Pesquisar no Blog

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Câncer de ovário: conscientização é essencial para tratamento desta doença silenciosa

 

Maio é reconhecido como o mês dedicado à conscientização e divulgação de informações sobre a prevenção do câncer de ovário. Durante este período, diversas campanhas são promovidas com o intuito de alertar a população sobre esse tipo de tumor, que anualmente afeta mais de 300 mil mulheres em todo o mundo. No Brasil, figura como o oitavo câncer mais comum, com uma estimativa de 7.310 novos casos por ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) para o triênio 2023-2026. 

A conscientização sobre a doença, seus fatores de risco e dos sinais precoces no corpo é de suma importância, uma vez que, nos estágios iniciais, os sintomas específicos são escassos. Isso frequentemente resulta em diagnósticos tardios, tornando o tratamento mais desafiador. Segundo a Dra. Gabriela Filgueiras Sales, oncologista do Instituto de Oncologia de Sorocaba (IOS), sintomas como desconforto ou aumento do abdômen, dificuldade para comer, sensação de estufamento mesmo após refeições leves, micção frequente e ganho de peso inexplicável devem ser observados. "Mudanças nos hábitos intestinais, sangramento vaginal e fadiga incomum também podem ocorrer", acrescenta a Dra. Gabriela.
 

Identificação dos sintomas e fatores de risco 

Como esses sintomas podem ser confundidos com outras condições de saúde, muitas mulheres não suspeitam inicialmente do câncer de ovário, atrasando a busca por ajuda médica. "É crucial consultar um médico se os sintomas persistirem por mais de 15 dias", adverte. Embora não haja um exame específico para rastreamento do câncer de ovário, como o papanicolau para o câncer do colo do útero ou a mamografia para o câncer de mama, a ultrassonografia transvaginal pode fornecer indícios de alterações ovarianas que exigem investigação adicional. 

Além disso, certos grupos têm maior susceptibilidade à doença, como mulheres de idade avançada, que tiveram filhos após os 35 anos, que experimentaram a terapia hormonal após a menopausa ou que têm histórico pessoal de câncer de mama. "Fatores como obesidade, tabagismo, síndromes hereditárias e histórico familiar também aumentam o risco de câncer de ovário", esclarece a oncologista.

Mesmo não sendo possível prevenir totalmente o câncer de ovário, adotar um estilo de vida saudável, combatendo o tabagismo, o sedentarismo e a obesidade, pode reduzir o risco. Além disso, ao identificar sintomas relacionados à doença, é fundamental buscar assistência médica especializada para diagnóstico precoce e tratamento adequado. "Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores são as chances de cura", conclui a Dra. Gabriela.

Instituto de Oncologia de Sorocaba


Trânsito é a principal causa de lesão medular no Brasil

A estimativa é de 10 mil novos casos de lesão medular por ano, sendo cerca de 8 mil deles por trauma[1] 

 

De acordo com as Diretrizes de Atenção à Pessoa com Lesão Medular do Minstério da Saúde, estima-se que anualmente no Brasil ocorram mais de 10 mil novos casos de lesão medular, sendo entre 6 e 8 mil deles por trauma raquimedular ([SC1] TRM) 1 que, na maioria das vezes, acontece por causa de um acidente automobilístico. 

O trauma raquimedular [2] é caracterizado por um impacto intenso na coluna vertebral que causa dano à qualquer segmento (cervical, dorsal ou lombossacro) da medula espinal. Este dano na medula pode interromper parcial ou totalmente a comunicação entre o cérebro e os demais membros do corpo. Além da paraplegia e da tetraplegia, outra sequela que pode ocorrer em função da lesão medular por TRM é a bexiga neurogênica[3], uma disfunção neurológica que faz com que a pessoa perca a capacidade de urinar naturalmente. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera os traumatismos resultantes de acidentes de trânsito[4] – e consequentemente, as lesões medulares, como “um problema mundial de saúde pública”. Por meio do plano global de ação pela segurança no trânsito[5], a OMS alerta que se nada for feito para conter este problema, em uma década, o número de feridos e/ou traumatizados em decorrência dos acidentes automobilísticos poderá chegar a cerca de 500 milhões de pessoas ao redor do mundo.

 

Homens jovens lideram as estatísticas

As Diretrizes de Atenção à Pessoa com Lesão Medular do Minstério da Saúde1 registram que cerca de 80% das vítimas são homens e 60% deles têm entre 10 e 30 anos de idade. 

O paulista Bruno Landgraf, bacharel em Direito e ex-goleiro do São Paulo Futebol Clube (SPFC), hoje com 37 anos, e o mineiro Alexandre Ank, 44 anos, formado em Mecânica Industrial e graduando em Educação Física, fazem parte desta estatística. Os dois lesionaram a medula em acidentes de trânsito. 

Bruno Landgraf tinha apenas 20 anos quando sofreu o acidente que o deixou paraplégico.

“Em agosto de 2006, sai do centro de treinamento do São Paulo e, juntamente com 4 amigos, acessei a Rodovia Regis Bittencourt (BR-116), sentido a Juquitiba, no interior do estado. Até hoje eu não tenho lembrança do acidente, mas de acordo com o relato das pessoas que estavam comigo, acredito que eu possa ter cochilado ao volante. Eles disseram que, após bater no guard rail, o carro capotou e caiu em um barranco. Eu fiquei oito meses hospitalizado, passei por cirurgias porque tive lesão medular (nível C3 e C4) e perdi todos os movimentos do corpo”, conta Bruno que, atualmente, é atleta paralímpico do Rugby em Cadeira de Rodas. 

Alexandre Ank ficou paraplégico ainda mais jovem, aos 17 anos de idade, após pegar uma carona para voltar para casa.

