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segunda-feira, 12 de abril de 2021

Esclerose múltipla: especialista esclarece mitos e verdades sobre imunização

 

 Doença afeta cerca de 35 mil brasileiros[1]


Não é incomum pacientes com doenças autoimunes ter dúvidas sobre vacinação. Devo me vacinar? Qualquer tipo de vacina é compatível? Quais são as recomendações? Para sanar essas e outras dúvidas, conversamos com o neurologista Dr. Herval Ribeiro Soares Neto, que explicou a importância da vacinação em quem lida com uma doença crônica, como a esclerose múltipla (EM), doença autoimune, na qual o sistema imunológico ataca o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal).

"Existem diversos mitos e argumentos contrários à vacinação. E quando se trata de imunização em doenças autoimunes, a desinformação normalmente é maior. Por isso, antes de mais nada, precisamos reforçar que o ganho com a imunização, de maneira geral, é muito grande, ultrapassa a prevenção individual", esclarece o especialista.


Quem tem esclerose múltipla está mais suscetível a contrair infecções.

Verdade. Pessoas com a doença têm um risco maior de contrair infecção quando comparamos com quem não tem uma condição autoimune[2]. Isso pode acontecer porque quando a doença não está controlada, o corpo fica mais suscetível ao ataque de vírus e bactérias. E devemos lembrar que as infecções podem elevar o risco de surtos e aumentar a incapacidade[3], daí a relevância de se vacinar.


A vacinação não é recomendada em pessoas que têm EM.

Mito. A vacinação é um pilar da saúde pública e uma das formas mais seguras e eficazes de prevenir doenças infecciosas[4][5]. Órgãos internacionais, como a National Multiple Sclerosis Society e a Academia Americana de Neurologia (AAN), recomendam que pessoas com EM recebam vacinas de acordo com as diretrizes-padrão. As entidades propõem que a estratégia de imunização seja individualizada por paciente[6], uma vez que o aspecto clínico da esclerose múltipla varia de indivíduo para indivíduo.


Não é qualquer tipo de vacina que é recomendada para quem tem esclerose múltipla.

Verdade. As vacinas podem ser divididas em dois grupos: as atenuadas e as inativadas. Quem tem EM, deve evitar as vacinas atenuadas. Esse tipo de imunizante pode acentuar os sintomas da doença ou causar outros[1]. Por isso, é recomendado evitá-las. Entre as vacinas atenuadas, por exemplo, temos as de tuberculose, sarampo, caxumba, rubéola e da febre amarela, que são, geralmente, contraindicadas para pessoas com sistema imunológico enfraquecido[1]. Normalmente, as vacinas toleráveis em quem tem esclerose múltipla são as de vírus inativado[7], quando o agente infeccioso foi morto e é incapaz de causar a doença; de subunidade[1], quando é utilizada uma parte da proteína ou de um antígeno, e a toxoide[1][8], que contêm uma toxina bacteriana quimicamente modificada, que estimula uma resposta imunológica, ajudando a formação de anticorpos.


Quem usa medicamentos modificadores da doença não precisa reavaliar o status de vacinação para confirmar a imunoproteção.

Mito. Após a imunização é fundamental que o paciente faça uma reavaliação com o profissional de saúde para checar a imunoproteção[4]. A resposta autoimune pode variar em cada caso, por isso, a necessidade dessa checagem com o profissional de saúde que o acompanha.


Quem está em surto deve atrasar a vacinação.

Verdade. De acordo com as diretrizes internacionais, os pacientes em surto devem atrasar a vacinação. Contudo, não temos como estabelecer um período, pode variar de pessoa para pessoa. Esse prazo precisa ser discutido com o médico.


As recomendações a respeito da vacinação para quem tem EM, servem para todos os pacientes.

Mito. As recomendações podem variar. Os profissionais de saúde devem avaliar cada situação de maneira individual.

Para finalizar, Dr. Herval reforça que o paciente sempre deve buscar informações com um especialista. "O paciente deve seguir as recomendações de quem o acompanha. Esses profissionais são as pessoas mais aptas para dar as diretrizes mais adequadas, uma vez que conhecem o histórico e sabem qual é o perfil da doença do paciente", conclui.


