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terça-feira, 16 de outubro de 2018

O QUE VOCÊ SABE SOBRE INVEJA?


Inveja é um sentimento de natureza humana que se caracteriza por ódio ou rancor em relação a algo de bom que o outro tem, e você não. A inveja fere o narcisismo e pode levar ao desejo de atacar, “destruir” (literal ou metaforicamente) o objeto bom.

A palavra vem do latim invidere (olhar - videre). Não à toa se fala de “olho gordo”, “mau olhado” ou “secar com os olhos” para se referir à energia negativa que uma pessoa sente quando atingida pela inveja.

Variadas culturas acreditam que o símbolo “evil eye” afasta a inveja e protege a pessoa (por exemplo, o nazar ou “olho turco”, uma pedra arredondada azul com círculos concêntricos que lembram um olho).

Ao contrário do que muitos pensam, não há inveja “boa”. Inveja, por definição, sempre envolve um sentimento ruim, negativo, mesmo que não haja uma intenção consciente de querer o mal de alguém.

A inveja, muitas vezes, se mostra de modo sutil. Por exemplo, quando alguém faz pouco caso de algo que o outro tem de bom (como diz o ditado, “quem desdenha quer comprar”). Normalmente, o sentimento é explícito para quem observa o cenário, mas não para o próprio invejoso, que pode não perceber de imediato que demonstrou inveja. 


 Redes sociais: ilusão de felicidade plena

Com as redes sociais, esse sentimento se torna ainda mais exacerbado. O que mais se vê é o lado bom da vida das pessoas: família reunida, encontro com amigos, premiações/certificados, viagens, etc. Quem está em uma situação ruim, seja financeira, no relacionamento com amigos e/ou familiares, ou mesmo em depressão; as postagens das redes acentuam a sensação de inveja e frustração.

Se você se sentir um fracassado ao ver os posts, se lembre que estas imagens de praias paradisíacas e festas regadas a champanhes caros só mostram um lado da moeda. As mesmas pessoas que postam isso também têm problemas. Não há quem não tenha problemas. Não se iluda com o que vê na internet. A grama do vizinho nunca é tão verde como parece.

Além disso, não temos ideia do que cada pessoa passou para conseguir suas vitórias. Normalmente, só vemos o resultado: a realização da conquista. Mas não sabemos como foi sua trajetória até lá. Pode ter sido um caminho difícil, com muitos sacrifícios e desafios. Pois essa é a vida real de pessoas comuns!

É interessante notar que uma mesma situação pode provocar inveja em uma pessoa, mas não em outra. Isso quer dizer que a inveja se estrutura de modo diferente em cada um, conforme sua personalidade e dinâmica de funcionamento psíquico.

Por ser primitivo e intenso, é difícil de “domar” e até de admitir para os outros e para si mesmo. Mas se a pessoa conseguir reconhecer que sentiu inveja e entender que sempre haverá algo ou alguém que poderá despertar este sentimento, já será um passo importante para aprender a lidar com a frustração de não ser como o outro ou não ter o que o outro tem (seja algo material ou uma qualidade qualquer).

Com a aceitação, a pessoa terá maturidade para encarar a inveja como uma busca de melhoria. Ou seja, se você quer tanto ter uma determinada habilidade que o outro tem, sinta admiração e busque inspiração para tentar alcançar seu objetivo!  






Prof. Dr. Mario Louzã - médico psiquiatra, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha. Membro Filiado do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (CRMSP 34330)


Abuso sexual: um ponto de vista psíquico


Denúncias relacionadas a abuso sexual na infância e adolescência têm sido recorrentes na mídia. Após escândalos envolvendo a Igreja Católica e esportistas de diversas nacionalidades, esse triste e cotidiano fato tornou-se foco de discussão. Infelizmente, apenas a discussão é nova, o fato ocorre diariamente, nas diversas classes socioeconômicas, em contextos muitas vezes domésticos e em números assustadores. Segundo estimativas de várias ONGs dedicadas à infância, como a UNICEF e Save the Children, uma a cada cinco crianças são vítimas de violência sexual, ou seja, 20% da população sofreu algum tipo de abuso durante a infância, segundo o Conselho da Europa. Porém, o relatório Olhos que não querem ver (Save the Children), denuncia que somente 15% dos casos de violência sexual contra um menor são denunciados. Tal disparidade nos deve fazer pensar no porquê tantas crianças são abusadas e tão poucas são amparadas.

