local, como orientações sobre combate ao abandono, manejo comportamental e doação de sangue para os tutores dos cães; atendimentos clínicos em diversas especialidades; e coleta de até 50 amostras de fezes para a realização de exames. Todas as atividades serão gratuitas.  

Para César Dinola, docente do curso de Medicina Veterinária e idealizador do projeto, a ideia é conscientizar o público sobre a necessidade de promover o bem-estar do animal de forma abrangente. “Da mesma forma que os humanos precisam realizar consultas e exames médicos periodicamente, os animais também necessitam de cuidados para prevenir e diagnosticar previamente as doenças”, enfatiza. 

Para participar, basta ir até o local munido dos documentos do animal, como carteira de vacinação. O especialista orienta não levar cães que possuam doenças contagiosas ao local. 

Programação:
Combate ao abandono e maus tratos: Orientações sobre as melhores práticas do tutor Responsável. 

Manejo comportamental: Orientações sobre o comportamento canino, identificação de alterações comportamentais e realização de atividades práticas básicas de adestramento.

Doação de sangue: Orientações sobre o perfil do cão doador e cadastramento de doadores de sangue. 

Exames Dermatológicos: Exames clínicos de avaliação da sanidade da pele e do conduto auditivo: Identificação preliminar de dermatopatias e otites.

Exames Oftalmológicos: Exames clínicos de avaliação da sanidade ocular: Identificação de Ceratoconjuntivite seca e úlceras de córnea.

Exames Cardiológicos e Respiratórios: Exames clínicos de avaliação da sanidade dos Sistemas Cardiovascular e Respiratório: Auscultação Cardiorrespiratória. 

Combate à obesidade: Exames clínicos de mensuração do score corpóreo e realização de orientação nutricional.

Prevenção do câncer de mama: Exames clínicos de avaliação da cadeia mamária e realização de orientações preventivas.

Combate a parasitoses intestinais: Coleta de amostras de fezes (50 amostras), posterior realização de exames parasitológicos de fezes e orientações sobre endoparasitoses.



Serviço:
Projeto Cidacania
Data: 18 de junho (sábado)
Horário: das 10h às 17h
Local: Largo Santa Cecília, Vila Buarque, São Paulo 
Atividades gratuitas




Sobre a Anhembi Morumbi 
A Universidade Anhembi Morumbi, uma universidade de fronteiras e mentes abertas, é a primeira instituição internacional de ensino superior do Brasil. Desde 2005, faz parte da rede internacional de universidades Laureate, a maior do mundo, presente em 28 países, com mais de 80 instituições de ensino superior, totalizando mais de 1 milhão de alunos. São oferecidos programas de graduação, graduação tecnológica e pós-graduação lato e stricto sensu. Possui oito escolas, abrangendo as áreas de Ciências da Saúde; Turismo e Hospitalidade; Negócios; Direito; Artes, Arquitetura, Design e Moda; Comunicação; Engenharia e Tecnologia; e Educação. Seus seis câmpus  estão localizados na região da Avenida Paulista, na Vila Olímpia, no Centro, no Morumbi e no Vale do Anhangabaú. A Universidade Anhembi Morumbi possui laboratórios de última geração e diferenciais como a internacionalidade, já tendo enviado, desde 2006, milhares de alunos do Brasil para realização de cursos no exterior, além de receber centenas de estudantes estrangeiros em seus câmpus, que se tornaram locais multiculturais para o aprendizado. Outras vantagens são programas de dupla titulação – permitindo ao aluno ter diplomas válidos no Brasil e em outros países – e o Global Career Center, um portal com milhares de oportunidades de estágios e postos de trabalho no Brasil e no exterior.

