O paciente entra no consultório, o médico faz algumas
poucas perguntas, mede a pressão, preenche as guias de exames e pronto. Em
menos de 10 minutos a consulta está terminada.
Se
você já foi ao médico e teve a sensação de que a consulta foi rápida demais,
saiba que você não está sozinho. Assim como em uma rede de fast-food, onde a
comida é preparada com agilidade e entregue o mais rápido possível ao
consumidor, em consultas rápidas, o médico atende o maior número de pacientes
por dia, como se fosse uma linha de produção.
O
contrário dessa correria é a chamada Slow Medicine (medicina sem pressa na
tradução literal). Saber ouvir o paciente e ter parcimônia na prescrição de
exames e tratamentos é o princípio fundamental desse tipo de medicina.
Slow
Medicine
O cirurgião
vascular e angiologista Fábio Rocha explica que Slow Medicine, na tradução literal, é medicina sem
pressa. Porém, o conceito vai muito além disso. Inspirado no movimento Slow
Food (Comida Sem Pressa), que vai na contramão dos Fast-foods (Comidas Rápidas),
a Slow Medicine surgiu no início dos anos 2000 e tem como objetivo a construção
de laços entre médico e paciente.
“A
construção de laços estreitos e duradouros com os pacientes nasce a partir de
uma vivência mais próxima, acolhedora e transparente. Essa é uma das bases da
minha atuação profissional na busca pela cura, que vai além do paciente em si,
permeando a esfera da família e de toda a sua comunidade”, explica Fábio Rocha.
Doenças
podem causar muito mais do que apenas sintomas físicos. Normalmente elas também
abalam o emocional do paciente e acabam envolvendo parte da família no processo
de cura. Compreender tudo isso ajuda no diagnóstico e tratamento.
Fábio
conta que é necessário saber ouvir as queixas, mas também explicar
detalhadamente o que está acontecendo e quais os próximos passos do tratamento,
seja ele com medicamentos ou cirúrgico.
“Deixar
o paciente seguro com as informações do que ele tem e o que será feito é
fundamental para estreitar o vínculo com ele e com a família. Quando ele se
sente seguro, as chances de concordar em seguir com o tratamento aumentam”,
diz.
O
desconhecido causa uma certa aflição. Entretanto, quando se compreende o que se
tem, a gravidade, o tratamento proposto e não resta nenhuma dúvida, o paciente
fica mais confortável e confiante para seguir adiante.
Saber
ouvir e saber explicar leva mais tempo, e, por isso, a consulta tende a ser
mais demorada do que aquela mais “convencional”.
“Não
existe um tempo estabelecido no relógio. A consulta leva o tempo que tiver que
levar. Cada paciente tem seu tempo, e cabe ao médico saber compreendê-lo e
respeitá-lo”, conta o médico.
Exames
na medida certa
Outro
ponto a ser considerado na Slow Medicine são os exames que o paciente terá que
fazer. “Em alguns casos, médicos acabam pedindo uma quantidade grande de
exames. Isso gera estresse no paciente. Na Slow Medicine, serão pedidos apenas
aqueles exames que forem relevantes para o tratamento”, fala o cirurgião
vascular.
Todavia,
Fábio ressalta que a Slow Medicine não é contra exames. “A Slow Medicine pede
parcimônia com os exames. Peça apenas o que for necessário, nada de excessos.”
De
igual para igual
Na
Slow Medicine, o médico não pode se colocar em uma posição acima do paciente,
como se estivesse em um pedestal, explica Fábio.
“Você
tem que se colocar em uma mesma posição. Com isso o paciente estará aberto para
conversar, para ouvir e entender. Você não está lá para falar apenas o que tem
que ser feito. Quando o médico sabe ouvir com paciência e atenção, isso gera
uma confiança muito maior. É mais fácil o paciente aderir ao tratamento dessa
forma”, conta o médico.
Mesmo
depois de ter ouvido toda a explicação do médico, se o paciente não desejar
prosseguir com o tratamento, cabe ao médico respeitar a vontade dele e propor
uma alternativa para o problema. “Se o paciente precisa de uma cirurgia e não
deseja fazer, o médico tem que respeitar a vontade dele e sugerir um tratamento
paliativo, para minimizar o sofrimento”, explica Fábio.
Família
O
envolvimento de algum familiar da confiança do paciente no tratamento e na
consulta é fundamental para ajudar no estreitamento de laços com o médico.
“Quando o paciente vai a uma consulta junto de alguém em que confia, ele se
sente mais seguro. Eu, como médico, acolho pacientes e família. Isso também faz
parte da Slow Medicine”, diz.
Fábio Rocha completa dizendo que hoje dedica os dias para conhecer melhor
cada paciente. “Entendo suas histórias, motivações e emoções. Porque é essa
escuta ativa que constrói uma relação de respeito e confiança entre médico e
paciente”, diz o médico.
Fábio Rocha - angiologista e cirurgião vascular oferece um atendimento humanizado, eficaz e altamente especializado. Formou-se em Medicina, em 2002, na USP (Universidade de São Paulo, campus de Ribeirão Preto) e, posteriormente, fez a residência médica em Cirurgia Geral no Hospital das Clínicas, de Ribeirão Preto. Em 2005, ingressou na especialidade que exerce até hoje: Angiologia e Cirurgia vascular. Desde 2018, desenvolve um trabalho de extrema importância junto ao SUS em diversas cidades do estado de São Paulo e também no Espírito Santo, Bahia e Amapá. Esse projeto transforma vidas, devolvendo a saúde, a dignidade e a qualidade de vida a inúmeros pacientes. Bastante reconhecida no meio médico, essa iniciativa vem ganhando visibilidade cada dia mais e já vem sendo realizada em outros estados do Brasil.