No
Dezembro Laranja, mês de conscientização sobre o câncer de pele, vale o alerta
sobre o perigo da doença: até o tipo menos agressivo pode matar
Com a proximidade do verão e o aumento da exposição ao sol, um
novo alerta se acende: a prevenção do câncer de pele, que tem no Dezembro
Laranja um mês dedicado à conscientização sobre a doença que tem uma alta
incidência no mundo, com 2 milhões de novos casos previstos anualmente, segundo
a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, são mais de 180 mil novos
casos ao ano, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA),
representando 30% do total de cânceres do país.
O melanoma – tipo mais agressivo e letal do câncer de pele, embora
menos incidente (apenas 3% dos casos) – causa cerca de 2 mil mortes por ano.
Mas, diferentemente do que muitos imaginam, o câncer de pele não melanoma (o
mais comum é o carcinoma, que é menos agressivo), responde por 2,6 mil óbitos
por ano no país.
Os dados chamam a atenção para uma visão equivocada de que o tumor
de pele, agressivo ou não, é um câncer menos grave do que os demais. “Não é”,
alerta a oncologista da BP –A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Veridiana
Camargo. “Trata-se de uma doença maligna, que exige tratamento e
acompanhamento. A prevenção e a importância do diagnóstico precoce são
reforçadas todos os anos com as campanhas de conscientização como a do Dezembro
Laranja”, diz.
Prevenção e tratamento precoce
O câncer de pele é provocado principalmente pela exposição ao sol.
Alguns fatores aumentam o risco, como pele, olhos ou cabelos claros, histórico
familiar da doença, utilizar câmaras de bronzeamento (que são proibidas por lei
no Brasil) e ter o sistema imunológico enfraquecido por transplante, tratamento
oncológico e infecções (como pelo HPV) e síndromes genéticas (como o
albinismo).
Independentemente de estar nesses grupos, a prevenção é
fundamental. Sempre que se expor ao sol, deve-se aplicar filtro solar (que deve
ser reaplicado a cada duas horas ou sempre que se molhar), usar roupa com
proteção UV, chapéu e óculos de sol, além de evitar os horários de maior
incidência dos raios solares, entre 9h e 15h.
A detecção precoce aumenta a possibilidade de cura até do câncer
de pele mais agressivo, o melanoma, que tende a espalhar-se rapidamente por
outros órgãos (metástases), principalmente fígado, cérebro e pulmões. “Se
diagnosticado em fase inicial, esse tipo tem 90% de chances de cura. No
entanto, no período mais recente, em razão da pandemia e do medo das pessoas de
fazerem exames rotineiros ou consultarem um médico, muitos pacientes tiveram o
diagnóstico retardado, resultando em aumento do número de casos de câncer de
pele descobertos em fases avançadas”, diz a médica.
A recomendação dos especialistas é fazer uma consulta anual ao
dermatologista e procurá-lo sempre que notar manchas ou lesões assimétricas,
com bordas irregulares, diâmetro de mais de 6 mm, que mudam de cor, formato ou
tamanho; feridas que não cicatrizam entre 4 a 6 semanas; nódulos na pele com
pequenas ulcerações ou verrugas dolorosas de crescimento progressivo.
Tratamento cirúrgico e avanços
O tratamento do câncer de pele sempre envolve cirurgia para
retirada da lesão. No caso dos carcinomas, o ideal é que o procedimento seja
realizado com participação de um patologista. Tão logo seja feita a retirada da
área com câncer e de suas bordas, esse especialista examinará as margens de
tecido de área próxima para saber se todas as células malignas foram removidas,
evitando que o câncer prolifere ou retorne. Assim, é possível, na mesma
cirurgia, retirar todo o tecido necessário e fazer a reconstrução
estética.
No caso de tumores do tipo melanoma, restritos à pele, também
basta a cirurgia. Mas se o melanoma já está alojado nos gânglios, a abordagem
médica atual é combinar a cirurgia com tratamento complementar (adjuvante),
principalmente a imunoterapia (aplicação endovenosa de medicamentos que
estimulam o sistema imunológico a combater o tumor). Dessa forma, evita-se uma
cirurgia extensa, com retirada de vários gânglios, como era o protocolo
anterior de tratamento.
Outra inovação é a chamada terapia-alvo,
baseada em medicamentos que atacam mutações específicas do tumor. “As novas
terapias têm apresentado excelentes resultados nos casos de doença em estágio
avançado, até com metástase cerebral. Dos pacientes tratados com imunoterapia
há seis anos, 50% estão vivos e sem retorno do câncer. Até pouco tempo, a
sobrevida em quadros semelhantes não passava de seis meses”, relata a Dra.
Veridiana. A perspectiva é que esses tratamentos passem a ser aplicados também
em pacientes no estágio 2 (estágio mais inicial, sem metástase) para reduzir
ainda mais o risco de avanço ou retorno da doença.
Para definir a estratégia de tratamento do
câncer de pele, é importante contar com o suporte de uma equipe
multidisciplinar, como a disponibilizada no ambulatório especializado em câncer
de pele da BP. A área reúne dermatologista, oncologista, cirurgião oncológico,
radiologista e patologista, entre outros especialistas, que atuam de maneira
integrada, combinando conhecimentos para oferecer cuidados personalizados, com
o tratamento mais indicado para o quadro de cada paciente.
BP
– A Beneficência Portuguesa de São Paulo