Saiba mais sobre a esclerose múltipla[9][10][11]: a EM é caracterizada por um processo de inflamação crônica que pode causar desde problemas momentâneos de visão, falta de equilíbrio até sintomas mais graves, como perda de visão e paralisia completa dos membros. A esclerose múltipla está relacionada à destruição da mielina - membrana que envolve as fibras nervosas responsáveis pela condução dos impulsos elétricos do cérebro, medula espinhal e nervos ópticos. A perda da mielina pode dificultar e até mesmo interromper a transmissão de impulsos nervosos. A inflamação pode atingir diferentes partes do sistema nervoso, provocando sintomas distintos, que podem ser leves ou severos, sem hora certa para aparecer. A doença geralmente surge sob a forma de surtos recorrentes, sintomas neurológicos que duram ao menos um dia. A maioria dos pacientes diagnosticados são jovens, entre 20 e 40 anos, o que resulta em um impacto pessoal, social e econômico considerável por ser uma fase extremamente ativa do ser humano. É uma doença inflamatória e degenerativa, que progride quando não tratada. É senso comum entre a classe médica que para controlar os sintomas e reduzir a progressão da doença, o diagnóstico e o tratamento precoce são essenciais.



Referências

[1] Guia de Discussão sobre Esclerose Múltipla no Brasil - Juntos para um Novo Futuro. Acesse em:
www.guiadaem.com.br
[2] Luna G et al. JAMA Neurol. 2019;77(2).
[3] Loebermann M et al. Nature Rev Neurol. 2012;8:143-151.
[4] Chevalier-Cottin E. Infect Dis Ther. 2020 Jun 24 [Epub ahead of print].
[5] Poljak M et al. Clin Microbiol Infect. 2014;20 Suppl 5:1.
[6] Farez M et al. Neurology. 2019;93:584-594.
[7] Ciotti J. Mult Scler Relat Disord. 2020 Aug 1;45:102439 [Epub ahead of print].
[8] Vetter V et al. Ann Med. 2018. 50:110-120.
[9] Neeta Garg1 & Thomas W. Smith2. An update on immunopathogenesis, diagnosis, and treatment of multiple sclerosis. Barin and Behavior. Brain and Behavior, 2015; 5(9)
[10] Noseworthy JH, Lucchinetti C, Rodriguez M, Weinshenker BG. Multiple sclerosis. N Engl J Med. 2000;343(13):938-52.
[11] Cristiano E, Rojas J, Romano M, Frider N, Machnicki G, Giunta D, et al. The epidemiology of multiple sclerosis in Latin America and the Caribbean: a systematic review. Mult Scler. 2013;19(7):844-54


O impacto da COVID na fertilidade feminina

Especialistas respondem as perguntas sobre a covid-19, a fertilidade da mulher, congelamento de óvulos e a segurança durante o lockdown

 

O Covid pode interferir na minha fertilidade? Estou grávida, devo ser vacinada? Meus óvulos podem ser infectados pela Covid? A vacina causa algum efeito durante o processo de aplicação dos hormônios para estimulação dos óvulos?


São perguntas como essas que rondam os consultórios de especialistas de reprodução assistida. Com o crescimento exacerbado de mulheres que passaram a congelar seus óvulos no período da pandemia, cresceu também os questionamentos das mesmas referente a ação da Covid-19 na fertilidade, no óvulo e na segurança do procedimento. Dois especialistas que estão presentes no dia a dia de estudos de renomadas instituições nacionais e internacionais sobre o tema, Dr Emerson Barchi Cordts (Ginecologista especializado em cirurgia vídeo-endoscópica, Mestre e Doutor em Medicina Reprodutiva pela FMABC), e Ivan Henrique Yoshida (Embriologista, Especialista em Reprodução Humana, Mestre em Genética Reprodutiva pela FMABC), buscam esclarecer algumas dessas dúvidas.

 

As respostas para algumas perguntas não podem ser trazidas com absoluta precisão pela sociedade médica, mas algumas evidências já foram apontadas por estudos recentes divulgados por publicações de grande impacto como, por exemplo, a existência de uma taxa de complicação um pouco maior nas gestantes infectadas pelo vírus, bem como o sêmen do homem infectado acusar a presença de COVID-19. Esses dados norteiam a decisão da mulher e/ou casal em planejar um pouco mais a gravidez, sendo uma das alternativas mais seguras nesse momento a criopreservação de óvulos.

 

O Covid pode interferir na fertilidade feminina?