Estima-se que entre 70% e 85% dessas agressões procedem de um parente ou de alguém próximo ao núcleo familiar. A idade média do primeiro abuso é em torno de 9 a 10 anos. Nessa fase de vida ocorre a organização, diferenciação, sofisticação e ampliação do aparato psíquico. Em outras palavras: a preparação para um adulto saudável psiquicamente. Um abuso sexual ocorrido nesse momento - e, em geral, por alguém que deveria trazer confiança - causa um desequilíbrio no amadurecimento psicológico. Desde fatores neuroquímicos liberados pelo estresse causado pelo abuso, muitas vezes repetitivo, até aspectos que envolvem a construção do ego, trazendo sentimentos de culpa, vergonha, inferioridade e desconfiança. Nessa fase da vida, a natureza nos faz equilibrar sentimentos impulsivos com sentimentos mais refinados e elaborados. Os laços de confiança se concretizam, assim como uma identidade e uma personalidade íntegra. Isso aconteceria num mundo perfeito. Em vítimas de abuso sexual - o que não envolve apenas penetração - a formação psíquica ocorre, muitas vezes, de forma desordenada, trazendo consequências a longo prazo.

Em geral, a criança não conta sobre o abuso, pois sentimentos de culpa e medo, ameaças e inferioridade a assombram. Mas mudanças de comportamento já são visíveis: alterações de sono, apetite, retraimento social, redução do rendimento escolar, irritabilidade, agressividade, tristeza e choro imotivado devem nos fazer prestar atenção. Tais sintomas podem ser compartilhados com diversas causas, mas entre elas, nós, os adultos, devemos cogitar a possibilidade de abuso sexual. Num mecanismo de defesa, achamos que isso nunca ocorrerá tão próximo de nós, mas não é o que as notícias e as estatísticas revelam. Formas adequadas de abordar o assunto com uma criança devem ser rotina e parte da educação. Não se trata de uma aula de etiqueta, mas sim da formação de uma pessoa saudável. O tabu em discutir-se sexualidade e abuso na infância deve ser quebrado. Mas vale ressaltar que, para tudo, há formas adequadas, bom senso e informação para uma abordagem assertiva. Respeitar a fase da infância, seu contexto cultural, habilidades sociais e seu nível de amadurecimento é fundamental. É preciso trazer o assunto para o cotidiano, mas de forma qualificada. Assim, desmistificamos o medo e o sentimento de inferioridade que o abusador causa à vítima, e trazemos mais discernimento à criança de quem realmente está errado. Seu diálogo fica mais aberto e a proximidade com a família se estreita, reduzindo também aspectos de desconfiança.

Atualmente, grande parte dos casos de abuso sexual na infância e adolescência só vêm ao conhecimento de outros (inclusive da justiça) na fase adulta. Anos se passam até que o adulto consiga externalizar essa violência. Até lá, a probabilidade de doenças psiquiátricas aumenta de forma considerável. Suicídio, depressão, transtornos de personalidade, ansiedade generalizada e transtorno bipolar são exemplos de doenças comportamentais que têm a taxa aumentada na vigência de um abuso sexual. Os transtornos psiquiátricos atingem cerca de 700 milhões de pessoas no mundo, representando 13% do total de todas as doenças. Podemos pensar que esse número ainda está subnotificado, devido ao preconceito e psicofobia ainda existentes. Depressão já é a segunda causa mais comum de invalidez em todo o mundo e suicídio é terceira causa de morte entre jovens, sendo que o Brasil ocupa 8ª posição no ranking mundial de suicídio. Tal panorama nos faz ver que as consequências a curto e longo prazos do abuso sexual está mais perto do que imaginamos, assim como as vítimas. Basta enxergar.








Raquel Heep - médica psiquiatra e mestranda em Ensino nas Ciências da Saúde. É preceptora e docente da Residência Médica em Psiquiatria da Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba e professora de Saúde Mental do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP).


