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terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Lente mal ajustada agrava ceratocone



Pesquisa mostra que a fricção da lente na córnea incomoda 41% dos que têm ceratocone. Saiba prevenir a piora da doença.


A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que 30% dos brasileiros têm algum tipo de alergia. Desses, mais da metade desenvolve alergia nos olhos, importante fator de risco do ceratocone. A doença degenera, afina e deforma a córnea. Por isso, causa 70% dos transplantes no Brasil. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier, o hábito de coçar os olhos é tão perigoso para quem tem ceratocone quanto o uso de lentes mal ajustadas. Isso porque, nas duas situações a fricção constante da córnea fragiliza suas fibras,  agrava o ceratocone e aumenta o risco de transplante. 

Pior: Uma pesquisa realizada por Queiroz Neto com 920 portadores de ceratocone, mostra que 61% usam lente de contato para corrigir a visão, e desses 41% sentem desconforto.  O especialista diz que isso acontece porque só 1 em cada 4 dos participantes afirmaram fazer exames oftalmológicos regulares. “O ceratocone é uma doença progressiva. As alterações na córnea podem acontecer em poucos meses. Quem não respeita os intervalos de consulta recomendados. para cada caso pode usar lentes desajustadas que prejudicam a visão”, adverte. Além disso, muitas pessoas já chegam ao consultório usando lentes de contato indicadas para astigmatismo e a adaptação em ceratocônicos exige personalização conforme as irregularidades de cada córnea, salienta.  


Diagnóstico e tratamento

O oftalmologista ressalta que não é possível detectar o ceratocone com o exame de refração empregado na verificação da miopia, hipermetropia ou astigmatismo. “O diagnóstico é feito através de uma tomografia da córnea que mapeia suas duas faces, possibilitando flagrar a doença logo no início. “Quanto mais precoce, maiores são as chances de escapar do transplante através do crosslink, único procedimento que interrompe a progressão da doença. A cirurgia, explica, é ambulatorial, feita com anestesia local e consiste na aplicação de riboflavina (vitamina B12) associada à radiação UV (ultravioleta) na superfície da córnea para aumentar sua resistência em até três vezes. 



Causas e sinais de alerta
Queiroz Neto afirma que a maioria dos casos de ceratocone começa na adolescência. Pode estar relacionado à genética,  alterações hormonais que podem provocar distúrbios no colágeno  e desencadear coceira nos olhos,  apneia obstrutiva do sono e a  síndrome da pálpebra flexível que dobra durante a noite, causando olho seco. Nem todas estas alterações aparecem em que tem ceratocone, mas se mais de uma coexistir indica sinal de alerta. 

Outros sinais da doença são: alteração frequente de grau, dificuldade de permanecer em locais ensolarados ou muito iluminados, olhos irritados e queda no rendimento escolar.


Dicas de prevenção

As dicas do oftalmologista para prevenir a piora do ceratocone são:

·         Mantenha consultas regulares para ajustar suas lentes

·         Evite coçar os olhos.

·         Aplique compressas frias em crises de coceira ou sensação de areia nos olhos

·         Dê preferência a soluções higienizadoras de lente sem conservante para evitar irritações oculares

·         Só use colírio com corticóide sob supervisão médica para afastar o risco de glaucoma

·         Interrompa o uso de antialérgico caso use lente e sinta os olhos ressecados 

·         Faça polimento semestral das lentes com seu oftalmologista para eliminar resíduos que deformam a superfície.

·         Use óculos escuros com proteção ultravioleta em locais ensolarados.



Como manter a saúde dos pés durante o verão


Umidade e contato com areia favorecem a contaminação por fungos e parasitas
                                     

Entre as doenças que afetam os pés, estão aquelas causas por fungos, chamadas micoses, que, hoje, atingem mais de 300 milhões de pessoas no mundo, segundo dados apresentados pelo Fundo Global de Ações contra Infecções Fúngicas. No Brasil, estimativas de 2016 sugerem que mais de 3,8 milhões de indivíduos sofram de alguma doença fúngica séria.

No verão, o aumento da transpiração e o maior contato com a areia e água de piscina são fatores que favorecem o surgimento de doenças que afetam os pés ao longo da estação. Muito comuns entre quem frequenta praias ou piscinas, esses males podem ser evitados com alguns cuidados simples.

Conheça as doenças que mais afetam os pés durante o verão e saiba como preveni-las.