Segundo Dr. Emerson Barchi Cordts, a Covid-19 parece não interferir na fertilidade feminina. O Sars Cov 2, que é o vírus causador da Covid 19, é um vírus gripal da família coronaviridae que causa um quadro sintomático autolimitado de gripe num primeiro momento. O grande problema está no quadro inflamatório exagerado ocorrido em alguns pacientes gerados por essa doença. Conhecido como tempestade inflamatória ou tempestade imunológica, essa reação em algumas pessoas ocorre de forma atípica e muito intensa, criando um cenário de inflamação desordenada no organismo. É essa resposta inflamatória que leva as complicações, tanto pulmonares, quanto intestinal, cerebral, cardíaca, pele, dentre outras. A base disso, ainda pouco compreendida, pode ser um problema no vaso, chamado de vasculite.

 

Do ponto de vista da fertilidade, até onde os estudos mostram, não existe uma relação de efeito negativo. Em relação a gestante, a meta análise publicada em março desse ano no Canadian Medical Association Journal (cruzando os dados de 42 estudos, com destaque para o norte-americano publicado no Journal of American Medical Association em janeiro de 2021), com aproximadamente 440 mil gestantes, mostra que existe uma taxa de complicação um pouco maior nas gestantes infectadas com o vírus versus as gestantes sem COVID-19, destacando a hipertensão, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e pré-termo.


A mulher grávida deve ser vacinada?


Toda gestante é considerada paciente de risco, porque a mulher grávida tem a sua imunidade diminuída, o que a deixa mais propensa a pegar qualquer tipo de infecção, inclusive o coronavírus. Não foram detectados casos significativos de transmissão vertical: de mãe para feto.

 

O que explica essa não transmissão é a ausência do vírus no feto, placenta e a ausência de sinais dos sintomas no feto. De acordo com o Caderno Digital: Covid-19 e Vacinas na Gestação, elaborado pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida e publicado em seu site (sbra.com.br) a vacina estimula a produção de anticorpos passados da mãe para o feto, sendo assim é recomendada a vacinação para a gestante.

 

Os casos de transmissão da grávida para o bebê são extremamente raros, a mãe atua como um escudo protetor para o feto ao ser infectada, já que ocorrerá a produção de anticorpos absorvidos pelo pequeno durante o período de gestação por meio do cordão umbilical.

 

Já as crianças recém-nascidas que adquiriram a Covid-19 logo depois do nascimento mostraram um quadro evolutivo muito bom. Apesar do bebê ser extremamente frágil, o fato de seu sistema imunológico não ter começado a trabalhar ainda e não ter sido exposto a patógenos poderia explicar essa reação positiva no combate ao vírus. Conclui-se então que os riscos são muito pequenos em relação a fertilidade, em relação a gravidez e em relação a criança.

 

O vírus pode chegar no sistema reprodutor da mulher?


Segundo Emerson Barchi Cordts, essa chegada do vírus ao sistema reprodutor da mulher pode ocorrer. Como qualquer vírus, o Corona passeia por todos os órgãos do corpo. O que as evidências mostram é a baixa probabilidade da passagem placentária. No caso da gestante a placenta funciona como um grande filtro. O vírus gripal, não só a Covid-19, mas também o H1N1 por exemplo, não exerce uma transmissão vertical significativa, dessa forma por estar dentro da placenta a idoneidade do líquido amniótico é preservada.

 

Os óvulos podem ser infectados pela Covid?


De acordo com Ivan Henrique Yoshida, não existem dados na literatura de que a infecção causada pelo SARS-COV-2 possa afetar diretamente os gametas (óvulos e espermatozóides).

 

No entanto, alguns estudos já demonstraram que a infecção pelo coronavírus pode levar à diminuição da qualidade seminal. Isso ocorre, provavelmente, pela dinâmica da produção espermática, que leva 72 dias e ocorre nos túbulos seminíferos dos testículos. Após esse período, eles ficam armazenados no epidídimo (órgão adjacente aos testículos). Por ser um processo longo e pelos testículos estarem mais vulneráveis a infecções, o impacto nos homens pode ser maior.

 

Já os óvulos, se encontram nos ovários, protegidos em estruturas denominadas folículos. O ciclo ovulatório de um folículo recrutado dura 14 dias. O período de exposição é menor, e após a ovulação, o gameta feminino é imediatamente captado pela trompa uterina e fertilizado pelo espermatozoide. As mulheres que desejam criopreservar os seus óvulos, deverão testar negativo para o vírus e, caso se contaminem no período do tratamento, ou seja, durante os 10 dias que utilizarão hormônios para estimular a produção dos óvulos, o procedimento deverá ser adiado. 