“Foi em dezembro de 1996. Era por volta das 22h e ao sair de um jogo de futsal, aceitei a carona de um amigo. Estávamos em uma avenida conhecida de Juiz de Fora (MG), a avenida JK, e eu estava dormindo e acredito que o carro estava a uma velocidade acima da permitida. Talvez por estar escuro e chovendo muito, o motorista passou por um espelho d’água que encobria um buraco. Neste momento, o pneu dianteiro do veículo bateu no burcao e estourou, fazendo o carro rodopiar na pista. Com o impacto, eu fui arremessado pela janeira traseira do carro contra um muro; eu bati as costas no muro e fiquei caído em um terreno baldio até ser socorrido por um funcionário do SAMU, que estava próximo ao local em que ocorreu o acidente”, relembra o paratleta profissional e paralímpico de tênis de mesa. 

Além de paratletas, Bruno e Alexandre são embaixadores da Coloplast., empresa líder global em cuidados para pessoas com necessidades intimas de saúde. Ambos utilizam suas redes sociais para conscientizar as pessoas sobre uma outra condição que os uniu após o acidente: a retenção urinária crônica. 

No Brasil, mais de 100 mil pessoas sofrem com retenção urinária,[6],[7],[8]  . Segundo as recomendações da SBU[9], atualmente a técnica do cateterismo intermitente (CI) é considerada como o padrão ouro em cuidado, sendo a técnica mais difundida o cateterismo intermitente limpo (CIL) porque pode ser realizada fora do ambiente hospitalar. Ela permite o esvaziamento periódico da bexiga - (4 a 6x/dia) e evita multiplicação de bactérias. Além disso, quando comparado aos cateteres de permanência, o CIL reduz pela metade a ocorrência de infecções urinária[10].

 

Informação e responsabilidade social que podem salvar vidas

Há quase 20 anos, a paranaense Gisela Maria Assis, enfermeira e estomaterapeuta, Mestre em Tecnologias em Saúde (PUC-PR) e Doutora em Enfermagem (UNB-DF), atua no campo das disfunções do assoalho pélvico e, como acadêmica, tem focado seu trabalho na formação de profissionais e em pesquisas sobre os benefícios do cateterismo intermitente limpo (CIL) para pacientes com lesão medular. 

“Infelzimente, ainda é comum pacientes com lesão medular receberem alta hospitalar e irem para casa usando fraldas ou cateter vesical de permanência, que é aquele que fica com a bolsinha pendurada. Por esta razão as reinternações pós-alta destas pessoas são frequentes e, na maioria dos casos, em razão de infecções urinárias recorrentes. Além disso, os que usam o cateter de permanência sofrem com o constrangimento e passam a ter também limitações na vida intima, profisisonal e socioeconomia.”, avalia a doutora em Enfermagem. 

Ela explica que a falta de informação faz com que, em nivel de Brasil, ainda demore algum tempo para que o cateterismo intermitente limpo (CIL) se torne um protocolo clínico acessível a todos os lesionados medulares. 

“A falta de informação começa na formação do profissional de Enfermagem, já que o CIL não faz parte da grade curricular obrigatória. Por isso, é preciso fazer campanhas educacionais e informativas direcionadas aos profissionais de saúde em formação, mas também aos já estao em atividade, especialmente os da Atenção Básica e que não receberam esta informação anteriormente.”, destaca a doutora Gisela. 

“Hoje em dia, apenas os hospitais de reabilitação orientam o lesionado medular sobre o cateterismo intermitente limpo e sobre os tipos de cateteres existentes, incluindo o hidrofílico. No entanto, isto deveria ser feito nos hospitais de Trauma, antes da alta hospitalar do paciente, já que a bexiga deixa de funcionar no momento em que a lesão medular ocorreu “, complementa. 

A doutora Gisela Assis considera uma “responsabilidade social” do profissional investigar o padrão de cuidado de esvaziamento da bexiga dos pacientes com retenção urinária, especialmente os lesionados medulares, porque isso “pode salvar vidas”. 

“Se o profissional tem a informação sobre os beneficios do cateterismo intermitente limpo para o paciente que tem retenção urinária, este profissional passa a ter também a responsabilidade de orientar este paciente a utilizar o CIL. Se o profissional orientar o paciente, pode ser que ninguém mais o faça e isto custe a função renal desta pessoa, em função das infecções urinárias recorrentes. Então, é muito é custo muito alto para deixarmos de indicar algo que é simples”, finalisa Gisela Assis. 

 


1] Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas Diretrizes de Atenção à Pessoa com Lesão Medular. Brasília, 2013. Disponível em: Diretrizes de Atenção à Pessoa com Lesão Medular do Minstério da Saúde

[2] Paiva WS; Brock RS (2 de maio de 2011). Traumatismo Raquemedular. Medicinanet. Disponível em: Traumatismo Raquimedular | dos Sintomas ao Diagnóstico e Tratamento | MedicinaNET

[3] Manual MSD. Versão para Profissionais de Saúde. Shenot, P.J (setembro de 2023). Bexiga Neurogência. Disponivel em: Bexiga neurogênica - Distúrbios geniturinários - Manuais MSD edição para profissionais (msdmanuals.com)

[4] Organização Mundial da Saúde – OMS (2009). Relatório Mundial sobre o Estado da Segurança Rodoviária. Disponivel em: 664_Portuguese 310509.indd (who.int)

[5] Organização Mundial da Saúde – OMS (29 de outubro 2021). Plano Global – Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2021-2030. Dispoonível em: PlanoGlobaldaSegundaDcadadeAopelaSegurananoTrnsito.pdf (www.gov.br)

[6] Furlan JC; et al. Global Incidence and Prevalence of Traumatic Spinal Cord Injury. Canadian Journal of Neurological Sciences (2013; Vol.40(4).Disponível em: Global Incidence and Prevalence of Traumatic Spinal Cord Injury | Canadian Journal of Neurological Sciences | Cambridge Core