Aprenda a perdoar em 4 passos


Heloísa Capelas, especialista em inteligência comportamental, ensina que perdoar é um importante passo para a cura interior


Perdoar alguém por uma situação que ainda dói é um processo que exige mais que uma decisão. Nem sempre estamos prontos para passar a borracha e recomeçar. Mas o que fazer para curar a ferida aberta? Como encontrar o caminho da paz interior novamente? 

Segundo Heloísa Capelas, especialista em inteligência comportamental, diretora do Centro Hoffmann e autora do livro "Perdão, a revolução que falta", o perdão é um sentimento individual. Você pode perdoar uma pessoa sem ter que explanar isso a ela "O perdão é seu. Quando você perdoa alguém, a cura é sua. A sua inteligência emocional é exercitada de forma a compor um organismo mais pleno", diz 

"Devemos dar o perdão nosso de cada dia. Perdoar o colega de trabalho por ter tido uma conduta mal-educada durante uma reunião, perdoar um desconhecido que te fechou bruscamente no trânsito, perdoar o vizinho que não te deixou dormir à noite por conta do som alto e, principalmente, perdoar os pais e demais familiares por conta de atitudes que causaram mágoas. Perdoar é um ato de inteligência emocional e de cura interior", diz. 

A especialista ressalta que perdoar nem sempre é simples, embora seja o único caminho para a libertação. "Esquecer o que aconteceu não é fácil. Temos a sensação de que perdoar seria demonstrar que a nossa dor não vale tanto assim e, desta forma, em alguns casos, entramos em um ciclo sem fim, que alimenta a vingança e o próprio sofrimento e ressentimento", afirma. 

Já que o perdão é uma condição fundamental para o tratamento das dores emocionais, confira quatro dicas elaboradas por Heloísa:


1- Fale sobre a sua dor

A boca fala o que o coração está sentindo. Por isso, muitas vezes, uma pessoa magoada não consegue falar de outro assunto. Estudos demonstram que, cada vez que nos recordamos dos acontecimentos que elegemos como imperdoáveis, nosso organismo reage quimicamente de forma nociva. Ou seja, não perdoar – ou ficar preso ao ressentimento – faz mal à saúde. Segundo Heloísa, transformar a dor em palavras não significa falar mal do outro, mas sim, relatar o que, de fato, aquela circunstância significa para você. Ter alguém de confiança para desabafar pode ser uma boa saída. Mas, caso você prefira fazer isso sem envolver outras pessoas, escrever em um diário pode ser uma alternativa. "Canalizar a mágoa é uma forma de centralizar sua angústia e colocar um ponto final na culpa do outro", diz 


2- Reconheça suas fragilidades

O primeiro passo para uma vida sem culpas é reconhecer os motivos que te levaram a uma situação desconfortável. Colocar na balança a sua parcela de culpa e identificar o que você poderia ter feito para evitar o confronto é uma excelente alternativa para uma vida de desapego de sentimentos ruins. Refletir sobre os prós e os contras de tal situação é um exercício de inteligência emocional. 


3- Seja o "ponto final" de maus-tratos

Segundo Heloísa Capelas, nos mais de 30 anos de trabalho como terapeuta familiar, já ouviu inúmeras vezes filhos culpando seus pais por situações não resolvidas. Essa repetição de padrão é um ponto forte no desequilíbrio das relações diárias. "Todos nós estamos em profunda conexão com o universo e o universo está igualmente conectado conosco. Quanto mais abertos e atentos estivermos a esse elo, mais preparados estaremos para receber o que é nosso por direito", explica. 


4- Dê o pontapé inicial 

O poder do perdão é individual e intrasferível. Muitos pensam que perdoar é se reconciliar com o outro e, por isso, acabam na frustração. Segundo Heloisa, o apego à raiva e o sentimento de vingança tornam o ciclo mais complicado. Livrar-se dessa corrente pode salvar vidas, inclusive a sua. "Você pode perdoar em silêncio. O outro nem sempre precisa saber do seu perdão. A cura e o ponto final desse ciclo pode estar em não sentir mais raiva", explica.



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