Todas essas medidas garantem que o processo de tratamento em reprodução assistida, quer seja a Fertilização In Vitro (FIV) ou a Vitrificação de Óvulos (Congelamento), ocorram com o máximo de segurança, tanto para as pacientes, quanto para as amostras manipuladas no laboratório; impossibilitando a contaminação cruzada.


A vacina causa algum efeito na mulher durante o processo de aplicação dos hormônios para estimulação dos óvulos?


Segundo Dr. Emerson Barchi Cordts, não existe nenhum efeito da vacina na aplicação dos hormônios. A vacina, qualquer uma delas, estimula o sistema imunológico a reconhecer uma proteína viral e a desenvolver uma resposta imunológica contra o vírus. Isso não tem como prejudicar a evolução de um tratamento, nem concomitantemente e tampouco a futuro. Os estudos com as vacinas estão em andamento, sendo assim não se pode afirmar qualquer provável efeito.  

 

Congelar óvulos durante a pandemia em home office é seguro? Qual o protocolo indicado as pacientes e o adotado pelas clínicas de congelamento de óvulos?

Quando começou a pandemia no ano passado, até agosto de 2020, o mundo viveu momentos bem restritivos em relação as clínicas de reprodução assistida, ninguém sabia ao certo o impacto que ela tinha, tanto na mulher, na grávida, no feto, nos óvulos e no espermatozoide, então sempre que uma doença nova se apresenta e não se sabe qual o impacto causador numa sociedade, a primeira ação é a cautela. “Quando essa situação passou a ser tratada como pandemia a orientação das sociedades médicas do mundo todo foi de não transferir embrião, congelar os óvulos das pacientes que já tinham iniciado o tratamento e, não iniciar outros tratamentos, ou seja, ainda que estivéssemos em um período de crise, quem já havia começado o tratamento poderia finalizar e/ou congelar. Como o impacto nos óvulos sempre se mostrou muito pouco provável, até por se tratar de um vírus gripal, não houve a restrição ao congelamento, houve uma restrição em transferir embrião”, relata Dr. Emerson Barchi Cordts.

      

O Mestre e Doutor em Medicina Reprodutiva pela FMABC, diz que fazer o tratamento durante essa fase de pandemia tem as suas vantagens, uma vez que boa parte das mulheres estão trabalhando em regime de "home-office", o que lhes garante menor risco de infecção e maior comodidade e disponibilidade para as visitas médicas que se façam necessárias. Por outro lado, as clínicas e laboratórios de reprodução assistida estão seguindo rigorosos protocolos e aplicam todos os que são exigidos pela ANVISA, os chamados POPs (Protocolo operacional de funcionamento de cada procedimento).


·        A realização do PCR nas pacientes que entrarão na clínica e funcionários, evitando a contaminação cruzada;

·        A solicitação do paciente comparecer desacompanhado na clínica, evitando assim o aumento de fluxo dentro do local;

·        O espaçamento de consultas tanto em tempo quanto em espaço físico para evitar aglomeração na sala de espera;

·        O controle de temperatura dos pacientes e funcionários toda vez que adentram a clínica;

·        A utilização de propé (protetores de sapatos) a todos os pacientes, oferecidos por nós, evitando assim a contaminação trazida da rua para dentro do consultório;

·        Se a máscara da paciente não é adequada lhe é oferecido o mesmo modelo utilizado pela equipe médica e de saúde, comprovadamente eficazes;

·        Estimulamos a higienização das mãos o tempo todo, disponibilizando álcool gel, que estão espalhados por todo o espaço, em todos os setores: recepção, consultório, banheiro, cozinha e sala de espera;

·        Os funcionários, médicos e staff trabalham com todos os EPIs necessários e exigidos pelos órgãos regulamentadores;

·        E atualmente a vacinação de todos os colaboradores.

 

No caso das pacientes pede-se que evitem a exposição desnecessária com outras pessoas, ou caso seja impossível, utilizar a máscara de filtro e realizar a todo momento a assepsia das mãos.