[7] Jeong SK et al. Current Status and Future Strategies to Treat Spinal Cord Injury with Adult Stem Cells. Journal of Korean Neurosurgical Society 2020; 63(2): 153-162. Disponivel em: Current Status and Future Strategies to Treat Spinal Cord Injury with Adult Stem Cells (jkns.or.kr)

[8] Cameron AP et al. Bladder Management After Spinal Cord Injury in the United States 1972 to 2005. Journal of the American Urological Association 2010. Disponivel em: Bladder Management After Spinal Cord Injury in the United States 1972 to 2005 | Journal of Urology (auajournals.org)

[9] Sociedade Brasileira de Urologia-SBU (2013). Cap;1. Cateterismo Vesical Intermitente:Indicações e Técnicas. Disponível em: uroneurologia_2013.pdf (sbu.org.br)

[10] Coloplast IC User Survey, 2016. v0.5, data-on-file (PM-01339).

Fibromialgia: a prevalência é realmente maior em mulheres? Conheça os principais mitos, verdades e impactos

Dor crônica e fadiga são os principais sintomas da doença, segundo o Dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião da Unicamp

 

A fibromialgia, caracterizada principalmente por dor crônica persistente, fadiga e mudanças de humor, é mais comum do que muitas pessoas imaginam. Pesquisas recentes indicam que a doença afeta entre 2% e 4% da população global1, com prevalência em mulheres. No Brasil, estima-se que a fibromialgia atinge 2% da população2. No entanto, ainda é frequentemente subdiagnosticada e mal compreendida.

Em 12 de maio, celebra-se o Dia Mundial de Conscientização da Fibromialgia, condição ainda invisível aos olhos da sociedade, mas que acarreta sérias complicações para aqueles que a vivenciam.

Para esclarecer algumas das principais dúvidas sobre o assunto, o Dr. Marcelo Valadares, médico neurocirurgião e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), elencou alguns mitos e verdades sobre a doença. Confira quais são:


A prevalência da fibromialgia é maior em mulheres: VERDADE.

A predominância da fibromialgia em mulheres adultas é real e tem sido objeto de pesquisas ao longo dos anos. Estima-se que entre 80% e 90% dos casos ocorram em mulheres, com o ápice da doença entre os 30 e 50 anos.

“Embora a ciência ainda explore o assunto, acredita-se que as mulheres estejam mais suscetíveis à fibromialgia. Entre as possíveis explicações para isso estão as flutuações hormonais, que desempenham papel na sensibilidade à dor na regulação do sistema nervoso; fatores genéticos; ou fatores psicossociais, como estresse crônico, condições de saúde mental como ansiedade e depressão. Além disto, em relação ao sistema nervoso central, também podemos ressaltar que as mulheres tendem a produzir níveis menores de serotonina, um neurotransmissor associado à sensibilidade à dor”, afirma o Dr. Marcelo Valadares.


O único sintoma da fibromialgia é a dor crônica: MITO.

Embora a dor crônica seja um sintoma predominante da fibromialgia, ela é uma condição complexa que envolve uma variedade de sintomas, incluindo fadiga, distúrbios do sono, problemas cognitivos (conhecidos como "névoa cerebral"), rigidez muscular e sensibilidade aumentada em várias partes do corpo. Além disso, o médico explica que estudos destacam também os impactos na saúde mental da condição.

“A fibromialgia pode se manifestar de maneira diferente em cada pessoa. Enquanto algumas pessoas podem experimentar dor intensa em todo o corpo, outras podem ter dor localizada em áreas específicas. Além disso, os sintomas podem variar em gravidade. O tratamento personalizado e multidisciplinar é essencial para lidar com essa variedade de sintomas”, explica o neurocirurgião.


A condição é causada apenas por fatores psicológicos: MITO.

Embora o estresse, a ansiedade e a depressão possam piorar os sintomas da fibromialgia, a causa exata da condição ainda não é completamente compreendida. Segundo o especialista, pesquisas sugerem que seja uma condição que afeta a forma como o cérebro processa sinais de dor, além de ter influências genéticas, hormonais e sociais.


A fibromialgia também pode afetar crianças: VERDADE.

Embora a fibromialgia seja mais comum em adultos, ela também pode afetar adolescentes e até mesmo crianças. Os sintomas podem se manifestar em qualquer idade, embora o diagnóstico em crianças possa ser mais desafiador devido à dificuldade em expressar seus sintomas.


O diagnóstico nem sempre é simples: VERDADE.

O diagnóstico da fibromialgia costuma ser complexo e desafiador, devido à semelhança dos sintomas com outras condições médicas. Frequentemente é confundida com tendinite ou esclerose múltipla, por exemplo. Além disto, não há um exame específico que possa confirmar a presença da fibromialgia, e os sintomas variam amplamente de pessoa para pessoa. É necessária uma avaliação clínica detalhada, considerando a história médica do paciente, seus sintomas e a exclusão de outras condições médicas.


O tratamento da fibromialgia se resume apenas ao consumo de medicamentos: MITO.

Embora não haja cura para a fibromialgia, existem opções de tratamento que podem ajudar a gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida, mas os medicamentos não são a única opção. O Dr. Marcelo Valadares defende que o tratamento multidisciplinar é essencial.

“Além dos fármacos para alívio da dor, é necessário incluir tratamentos como fisioterapia, a inclusão de exercícios físicos na rotina, como o pilates, terapia ocupacional, técnicas de relaxamento, mudanças na dieta e estilo de vida, entre outras abordagens multidisciplinares. O tratamento deve ser individualizado, considerando todo o histórico do paciente”, afirma.

