O cenário de incertezas ocasionado pela pandemia de coronavírus evidenciou a importância da transformação digital. Devido à crise, empresas de praticamente todos os setores têm acelerado os processos para a digitalização de serviços, sobretudo os de turismo, eventos e educação, que sofreram forte impacto, se reinventaram e devem se beneficiar com as modernizações – mesmo que lentamente.
Segundo o especialista em desenvolvimento de
estratégias para a inovação digital e CEO da ExímiaCo, Elemar Júnior, a adoção
dos modelos home office e híbridos, além do uso de novas ferramentas
facilitadoras para a rotina no trabalho, pessoal ou para clientes deve
prosseguir, mesmo quando a pandemia acabar. “Trata-se de alternativas que antes
eram vistas como tendências, mas que ficavam para segundo plano. Com a
impossibilidade de práticas presenciais, houve uma aceleração significativa
para transformar hábitos como compra e venda, participação em reuniões,
fechamento de negócio, estudos, entre outros”, explica.
Seguindo esta linha, um estudo global da VMware,
realizado com 5 mil tomadores de decisão de negócios, de TI e desenvolvedores
de aplicações, indica que apenas 2% dos entrevistados acreditam que as
adaptações rumo à transformação digital não foram bem sucedidas. A pesquisa
revela que as empresas que investem na modernização de canais e ferramentas têm
conseguido os melhores resultados durante a crise.
Em meio à retomada gradual de algumas atividades,
os setores de turismo, eventos e educação já fazem estimativas das perdas para
este ano. Apesar dos desafios e da necessidade de reinvenção, Elemar Júnior
aponta os fatores que devem nortear o fortalecimento e crescimento desses
segmentos a partir da transformação digital.
Turismo
Um levantamento do IPC Maps, aponta que, mesmo com
o retorno progressivo, o setor de turismo brasileiro deve ter prejuízo de 25%
em suas receitas até o final deste ano - em relação a 2019 –, totalizando perda
de R$ 18 bilhões no fechamento de 2020.
“Como alternativa para os aeroportos que mantinham
um grande fluxo de empresários que viajavam para reuniões, além de turistas e
estudantes a diversas partes do mundo, as videoconferências se tornaram
cruciais para as tomadas de decisão de executivos, conversas com parentes e
amigos residentes em outras cidades e estados, e cursos on-line – a forma mais
viável de se conectar a outros países para os estudos”, observa o especialista.
Além disso, ele pontua que a digitalização tem
ajudado a operação de empresas do setor por meio do apelo a campanhas de
marketing e ações para assegurar um faturamento imediatista, com vendas de
passagens e promoções de pacotes a médio prazo, aumentando consideravelmente o
tráfego dos sites – o que deve seguir depois da pandemia.
Eventos
Outro setor fortemente atingido pela crise é o de
eventos. De acordo com a Associação Brasileira de Promotores de Eventos, a
estimativa de prejuízo com a pandemia é de R$ 90 bilhões. Além disso, mais de
300 mil eventos foram cancelados ou transferidos, e cerca de 580 mil empregos
diretos foram perdidos.
Segundo Elemar Júnior, com o cancelamento de
grandes eventos, a principal solução encontrada pelas organizações foi voltar
as atenções para a transmissão online. “Nos últimos meses, os brasileiros
precisaram se acostumar com cerimônias, workshops, palestras, festividades e
shows neste formato. O cenário musical, por exemplo, tem sobrevivido por meio
de lives, com apoio interessante da tecnologia. Tem sido comum o uso de chroma
key, que é uma técnica de efeito visual na qual o cenário do vídeo é
substituído por uma imagem. Desta forma, enquanto os artistas se apresentavam
em tempo real, o restante da equipe aparece ao fundo, como se estivessem no
mesmo espaço. Essa é uma tendência que não surgiu somente para tapar buraco,
definitivamente, ela veio para ficar”, afirma.
Educação
Recentemente, o governo de São Paulo apresentou os
critérios para a volta às aulas presenciais nas universidades e escolas
técnicas para as cidades que se mantiverem por catorze dias consecutivos na
fase amarela do plano de retomada gradual das atividades. Além disso, os cursos
de ensino complementar, como idiomas, música e informática também poderão ser
retomados.
“Durante a quarentena, até mesmo as instituições de
ensino mais tradicionais precisaram se adequar ao novo cenário e investiram em
ferramentas digitais. Com isso, a tecnologia evidenciou sua importância como
forte aliada dos professores, já que havia preconceito e desconfiança quanto a
utilização de plataformas e outros recursos modernos para as aulas”, pontua.
Neste sentido, o especialista reforça que as
pessoas são a base das mudanças organizacionais e precisam sempre ser o foco
das estratégias e metas das empresas. “As transformações digitais necessitam de
pessoas para desenvolver, aplicar, gerenciar e manter todos os processos e
projetos”, conclui.