 

Então para a mulher que deseja engravidar e não está vendo uma luz no fim do túnel nesse atual cenário, a criopreservação de óvulos nesse momento cai como uma luva, pois ela estará segura em todos os âmbitos e tranquila quanto a idade de seu óvulo

 




Dr. Emerson Barchi Cordts - Médico, formado em 1994 na Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), com residência médica em Ginecologia, Obstetrícia e Cirurgia Vídeo-Endoscópica pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) e especializado pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Entre 1998 e 2001 foi fellow em Ginecologia e Obstetrícia pelo Monmouth Medical Center at Long Branch – Hahnemman University, Philadelphia, USA; fellow em Medicina Reprodutiva pela Profert Reprodução Humana, São Paulo, Brasil e pela University of Alabama at Birmingham (UAB – Georgia, USA). Entre 2001 e 2002 coordenou a Unidade de Reprodução Assistida (URA) do Hospital e Maternidade São Luiz em São Paulo. Em 2003 fundou a Embryo Genesis Reprodução Humana. É membro das sociedades Paulista de Medicina Reprodutiva (SPMR); Brasileira de Reprodução Humana (SBRH); Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA); Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e Européia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE). Autor de inúmeros trabalhos em revistas internacionais e capítulos de livros no Brasil. Atualmente, é palestrante nacional e internacional em Reprodução Humana para os laboratórios Merck Group e Ferring Pharmaceuticals. Foi diretor científico dos Simpósios Internacionais de Reprodução Humana e Genética do Instituto Ideia Fértil (FMABC) nos anos de 2016, 2017, 2018 e 2020





Ivan Henrique Yoshida - Biomédico, com habilitação em Reprodução Humana Assistida (2010) pela Universidade de Santo Amaro (UNISA). Pós-Graduado em Infertilidade Conjugal e Reprodução Assistida pela Sociedade Paulista de Medicina Reprodutiva – SPMR (2011) e Mestre em Genética Reprodutiva pela FMABC (2016). Atuou como embriologista na clínica Projeto ALFA (2010 – 2016) e gerente de laboratório na clínica Santo António – MATER, em Luanda/ Angola (2015 – 2016). Atualmente, é diretor de Laboratório de Reprodução Assistida do Instituto Ideia Fértil de Saúde Reprodutiva – FMABC, Coordenador da Pós-Graduação em Laboratório de Reprodução Humana na FMABC e consultor técnico de laboratórios de Fertilização In Vitro no Brasil e no exterior. Realizou estágios observacionais em diversas clínicas renomadas como G.EN.E.R.A. (Itália), IVI (Espanha), The Fertility Partnership (Inglaterra), IVFMD (EUA), dentre outros. Membro do Comitê Nacional de Embriologia da SBRH e do Comitê Científico dos Simpósios Internacionais de Reprodução Humana e Genética do Instituto Ideia Fértil (FMABC) nos anos de 2018 e 2020.

Tumor de testículo: saiba mais sobre esta doença pouco conhecida

Pixabay
Apesar de representar apenas 5% dos tumores que afetam homens, incidência tem aumentado nos últimos anos 

 

Quando se fala em doença que afeta a população masculina, o câncer de próstata aparece como o principal algoz da saúde dos homens. As campanhas de prevenção e cuidados são todas envolvendo a doença na próstata, que é o segundo câncer que mais atinge homens e representa 7,1% de todos os tipos de câncer considerados, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). 

Entretanto, há outra neoplasia que tem recebido atenção nos últimos tempos, pois os números começaram a crescer e despertar olhares da comunidade médica e dos pacientes homens. Trata-se do tumor de testículo, um nódulo que aparece no órgão e pode ocasionar dores e uma sensação de peso no testículo, que é o órgão responsável pela produção de hormônios e espermatozoides.

O tumor de testículo corresponde a 5% do total de casos de câncer entre os homens e, segundo o Atlas da Mortalidade por Câncer de 2019, o número de mortes causadas por tumor de testículo foi de 446. Além do baixo índice de mortalidade pela doença em si, muitos pacientes podem experimentar complicações do tratamento que podem os acompanhar ao longo de toda a vida, se não levar a óbito por outras causas. Portanto, a detecção precoce colabora com as chances de cura da doença e com menor sofrimento por parte do paciente em relação ao tratamento. Outra preocupação é que o tumor de testículo acomete praticamente homens jovens – entre 15 e 40 anos – de modo que as sequelas do tratamento e o risco de vir a desenvolver um outro tipo de câncer podem acompanhar o paciente por toda a vida. 

O especialista no assunto, o uro-oncologista Dr. Willy Baccaglini esclarece que o câncer de testículo muitas vezes é negligenciado. “Muitas vezes o câncer de testículo é confundido com uma inflamação na bolsa escrotal ou até mesmo um trauma local, o que faz com que a pessoa demore para chegar ao urologista. Isto pode interferir na taxa de cura destes homens, assim como pode interferir em sua fertilidade, assim como a produção de hormônios fundamentais tal como a testosterona”, afirma o urologista e mestre em Medicina Sexual pela FMABC. 