 



Dr. Marcelo Valadares - médico neurocirurgião e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A Neurocirurgia Funcional é a sua principal área de atuação. Seu enfoque de trabalho é voltado às cirurgias de neuromodulação cerebral em distúrbios do movimento, cirurgias menos invasivas de coluna (cirurgia endoscópica da coluna), além de procedimentos que envolvem dor na coluna, dor neurológica cerebral e outros tipos de dor.
acesse clicando aqui.
Instagram: @drmarcelovaladares
facebook.com/drmarcelovaladares



Referências:

1: Pramipexole, a dopamine D3/D2 receptor-preferring agonist, attenuates reserpine-induced fibromyalgia-like model in mice. Acesse clicando aqui.
2: The prevalence of fibromyalgia in Brazil – a population-based study with secondary data of the study on chronic pain prevalence in Brazil. Acesse clicando aqui.


Combate à ansiedade e depressão em face de tragédias: uma chamada à ação no Rio Grande do Sul

  

Com a recente tragédia das enchentes assolando o Rio Grande do Sul, uma preocupação adicional emerge além da reconstrução física: a saúde mental da população afetada. Enquanto os esforços de socorro e solidariedade se voltam para aqueles que estão sofrendo, é fundamental reconhecer os potenciais impactos psicológicos dessas tragédias e agir para mitigar o aumento de casos de ansiedade e depressão. 

O aumento dos casos de ansiedade e depressão diante de tragédias como esta é uma realidade preocupante. O Dr. Vicente Beraldi Freitas, médico e consultor em saúde da Moema Assessoria em Medicina e Segurança do Trabalho, enfatiza que, embora o foco principal esteja na ajuda às vítimas e na reconstrução das áreas afetadas, não podemos negligenciar a saúde mental das pessoas envolvidas. 

“É crucial que as pessoas busquem ajudar todos os afetados, mas também concentrem esforços em cuidar de sua própria saúde mental, não permitindo que as notícias impactem suas vidas e dando-lhes força para continuar suas trajetórias”, avalia o especialista. 

A exposição a situações traumáticas pode desencadear ou agravar problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Os eventos recentes, como as enchentes no Rio Grande do Sul, podem tornar as pessoas mais vulneráveis a esses transtornos. 

“É essencial reconhecer os sinais desses problemas e buscar tratamento adequado o mais rápido possível. Além disso, além entes governamentais, empresas e toda a sociedade devem estar preparadas para oferecer suporte as pessoas, promovendo o bem-estar e a saúde mental em um momento tão desafiador”, explica Vicente Beraldi. 

Neste contexto, iniciativas de apoio psicológico são fundamentais. É preciso pensar em criar grupos de apoio, oferecer treinamento para quem lida com situações difíceis e garantir que todos tenham acesso a recursos de saúde mental. 

Diante desse cenário, é essencial uma abordagem holística que reconheça a importância de cuidar da saúde mental, tanto individual quanto coletivamente. Enquanto trabalhamos juntos para reconstruir as áreas afetadas e apoiar aqueles que estão sofrendo, não podemos esquecer o impacto que essas tragédias podem ter na saúde mental das pessoas. 

“É hora de agir com compaixão, solidariedade e cuidado, garantindo que ninguém seja deixado para trás, tanto física quanto emocionalmente”, finaliza Vicente Beraldi.


Câncer de mama: a contribuição das pesquisas clínicas para garantir a inovação da ciência

Trabalho publicado na The Lancet e conduzido pela MEDSIR demonstrou eficácia de tratamento sem a necessidade de quimioterapia

Brasil produz apenas 2% de pesquisas clínicas no mundo, mas diversidade étnica e número de oncologistas pode ajudar alavancar no setor
 

Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimam que de 2023 a 2025, o Brasil terá 73.610 casos de câncer de mama, o que representa uma taxa alarmante de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. De acordo com o relatório do instituto, a maioria deles, quando tratados adequadamente e com diagnóstico precoce, apresenta bom prognóstico. Inovações no campo de tratamento do câncer de mama têm revolucionado as perspectivas de pacientes, com destaque para a terapia alvo, que direciona tratamentos específicos para células cancerígenas, e avanços em pesquisas clínicas, como o estudo PHERGain, conduzido pela MEDSIR e publicado na revista científica britânica The Lancet. 

Esse estudo clínico envolveu pesquisadores de 45 hospitais em sete países europeus e contou com a participação de 356 pacientes diagnosticadas com câncer de mama HER2-positivo em estágio inicial. Este tipo específico de câncer é caracterizado pela superexpressão do receptor HER2, que pode desencadear o crescimento descontrolado das células cancerosas. Os resultados do estudo clínico demonstraram a viabilidade, segurança e eficácia de um tratamento específico direcionado ao receptor HER2, que bloqueia os sinais de crescimento celular sem a necessidade de quimioterapia. Essa abordagem mostrou taxas elevadas de remissão do tumor e baixa incidência de recorrência ao longo de três anos. 

Para Antonio Llombart-Cussac, cofundador e líder científico da MEDSIR, o câncer de mama é um desafio significativo para a saúde pública em todo o mundo, demandando uma compreensão abrangente de seus fatores de risco e a busca contínua por tratamentos mais eficazes. "As descobertas das pesquisas clínicas sobre o câncer de mama estão impulsionando uma mudança significativa na abordagem terapêutica, fornecendo insights cruciais para tratamentos menos invasivos, que promovem melhores resultados e qualidade de vida para as pacientes", explica Llombart-Cussac.