Sobre a Laureate Brasil
A Laureate Brasil, integrante da rede global líder em ensino superior Laureate International Universities, é formada por 12 instituições de ensino superior que possuem mais de 50 campi em oito estados brasileiros. Fazem parte da rede Laureate Brasil: BSP - Business School São Paulo; CEDEPE Business School; Complexo Educacional FMU; Centro Universitário do Norte (UniNorte); Centro Universitário IBMR; Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter); Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (FADERGS); Faculdade dos Guararapes (FG); Faculdade Internacional da Paraíba (FPB); Universidade Anhembi Morumbi; Universidade Potiguar (UnP); e Universidade Salvador (UNIFACS).

Laureate International Universities
Líder global no segmento de educação superior, a Laureate International Universities é formada por mais de 80 instituições de ensino e reúne em sua comunidade acadêmica mais de 1 milhão de estudantes em 28 países nas Américas, Europa, Ásia, África e Oriente Médio. As instituições da Laureate oferecem cursos de graduação e pós-graduação (lato e stricto sensu) em áreas como arquitetura, administração, engenharia, gestão de hospitalidade, direito e medicina. Muitas instituições da Laureate estão classificadas entre as principais escolas de ensino superior de suas respectivas regiões, países e áreas de atuação, recebendo reconhecimento internacional por sua qualidade acadêmica. Para saber mais, visite www.laureate.net.




Denúncias de violência contra a mulher aumentam 44%




Para Conselho Regional de Serviço Social do Estado de São Paulo, desigualdade social segue como principal agravante do quadro de violência

Levantamento divulgado pela Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 aponta que houve aumento de 44,74% no número total de relatos de violência recebidos pelo serviço em 2015, comparados ao ano anterior. No total, foram 76.651 atendimentos correspondentes a relatos de violência recebidos pelo serviço de denúncias anônimas da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos.

Os números ainda mostram que o total de relatos envolvendo cárcere privado cresceu 325%, computando a média de 11,8 registros por dia, enquanto os relatos de violências sexuais (estupro, assédio e exploração sexual) cresceram 129%, em uma média de 9,53 por dia.
Para a assistente social Michelle Dias, membro da Comissão de Instrução do Conselho Regional de Serviço Social de São Paulo (CRESS-SP), o fenômeno da violência contra a mulher persiste no Brasil agravado pela estrutura da nossa sociedade. Ela explica que os efeitos da ausência do Estado, que falha em fornecer e prover condições mínimas de segurança, educação e saúde, são sentidos de forma mais intensa pelas mulheres.

“Os problemas sempre recaem sobre elas. Um exemplo é a questão da falta d’água, que fecha creches e escolas. Com o trabalho nas periferias de São Paulo, podemos ver que na maioria dos casos é a mãe que precisa faltar ao trabalho nessas ocasiões”, ressalta.
Na realidade brasileira, a própria Lei Maria da Penha, instituída para dar assistência às mulheres vítimas de violência, encontra dificuldades de aplicação. A assistente social conta que existe uma precarização no atendimento dessas vítimas, tanto na delegacia, na hora de preencher o boletim de ocorrência, quanto no judiciário, que julga os processos. 

“A própria questão dos abrigos reflete essa condição. Nesses locais já sucateados, a mulher que sofreu violência divide espaço com outras em situação de rua ou dependentes químicas, algo fora das portarias e normativas que regem os abrigos”, conta Michelle.

Condições de defesa

A representante do CRESS-SP explica que o enfrentamento da violência passa obrigatoriamente pela redução da vulnerabilidade da mulher. No atendimento às vítimas, por exemplo, um trabalho em conjunto entre assistentes sociais, psicólogos e juristas busca fortalecê-las para enfrentar essa condição.
“A mulher que sofre violência doméstica acaba perdendo o vínculo com a família e muitas vezes é impedida pelo próprio companheiro de trabalhar. A ausência de um Estado protetor, que possa suprir suas necessidades básicas e ajudá-la, impede que mulheres consigam se retirar dessa situação. Nosso papel é dar condições mentais e legais para que elas possam se defender de seus agressores, saindo da posição de vulnerabilidade que as encarcera”, finaliza a assistente social.


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