O aumento do câncer de testículo, ao longo do século XX, veio acompanhado do aumento de outras desordens no sistema reprodutor masculino, algumas relacionadas à descida do testículo para a bolsa escrotal durante as fases de  desenvolvimento, e a infertilidade. 

Portanto, uma das hipóteses para o surgimento do câncer de testículo é que ocorra alguma alteração comum para estas alterações e, consequentemente, um substrato genético muito importante. Este componente genético é corroborado pela maior incidência em homens filhos de homens com câncer de testículo ou irmãos de homens com câncer de testículo. Outro dado que fortalece esta associação genética é que são pacientes muito jovens que são diagnosticados (pico entre 15-35 anos) o que sugere que estes homens já trazem consigo alterações que os tornem suscetíveis ao desenvolvimento do tumor em si.

O médico ainda alerta que dentre os homens mais jovens, entre 15 e 40 anos, o tumor de testículo é o mais comum entre todos. “Pelo fato do diagnóstico de câncer se algo incomum entre pessoas jovens, o câncer de testículo em si, comparado a outros tumores, não é uma doença comum, porém quando olhamos apenas para homens entre 15-40 anos, o câncer de testículo é o tipo mais comum, e falta de informação a respeito disso pode impactar diretamente no diagnóstico precoce e complexidade do tratamento destes pacientes”, diz . 

Dr. Willy Baccaglini elenca algumas dúvidas mais comuns acerca do câncer de testículo: 


1 – Quais os sintomas e como detectar?

O principal sintoma é o aparecimento de um nódulo duro, geralmente indolor, de tamanho variável, que pode crescer rapidamente. Mas é importante ficar atento a outras alterações, como aumento ou diminuição no tamanho dos testículos, endurecimentos, dor na parte baixa do abdômen, sangue na urina e aumento do volume ou da sensibilidade nos mamilos.

“A genética é um dos principais fatores relacionados ao câncer de testículo. Os principais fatores de risco para esta doença são: parentes de primeiro grau diagnosticados com a doença (irmãos e pai), diagnóstico prévio de testículos ‘não descidos’ e homens com alterações de tamanho do testículo”, complementa o especialista. 

Assim como é recomendado às mulheres, nos casos de câncer de mama, o autoexame nos testículos é um dos primeiros passos para identificar qualquer anormalidade, nódulos ou inchaço nos testículos. A partir disso, exames laboratoriais ou clínicos, além de investigação sobre casos na família e possíveis sintomas, complementam a investigação e podem confirmar o diagnóstico. 

O acompanhamento preventivo e a detecção precoce de qualquer anormalidade no corpo são fundamentais para garantir uma vida mais saudável. Os índices de cura do tumor de testículo são altos, quando a doença é descoberta de maneira precoce. 

“Portanto, é muito importante que a educação e informação sobre o autoexame de testículo seja algo difundido, não apenas para reduzir o risco de morte pela doença, como também para que aqueles que são diagnosticados recebam tratamentos com menor risco de sequelas permanentes para toda a vida”, aponta. 


2- Pode afetar o pênis?

Pela proximidade dos órgãos e por trabalharem juntos, uma grande preocupação em relação ao câncer de testículo é afetar o pênis e acabar espalhando a doença, ou até prejudicando o desempenho sexual ou algo do gênero. Porém, o especialista afirma que, apesar de existir a possibilidade do tumor se espalhar para outros órgãos, como o abdômen e próximo aos rins, o pênis não é afetado. 

“O testículo é um órgão que ‘nasce’ durante o desenvolvimento do bebê na barriga da mãe, de um tecido próximo ao tecido que dá origem aos rins e, só ao final da gestação que os testículos se posicionam na bolsa escrotal. Portanto, o trajeto que o câncer de testículo ‘escolhe’ para se ‘espalhar’ é para o abdome, em uma região próxima aos rins chamada de retroperitônio e, não para o pênis”, detalha Baccaglini.


3- Pode ter alguma relação com a Covid-19?

Principal inimigo da saúde humana durante o último ano, as sequelas e consequências da Covid-19 ainda são nebulosas e estão sendo investigadas pela comunidade médica. Recentemente, além da impotência sexual observada em alguns pacientes acometidos pelo coronavírus, uma pesquisa da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) apontou que de 26 pacientes com casos leves e moderados da doença, que não se queixavam de dores escrotais, 42,3% apresentaram epididimite, uma inflamação em um canal atrás dos testículos, mas sem relação direta com câncer.