Adobe Stock

Diversidade étnica brasileira e estudos clínicos nacionais 

A diversidade étnica no Brasil tem um papel relevante para pesquisas clínicas oncológicas, pois as brasileiras apresentam predisposições genéticas e fatores de risco únicos para o câncer de mama, influenciando sua incidência, progressão e resposta a tratamentos. Outro ponto positivo do país é o número de médicos oncologistas, são 4.730, segundo o Estudo de Demografia Médica de 2023. Antonio Llombart-Cussac avalia que essa combinação de fatores é ideal para o avanço no campo da pesquisa clínica. “Ao planejar e conduzir estudos clínicos, a diversidade étnica é essencial para garantir que os resultados sejam representativos e aplicáveis a toda uma população. Além dessa diversidade, o Brasil conta com uma excelente rede de profissionais”, argumenta ele, que recentemente conduziu a capacitação de 30 oncologistas para o desenvolvimento de ensaios clínicos sobre o câncer de mama. “Queremos estimular a criação de uma rede global de cientistas comprometidos com a pesquisa oncológica a partir de uma abordagem disruptiva e inovadora para melhorar a vida dos pacientes em todo o mundo”, completa. 

A oncologia lidera o foco das pesquisas clínicas no mundo, representando 24% do total. A China e os Estados Unidos figuram no topo do ranking dos países que mais investem em pesquisa clínicas. Do total de trabalhos já realizados, os dois foram responsáveis por 30,5% e 30,4%, respectivamente. O Brasil encontra-se na 19ª posição com 2,3%.1
 

Câncer de mama pelo Brasil 

O câncer de mama feminino é prevalente em todas as regiões do Brasil. Segundo o relatório do INCA, a Região Sudeste pode chegar a registrar 39.330 novos casos desse tipo de câncer entre 2023 e 2025, o que representa uma taxa de incidência de 84,46 por 100 mil mulheres. A região é a mais populosa do país, com grandes áreas urbanas e uma maior densidade demográfica. Com uma população mais concentrada, há uma maior exposição a fatores de risco ambientais e de estilo de vida que podem contribuir para o desenvolvimento do câncer de mama. 

A Região Sul ocupa o segundo lugar em estimativa de número de casos, com uma taxa de incidência de 71,44 por 100 mil mulheres. 73,9% da população dessa região é de etnia branca, grupo com maior risco para desenvolver câncer de mama, o que pode explicar a alta incidência.

A Região Nordeste apresenta uma taxa de incidência de 52,20 casos por 100 mil mulheres, que pode ser atribuída a uma combinação complexa de fatores socioeconômicos, estilo de vida, acesso limitado a cuidados de saúde e possíveis influências ambientais.2



Referências
1 Guia Interfarma 2022. Acessado em abril/2024. Acesso em link.
2 Estimativa 2023. Instituto Nacional do Câncer. Acessado em abril/2024. Link.


Ciência no espectro: é possível mudar a rota de desenvolvimento e melhorar a qualidade de vida dos autistas?

Cada vez mais comum, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) não tem cara, nem cura. A condição neurológica afeta milhões de pessoas ao redor do globo, 1 a cada 36 crianças para ser mais exata, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. O aumento no número de casos não é moda nem invenção moderna, está ligado a maior divulgação sobre o transtorno e diferenças recentes nos diagnósticos. E se eu te disser que o maior problema que temos hoje não reside na prevalência do TEA, e sim, nas barreiras colocadas pela sociedade? Veja, além do autista precisar lidar com os próprios desafios, sofre com olhares capacitistas da sociedade. Um preconceito que limita a forma como vemos e o que achamos que essas pessoas são capazes. Embora compartilhem traços em comum, cada sujeito é único, tanto em suas dificuldades quanto em suas qualidades. Até porque o autismo é uma neurodivergência e não uma sentença. E todos anseiam por expressar seu potencial sem limitações impostas por rótulos.

Ao passo que a compreensão sobre o autismo aumenta, surgem ferramentas de suporte para pessoas no espectro e suas famílias. Uma dessas ferramentas é a ABA, ou Análise do Comportamento Aplicada, que tem ganhado destaque como a intervenção que produz mais evidências científicas de eficácia para o autismo, segundo a Associação para a Ciência do Tratamento do Autismo dos Estados Unidos. Essa ciência promete não ser apenas um conjunto de teorias, mas, também, um longo caminho de mudanças na vida de pessoas autistas e familiares. Amplamente conhecida no meio, a abordagem é uma chave-mestra, que desbloqueia potenciais, molda destinos, desafia limites e proporciona uma vida mais plena para quem enfrenta as barreiras impostas pela sociedade. 

Uma série de pesquisas conduzidas há mais de 20 anos têm demonstrado a eficácia das intervenções baseadas em ABA para o Transtorno do Espectro Autista. Em um dos primeiros estudos, 47% das crianças do grupo experimental passaram de série na escola em que estudavam, assim como apresentaram funcionamento compatível com a sua idade. Desde então, isso vem sendo confirmado por diversas pesquisas que revelam que o sucesso está relacionado à intensidade, fidedignidade e precocidade da intervenção.

Mas o que há de tão eficaz nessa ciência, que é estudada desde a década 1960, e por que ela é uma das mais recomendadas tanto por especialistas quanto pelos pais que possuem filhos com autismo? A resposta mais sucinta está no próprio objeto de estudo da ABA: a aprendizagem de comportamentos socialmente relevantes. Ao direcionar pesquisas científicas para melhorar situações reais, essa abordagem fortalece comportamentos voltados para inclusão social e autonomia, enquanto reduz aqueles que impedem uma vida mais plena. Para isso, o analista do comportamento avalia as dificuldades e as potencialidades de cada indivíduo e constrói um plano terapêutico único, a fim de desenvolver repertórios que aumentem a qualidade de vida da pessoa autista e sua família. É como uma formação para a vida, em que cada desafio é uma oportunidade de crescimento.