Bicho de pé

A doença é transmitida pela pulga fêmea do tipo tunga penetrans, que costuma ser encontrada em regiões rurais e também na areia. Ao picar a pessoa, a pulga penetra na pele e deposita seus ovos, causando coceira intensa. A picada pode atingir qualquer ponto da pele, mas é mais comum nas áreas próximas às unhas. O tratamento é feito com a remoção da pulga e da bolsa de ovos e, geralmente, envolve o uso de antibióticos para combater infecções na pele. Por isso, é necessário haver um acompanhamento médico para combater o problema.


Bicho geográfico

Essa doença é causada pelo contato com areia ou terra com fezes de cães ou gatos contaminadas pelo parasita denominado larva migrans. As larvas penetram na pele e por onde passam deixam um rastro com lesões avermelhadas visíveis, formando uma espécie de “mapa” - daí o nome Bicho Geográfico. O parasita causa coceira intensa e costuma se alojar nos pés, mas pode atingir qualquer parte do corpo que entre em contato com o solo contaminado, como pernas ou nádegas. Em casos mais simples, o tratamento é feito com o uso de pomadas, mas pode haver necessidade de medicamentos ingeridos por via oral, caso o Bicho Geográfico tenha se espalhado por muitas áreas. É necessária a avaliação de um médico para decidir a melhor forma de tratamento.

Pé de atleta

É causado por um fungo, que aparece em áreas onde existam fissuras na pele e que estejam constantemente abafadas e úmidas. É uma doença comum em pessoas que usam sapatos fechados com frequência, principalmente no verão, por isso é importante manter os pés arejados sempre que possível e secá-los muito bem após o banho, especialmente a área entre os dedos. Pessoas diabéticas ou com doenças que atacam a imunidade do organismo estão mais propensas a ter Pé de Atleta, por isso é essencial procurar ajuda médica ao identificar o problema, para avaliar o tratamento mais adequado. O Pé de Atleta causa coceira e fissuras entre os dedos, descamação, lesões e vermelhidão na pele e é tratado com o uso de pomadas e cremes. Apenas em casos mais resistentes pode ser necessário o uso de medicamentos por via oral, sempre com acompanhamento médico.


Micose

O clima quente aumenta a transpiração, fazendo com que os pés fiquem úmidos em diversos momentos do dia. Essa umidade favorece o aparecimento de micoses, que são causadas por fungos. No verão, com o aumento da frequência de piscinas e praias, esses fungos costumam atacar principalmente os pés, as unhas e a região da virilha. Nos pés, além do Pé de Atleta, a contaminação por fungos pode causar frieiras e provoca coceira e descamação contínua da pele. Nas unhas, a micose pode ser causada por fungos ou leveduras, deixando a unha amarelada e dolorida. O tratamento deve ser indicado sempre por um médico, já que as micoses podem ser confundidas com outras doenças.

“Além de prevenir o surgimento de doenças de pele, é importante ter hábitos que ajudam a manter os pés saudáveis e com boa aparência. Boas dicas para evitarmos estes problemas são: usar esfoliantes uma vez por semana, hidratar diariamente evitando o ressecamento da sola dos pés, enxugar bem e usar desodorantes de pés. É essencial também aplicar protetor solar no peito e sola dos pés sempre que for expor essas áreas ao sol”, afirma Camila Martins, farmacêutica da rede Extrafarma.


Os desvios na coluna

As deformidades da coluna vertebral raramente ocorrem num único plano e são geralmente em três dimensões. Muitas vezes, são definidas como uma deformidade de torção tridimensional da coluna vertebral e do tronco e podem ocorrer isoladas ou associadas. Os tipos mais comuns são: cifose, escoliose e lordose. 


Cifose é a excessiva curvatura da coluna vertebral no (A-P) plano sagital. A parte de trás normal tem de 20° a 45° graus de curvatura na parte superior das costas, e qualquer ângulo acima de 45° é chamado cifose. A escoliose é a curvatura anormal da coluna vertebral no plano coronal (lateral). A escoliose de entre 10° e 20° é chamada leve. Menos do que 10° é variação postural. Lordose ou a hiperlordose é o encurvamento excessivo da parte inferior da coluna, e é muitas vezes associada à escoliose ou cifose. Ele pode ser gerado por má postura.

Esses desvios na coluna correm na infância em cerca de 60% dos meninos. Nos adolescentes, as meninas representam 90%. Chamamos de escoliose do adolescente, também denominado escoliose idiopática do adolescente (EIA), ocorre em cerca de 2-3% da população em geral.