Além desse fato, o Dr. Willy alerta que a pandemia interferiu nos diagnósticos e, consequentemente, no tratamento do tumor. “Historicamente, o câncer de testículo é uma doença ignorada e que é caracterizada pela demora do paciente em procurar o sistema de saúde por falta de conhecimento, vergonha e medo. Portanto, a pandemia pode sim ter um impacto maior ainda neste atraso do paciente ser diagnosticado e receber um pronto atendimento”, detalha.


4- Pode causar esterilidade masculina?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os homens são os responsáveis em 40% dos casos de infertilidade. 

De acordo com o Dr. Willy, a infertilidade apresenta uma forte associação com tumor de testículo. Sabe-se que mais da metade (50-60%) dos homens com câncer de testículo apresentam alguma alteração no espermograma, com destaque para redução no número de espermatozoides, e até 10-15% são azoospérmicos = ou seja, não têm espermatozoides no espermograma” esclarece.

Estes dados não somente alertam para o fato da correlação, como também da importância de se oferecer alternativas do ponto de vista de fertilidade para estes homens antes do início de tratamentos mais agressivos, tais como a quimioterapia e a radioterapia, os quais podem piorar ainda mais a qualidade do sêmen.

Alguns poucos pacientes (2-2,5%) apresentam o câncer em ambos os testículos e o tratamento acaba os deixando estéreis invariavelmente, além de precisarem repor testosterona para o resto da vida. 


5 - E o tratamento, como funciona? 

Uma vez que o diagnóstico é positivo, a primeira opção de tratamento é cirúrgica, na tentativa de remover completamente o tumor alojado na bolsa escrotal. Em casos muito selecionados em que o nódulo é pequeno, onde há suspeita de um tumor benigno (não um câncer),  é possível optar por biópsia durante a cirurgia com intuito de se preservar o testículo e retirar apenas o nódulo. Em caso positivo para câncer, o testículo é removido totalmente. O mais comum é a equipe médica realizar a retirada completa do testículo afetado.  

Dr. Baccaglini esclarece que a alta chance de cura é resultado justamente da boa resposta do paciente aos tratamentos. “A boa taxa de cura dos tumores de testículo está relacionada à boa resposta destes à quimioterapia, que é considerada um marco no tratamento desse tipo de doença. Hoje, de uma maneira em geral, a cura pode ser alcançada na maior parte dos tumores em 90-95% dos casos, apesar do tratamento em uma parte considerável dos casos ser bastante agressivo e associado a complicações e elevada toxicidade", explica. 

 



Willy Baccaglini - Especialista em Uro-Oncologia; Membro do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein como Uro-Oncologista.  Mestre em Medicina Sexual pela FMABC.


Semana de Conscientização da Porfiria alerta a população sobre doença rara ainda pouco conhecida no Brasil

Campanha global acontece de 10 a 17 de abril. De difícil diagnóstico, doença genética afeta diretamente a qualidade de vida do paciente


A Porfiria Hepática Aguda (PHA) faz parte de uma família de doenças genéticas raras, caracterizadas por crises potencialmente fatais e, para alguns pacientes, por sintomas debilitantes crônicos que afetam negativamente as atividades diárias e a qualidade de vida.

A PHA é composta por quatro subtipos, cada um resultante de uma mutação genética que acarreta deficiência em uma das enzimas da via da biossíntese do heme no fígado: Porfiria intermitente aguda (PIA), Coproporfiria Hereditária (CPH), Porfiria Variegata (PV) e Porfiria por Deficiência de ALAD (PDA)1,2.

Nos Estados Unidos e na Europa, cerca de 5 mil pessoas apresentam uma ou mais crises, anualmente. Cerca de 1 mil pessoas sofrem crises frequentes e graves, que requerem várias hospitalizações a cada ano3. Aproximadamente 1 de cada 100 mil pessoas é diagnosticada com PHA sintomática4. Atualmente, não existem tratamentos no Brasil para impedir as crises debilitantes e tratar os sintomas crônicos da doença.

Os sintomas da PHA variam muito e geralmente ocorrem pela primeira vez no auge da vida produtiva dos pacientes, entre os 20 e 30 anos de idade. Predominantemente, a PHA afeta as mulheres, mas homens e mulheres herdam, com a mesma frequência, as mutações que causam a doença5. Os sintomas afetam a qualidade de vida de modo significativo, tais como:

  • Dor abdominal difusa e grave;
  • Náusea;
  • Urina escura/avermelhada;
  • Fraqueza, dormência;
  • Insuficiência respiratória;
  • Confusão, ansiedade, convulsões, alucinações, fadiga;
  • Lesões de pele crônicas ou causadas por exposição ao sol, incluindo a formação de bolhas em pacientes com PH e PV.