Muitas vezes, desenvolver habilidades, para um autista, é como decifrar um enigma. Desde tarefas aparentemente simples, como escovar os dentes, até atividades mais complexas, como cozinhar, podem representar desafios significativos. Nesses casos, um analista do comportamento pode avaliar as habilidades prévias, como segurar uma escova de dentes ou identificar ingredientes na cozinha para uma refeição e, de degrau em degrau, construir repertórios robustos. A partir disso, vai auxiliar os aprendizes a se conectarem com o mundo ao seu redor, descobrindo sua própria voz e identidade. É uma jornada na qual cada pequeno avanço é uma vitória a ser celebrada.

A análise do comportamento aplicada não é um milagre. Com muitos estudos e resultados registrados ao redor do mundo, é mais que certo tratar dela como uma ciência sólida, baseada em evidências e que pode ser dedicada a guiar indivíduos com autismo. Para tanto, precisa de robustez e de integridade em relação ao que é produzido pela ciência. Nesse ponto, é importante buscar por profissionais qualificados e passar longe de charlatões.

Diante de tantas fake news, muito cuidado. Não demora tempo para que aventureiros digam que redescobriram a América e falsos especialistas prometam a cura do autismo para famílias fragilizadas. Por isso, é preciso fugir de promessas vazias e poucos resultados. Buscar um acompanhamento seguro que realmente faça a diferença na vida da pessoa com o Transtorno do Espectro Autista. Desde bebês que começam a desbravar o mundo até adultos que querem entrar no mercado de trabalho, todos têm sua própria jornada e é essencial respeitá-la. 

Estamos diante de vidas reais, de sonhos que anseiam por serem realizados e da busca incessante por um futuro mais inclusivo. Nesse ponto, o analista do comportamento pode ser o braço direito. Um profissional qualificado que combina expertise teórica, bagagem de experiência prática e um genuíno compromisso com o bem-estar dos pacientes. Tudo isso aliado a um cuidado guiado pela ciência e aliado à empatia para compreender as complexidades do comportamento humano. 

Então surge a questão que muitos se perguntam: é possível mudar a rota de desenvolvimento e melhorar a qualidade de vida e inclusão de pessoas com TEA? Sim. No entanto, cada indivíduo é único e responde de maneira diferente às intervenções. Mas quando se estende a mão para caminhar junto e se desenvolve intervenções personalizadas, os resultados são certeiros. Compreender a singularidade de cada pessoa leva tempo e requer um olhar rebuscado sobre os progressos. Afinal, o autismo não é um quebra-cabeça a ser montado e, sim, um ser humano a ser compreendido, auxiliado e empoderado para alcançar seus máximos potenciais. E só quem olha através dos olhos desse outro vai descobrir um novo mundo de possibilidades e crescimento que transcende qualquer barreira.

A jornada ainda é longa e a vida em sociedade é o maior desafio. O momento pede para que façamos nossa parte vestindo a camisa pela conscientização do Transtorno do Espectro Autista. Precisamos acolher as diferenças e acreditar que com elas virão novas formas de pensar e novas condições de ser. O mundo é formado por pessoas diversas. Eu faço parte delas, você também.

 

Natalie Brito Araripe - diretora da Luna ABA, psicóloga, analista do comportamento certificada internacionalmente e trabalha há mais de 10 anos com ABA aplicada ao autismo.


Maio Roxo: exames regulares são cruciais na prevenção de doenças inflamatórias intestinais

 

Shutterstock

No Brasil, são registrados cerca de 100 casos de DII para cada 100 mil habitantes

 

As doenças inflamatórias intestinais (DII) têm se tornado cada vez mais frequentes. Atualmente, mais de cinco milhões de pessoas no mundo vivem com alguma forma de DII, de acordo com a Sociedade Brasileira de Colproctologia (SBCP). No Brasil, a prevalência chega a 100 casos para cada 100 mil habitantes e, embora afete pessoas de todas as idades, atinge principalmente jovens e adultos entre 15 e 40 anos. 

 

Nesse contexto, o Maio Roxo tem como objetivo chamar a atenção da população para as doenças inflamatórias intestinais, especialmente as de caráter autoimune, quando o sistema de defesa do organismo ataca indevidamente o revestimento do trato gastrointestinal, causando uma resposta inflamatória anormal a algum gatilho, a exemplo da doença de Crhon e da retocolite ulcerativa. "É preciso informar a sociedade, promover a conscientização sobre o problema e dar o apoio devido às pessoas que vivem com esses distúrbios", comenta a coordenadora técnica do Sabin Diagnóstico e Saúde, Luciana Figueira.

 

A bioquímica destaca que os exames laboratoriais têm papel fundamental na prevenção às DIIs, e que o diagnóstico precoce se mostra como a medida mais eficaz para iniciar o tratamento e evitar sequelas. Tudo começa com a avaliação clínica, que inclui o histórico familiar, além de exames de análises clínicas e outros que podem ser solicitados pelo médico. “Entre eles estão exames de fezes, pesquisa de sangue oculto, dosagem da calprotectina fecal”, informa. 

 

A especialista ressalta ainda que a calprotectina é uma proteína cujos níveis aumentam em resposta à inflamação na mucosa intestinal. A medição nas fezes (calprotectina fecal) é uma ferramenta valiosa para detectar e quantificar com precisão a inflamação intestinal, sendo um biomarcador eficaz para diagnóstico e monitoramento durante o tratamento da doença.

 

Tipos mais comuns

 

Embora não sejam as únicas, a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa são inflamações intestinais mais comuns. A primeira pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal, resultando em inflamação crônica que pode levar a complicações graves, como obstrução intestinal e fístulas. A segunda é caracterizada por inflamação e úlceras no revestimento do cólon e do reto, causando sintomas como diarreia com sangue, dor abdominal e urgência fecal.