A escoliose para a direita é muito mais comum do que à esquerda, exceto no tipo infantil, onde uma curva do lado esquerdo é mais comum. A escoliose torácica direita tem a convexa coluna torácica para a direita. EIA ocorre entre os 10 anos de idade e a maturidade sexual. Pode começar no início da puberdade ou tornar-se evidente durante o pico de crescimento do adolescente.

Mulheres estão em maior risco, muitas vezes necessitando de tratamento cirúrgico, se o tratamento não-cirúrgico não consegue parar curvatura. Escoliose adulta ocorre após a maturidade sexual.
A curvatura anormal da coluna vertebral pode resultar de doença da coluna vertebral, incluindo trauma ou desequilíbrio do sistema neuromuscular. Pode ser congênita. Pode ser produzido por pernas de comprimentos diferentes. Em adultos, a cifose está muitas vezes relacionada com osteoporose, mas em crianças pode ser devido a uma lesão, um tumor sobre a coluna vertebral, ou uma desordem genética, tais como a síndrome ou espinha bífida de Hunter. Cerca de 80% das escolioses são idiopáticas (sem causa definida).

A doença leve é geralmente indolor, mas, como deformidade cresce, a dor normalmente pode aparecer. A escoliose em crianças ou adolescentes é muitas vezes detectada em exames de rotina. Os pacientes com EIA mais frequentemente apresentam ombros desnivelados, cintura sem assimetria (um quadril saindo mais do que o outro), ou uma proeminência na costela.

Pernas podem ser mais curtas após um trauma grave com fraturas ou se há desequilíbrio neuromuscular antes da idade adulta, como com a poliomielite, mas o encurtamento de 1 cm ou 2 cm, muitas vezes ocorre sem causa aparente.

Tratar dos desvios da coluna depende do tipo de doença, a severidade, o prognóstico e a tolerância do paciente para várias intervenções. Diagnóstico e intervenção precoce são benéficas. Administração pode ser dividida em: observação, órtese, operação.

A Sociedade Científica Internacional sobre a escoliose ortopédica e Tratamento de Reabilitação (SOSORT) produziu suas primeiras orientações em 2005. Eles foram recentemente revistos e sua qualidade científica foi aumentado. O seu objetivo é oferecer a todos os profissionais e seus pacientes evidências baseado na revisão atualizada da evidência real no tratamento conservador da escoliose idiopática.

Os objetivos do tratamento são: parar a progressão da curva na puberdade (ou possivelmente até mesmo reduzi-la), prevenir ou tratar a disfunção respiratória, prevenir ou tratar síndromes de dor na coluna vertebral, melhorar a estética através da correção postural.
As diretrizes oferecem um padrão real de tratamento conservador, incluindo órteses, exercícios, atividades desportivas e de avaliação. O principal objetivo da órtese para escoliose é deter a progressão da curva. Um estudo prospectivo de corte recente mostrou que órtese em pacientes com EIA é eficaz na redução da progressão e prevenir a cirurgia. Além disso, numa combinação de órtese com exercícios foi mostrada para aumentar a eficácia do tratamento.

As famílias devem ser informadas de que há um risco de que a órtese pode não ser bem-sucedida, mas que as chances de sucesso são melhoradas com a disciplina e a adesão ao uso da cinta durante o tempo recomendado, que pode ser de até 23 horas por dia. Pode ser removida para lavar roupa e natação.
Cerca de um em cada seis pacientes necessita de cirurgia. Ela é geralmente indicada para o tratamento de uma deformidade clínica significativa ou para corrigir uma deformidade escoliótica que é susceptível de evoluir.

A cirurgia é recomendada em adolescentes com uma curva que tem um ângulo de Cobb superior a 45° a 50°. Os objetivos da cirurgia são, geralmente, para deter a progressão da curva de alcançar uma fusão sólida, para corrigir a deformidade e para melhorar a aparência estética.

Exercícios e desvios posturais
Estudos mostram que a autocorreção ativa e exercícios orientados a tratar os desvios são superiores aos exercícios tradicionais na redução de deformidades da coluna vertebral e melhorar a saúde relacionados com qualidade de vida em pacientes com EIA. 
Tive uma consulta essa semana que o atleta maratonista tinha uma escoliose leve e a orientação foi: continue fazendo sua atividade, mas fortaleça a coluna!

Bons treinos!



Ana Paula Simões - Professora Instrutora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Mestre em Medicina, Ortopedia e Traumatologia e Especialista em Medicina e Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia; da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé, da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte; e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte.


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