O diagnóstico preciso varia a depender do tipo de inflamação. No caso das duas mais comuns, a confirmação pode ser feita por meio de endoscopia digestiva alta (doença de Crohn) ou colonoscopia (colite ulcerativa). Ambos os exames permitem uma avaliação visual das lesões intestinais. 

 

Sintomas e tratamento

 

Os principais sintomas das DII são desconforto abdominal, sensação de barriga estufada, dor, cólicas, alternância entre diarreia e prisão de ventre, flatulência exagerada e sensação de esvaziamento do intestino. Os sinais podem piorar depois da ingestão de cafeína, álcool e comidas gordurosas. 

 

As causas do problema não são específicas, podendo estar relacionadas a fatores genéticos, como nos casos de doença de Crohn e retocolite ulcerativa, imunológicos, ambientais, alimentares e de alteração da flora intestinal. Mas alguns hábitos, como tabagismo e consumo de ultraprocessados, podem agravar.

 

Apesar de crônicas e de ainda não terem cura, o tratamento eficaz pode oferecer uma melhora na qualidade de vida ao paciente, em especial, quando o diagnóstico é feito precocemente. Anti-inflamatórios e imunossupressores estão entre as opções terapêuticas disponíveis, destacando a importância de um acompanhamento médico regular para gerenciar adequadamente essas enfermidades crônicas.

 


Grupo Sabin
site da companhia
LinkedIn


Cuidados especiais são oferecidos por pediatras para crianças com autismo em abrigos

Marcelo Matusiak
Trabalho multidisciplinar tem a intenção de garantir tratamento diferenciado às famílias afetadas pelas enchentes


Desde a última semana, um esforço conjunto envolvendo profissionais de diversas especialidades tem proporcionado cuidados especiais às crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nos abrigos da região metropolitana de Porto Alegre. Com o engajamento de pediatras voluntários e outros profissionais, busca-se atender às necessidades específicas dessas crianças. 

As mudanças repentinas de rotina e os estímulos intensos causados pelas enchentes podem desencadear crises de choro, gritos e até autoagressão em pessoas com TEA. O trabalho voluntário de centenas de profissionais em múltiplas especialidades está garantindo um tratamento diferenciado com carinho e acolhimento às famílias que especificamente apontaram casos de pacientes com TEA.  

“O cuidado com pacientes autistas em abrigos de famílias atingidas pelas cheias requer uma abordagem sensível e adaptativa. O espectro do autismo é desafiador porque não há um protocolo. O manejo vai depender de como a criança se desorganiza. Só o fato dela estar com muita gente e muito barulho, já traz um problema muito sensível”, explica o pediatra do Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), Renato Santos Coelho.  

O médico salienta que dentro do possível, os voluntários e os familiares devem reforçar a noção da previsibilidade, ou seja, tentar adiantar coisas rotineiras que vão acontecer. Salas pequenas com um grupo menor de pessoas também seriam importantes nos abrigos, ainda que se saiba que em uma zona de crise e semelhante à guerra que estamos vivendo isso é muito difícil.  

“O importante é que se busque entender o desencadeia a crise? é o barulho, a quantidade de pessoas ou a simples troca de lugar? Então buscamos amenizar esse quadro. Outra necessidade são os ajustes de medicação que precisam ser feitos sob supervisão médica. E por fim, nessas horas é preciso se valer das telas, como um elemento de apoio. Não é o momento de tentar colocar restrições. Se ela gosta de um jogo que encaixa blocos, monta figuras, e ela vai se tranquilizar com aquilo, é fundamental permitir", finalizou Dr Renato.  

Até mesmo para famílias que não foram atingidas a mudança de rotina traz impactos. Para esses casos a orientação é ter muito diálogo ajustando e informando as mudanças de rotina uma vez que eles não estão indo às aulas e estão sem a presença muitas vezes de profissionais de apoio que estão com dificuldades de acesso por conta das cheias. 

 

A rotina nos Pontos de acolhimento 

No bairro Passo da Areia, em Porto alegre, funciona um dos pontos criados específicos para crianças com autismo. A South Training Cross fit, localizado na Rua Jari, cedeu o espaço onde estão cerca de  30 pessoas que tiveram de abandonar suas casas. Ali elas recebem acompanhamento de pediatras, terapeutas, fono e médicos clínicos geral. São trezentas pessoas na lista de atendimento que atuam de forma intercalada ajudando como podem. A terapeuta e especialista em análise do comportamento ABA, Cristine Castro, é uma das voluntárias em ação. 

"As principais dificuldades que a gente percebe são sensoriais, alimentares e de convivência com as mudanças de locais. Trabalhamos com a parte sensorial, porque alguns possuem a questão de toque, não conseguem vestir uma roupa diferenciada ou tampouco receber um abraço. Fonoaudiólogos são fundamentais porque alguns são não-verbais e se comunicam por pranchas ou por tablets e em alguns casos perderam isso tudo nas enchentes”, afirmou. 

Apesar de toda a tragédia, o ambiente não é de tristeza, mas de alegria.  

“Felizmente temos muitos voluntários virando madrugada e passando dia e noite. Trouxemos músicos com violão, com pandeiro, com todo mundo cantando para que possam diminuir essa ansiedade e sofrimento neste momento”, acrescentou.

 

Marcelo Matusiak

Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul


Entenda as principais causas para irritações nos olhos

Especialista traz dicas para identificar e tratar a condição


Constantemente, após o uso de sombras, delineadores, máscaras de cílios ou lápis de olhos, é comum observar reações de vermelhidão e coceira nos olhos. Essas irritações podem ser causadas por alergias às maquiagens ou a compostos presentes em suas fórmulas. Entretanto, é importante atentar-se ao fato de que a condição não necessariamente está ligada aos cosméticos. Por isso, buscar entender de onde vem os sintomas e como tratá-los, é essencial.

“Além desses sintomas, outros sinais comuns de irritação nos olhos incluem queimação, lacrimejamento excessivo, sensação de areia nos olhos e inchaço das pálpebras. Em alguns casos mais graves, pode haver visão turva, sensibilidade à luz e formação de crostas”, explica Julinha Lazaretti, bióloga e cofundadora da Alergoshop, franquia de cosméticos hipoalergênicos.

De acordo com a especialista, para além dos produtos de beleza em si, outras causas possíveis incluem olhos secos, onde a maquiagem pode obstruir as glândulas sebáceas que produzem óleos, levando ao ressecamento ocular. Além disso, infecções podem ocorrer devido à acumulação de bactérias e vírus em pincéis e aplicadores de maquiagem contaminados, causando conjuntivite ou outras infecções.

A blefarite, uma inflamação das pálpebras, também pode ser agravada pelo uso de maquiagem, assim como fatores ambientais, como poluição, poeira e fumaça, que podem irritar os olhos e piorar os sintomas de quem já tem problemas na região.


Como tratar

Para tratar o incômodo, é essencial adotar medidas preventivas e cuidados básicos. “É fundamental remover completamente a maquiagem dos olhos antes de dormir, utilizando produtos suaves e adequados para a região”, esclarece Lazaretti. “Lavar as mãos antes da aplicação dos itens é igualmente importante para evitar a transferência de bactérias para os olhos. Além disso, optar por produtos hipoalergênicos e sem perfume auxilia na redução do risco de reações alérgica”, completa.

Paralelamente a essas medidas, é aconselhável descartar os pincéis e aplicadores de maquiagem após alguns meses de uso, pois podem acumular bactérias e causar irritações nos olhos. Se mesmo após os cuidados surgirem vermelhidão, irritação ou infecção, é recomendável evitar o uso de qualquer produto cosmético na região afetada até que a situação melhore. “Manter os olhos úmidos com colírios lubrificantes pode oferecer alívio ao desconforto. Além disso, é importante destacar a importância de consultar regularmente um oftalmologista para exames preventivos, visando garantir a saúde ocular”, ressalta a especialista.


Prevenção de reações

Embora nem toda irritação ocular após o uso de maquiagem seja causada por alergia, como mencionado anteriormente, é fundamental adotar medidas rotineiras de prevenção caso a condição seja confirmada. A escolha de produtos seguros e hipoalergênicos é uma prática essencial para evitar novas reações e garantir o bem-estar dos olhos.

“Percebemos que havia muitas complicações relacionadas ao uso de lápis delineador de olhos. Por isso, desenvolvemos uma fórmula livre de 95 substâncias potencialmente alergênicas e nocivas, que combina emolientes e um complexo de ceras para proporcionar segurança a saúde. Além disso, nossos produtos são formulados para garantir uma aplicação agradável com traços finos e precisos”, pontua André Sobanski, CEO da Alergoshop. Segundo o profissional, essa garantia de segurança na fórmula foi aplicada em todos os cosméticos da rede, visando assegurar a prevenção de reações. 



Alergoshop
https://alergoshop.com.br/

Coriza em excesso e recorrente: é sintoma do quê?

 

Médico do Hospital Paulista explica que nos períodos de meia estação, como o outono, esse tipo de reação fisiológica é bem mais comum; saiba o porquê e como prevenir!

 

Outono, período de transição entre verão e inverno, é muito comum que as temperaturas variem bastante na região centro-sul do país. Dias quentes intercalam-se a dias bem mais amenos, especialmente à noite. E o resultado disso é que ficamos mais suscetíveis àquelas obstruções que irritam tanto o nariz e a garganta. 

A coriza em excesso, quase sempre, é o primeiro sintoma que surge – e costuma permanecer durante dias! Às vezes, ela vem acompanhada de outros agravantes, como dor de garganta, dor de cabeça, febre, o que indica um quadro mais agudo, provavelmente de gripe influenza ou mesmo de COVID. 

Mas, também, acontece de ficar só mesmo na coriza, que vem e volta, seguindo uma rotina quase que permanente (e incômoda, obviamente).

 

O que isso sinaliza? 

De acordo com o Dr. Gilberto Ulson Pizarro, otorrinolaringologista do Hospital Paulista – referência nacional em saúde de ouvido, nariz e garganta – quadros de coriza, com obstrução nasal, sem mal-estar, geralmente estão associados a rinites e resfriados comuns. Ou seja, mesmo que leves, são sintomas dessas duas doenças. 

"Tanto a rinite, como o resfriado, tem alta incidência na população mundial e ocorrem durante todo ano. Mas é nesses períodos de transição, em que há maior variação de temperatura, que o nosso nariz é mais exigido. A coriza é primeira sinalização de que há algo errado", resume o médico. 

Quando em excesso e acompanhada de sintomas de gripe ou resfriado, ele recomenda, já logo de início, avaliar alguma forma de tratamento. O paciente com sintomas importantes, mesmo após medidas gerais de controle de febre e analgesia, é importante que ele procure o atendimento médico para fazer tratamento antiviral". 

Já para os casos mais leves, o especialista destaca que o melhor tratamento é o preventivo. "A vacinação contra a gripe é sem dúvida a melhor forma de evitar a recorrência de todas as reações que são causadas por ela. Isso também vale para a COVID, que tem reações semelhantes e tem vacina", acrescenta. 

Com relação à rinite, especificamente, o Dr. Pizarro recomenda que os pacientes se antecipem aos problemas que são comuns nos períodos de meia estação. "O ideal é que eles procurem o especialista em otorrinolaringologia, antes ou logo no início do outono ou da primavera, para tomarem as medidas preventivas que podem evitar ou amenizar os problemas causados.

 

Hospital Paulista de Otorrinolaringologia ‎   ‏‍

Posts mais acessados