Os ataques podem ocorrer repentinamente com ou sem gatilhos identificáveis tais como: flutuações hormonais durante a menstruação, determinados medicamentos (por exemplo, antimicrobianos e anticonvulsivantes), dietas, consumo de álcool, tabagismo e estresse6,7,8,9.

É comum haver um diagnóstico incorreto da PHA, pois os sintomas muitas vezes podem se parecer com os de outras doenças mais comuns, como a síndrome do intestino irritável (SII), apendicite, fibromialgia e endometriose. Os pacientes podem permanecer sem diagnóstico por até 15 anos. Essa demora pode levar a cirurgias desnecessárias e aumentar a carga da doença, com sintomas como paralisia, hipertensão, doença renal crônica ou carcinoma hepatocelular (câncer do fígado).

Os sinais que podem sugerir PHA são:

  • Idas frequentes ao médico, incluindo clínico geral e especialistas;10
  • Sintomatologia continuada após intervenção cirúrgica;6,11
  • Impressão de dor psicossomática ou vício em drogas;8
  • Escurecimento da urina quando exposta à luz;8
  • Dor recorrente durante a fase lútea da menstruação.6

Os pacientes relatam que a PHA limita sua capacidade para trabalhar e manter uma vida social12,13:

  • 20% alegaram dispensa médica ou incapacidade física há muito tempo;
  • 47% tinham interações sociais limitadas;
  • 29% eram incapazes de sair de casa, o que demonstra os efeitos psicossociais da PHA na vida dessas pessoas.

 

Sobre a Semana de Conscientização da Porfiria (10 a 17 de abril)

A Semana de Conscientização da Porfiria é uma iniciativa da American Porphyria Foundation (APF) focada em iniciar uma conversa educativa e de conscientização sobre a porfiria com pacientes e profissionais de saúde. A APF é uma fundação sem fins lucrativos dedicada a melhorar a saúde e o bem-estar de todas as pessoas e famílias afetadas pela doença. No Brasil, a campanha é incentivada pela Associação Brasileira de Porfiria (Abrapo), instituição sem fins lucrativos que desde 2006 dá apoio às pessoas com porfirias e promove a integração entre médicos e pacientes de diferentes regiões do Brasil. Mais informações em porfiria.org.br e https://porphyriafoundation.org .

 


Referências:

  1. Bissell, Wang. J Clin Trans Hepat. 2015;3(1):17-26.
  2. Puy, Hervé et al. Lancet. 2010;375:924-937.
  3. Anderson, Bloomer et al. Ann Intern Med. 2005;142(6):439-450.
  4. Elder G, Harper P, Badminton M, Sandberg S, Deybach J-C. J Inherit Metab Dis. 2013;36(5):849-857.
  5. Bissell DM, Wang B. J Clin Transl Hepatol. 2015;3(1):17-26. 7
  6. Anderson KE, Bloomer JR, Bonkovsky HL, et al. Ann Intern Med. 2005;142(6):439-450.
  7. Naik H, Stoecker M, Sanderson SC, Balwani M, Desnick RJ. Mol Genet Metab. 2016;119(3):278-283.
  8. Bissell DM, Anderson KE, Bonkovsky HL. N Engl J Med. 2017;377(9):862-872
  9. Balwani M, Wang B, Anderson KE, et al; for the Porphyrias Consortium of the Rare Diseases Clinical Research Network, Hepatology.
  10. Gouya L, Balwani M, Bissell DM, et al. Pôster apresentado à European Association for the Study of the Liver International Liver Congress; April 14, 2018
  11. Bonkovsky HL, Maddukuri VC, Yazici C, et al. N Engl J Med. 2014;127(12):1233-1241.
  12. Ventura P, Gouya L, Balwani M, et al. Pôster apresentado à European Association for the Study of the Liver International Liver Congress; April 10-14, 2019; Vienna, Austria.
  13. Bylesjö I, Wikberg A, Andersson C. Scand J Clin Lab Invest. 2009;69(5):612-618.

Infectologista pediátrica do GRAACC alerta sobre similaridade entre sintomas de gripes, resfriados e Covid-19

 Com os dias mais secos no outono a incidência de gripes e resfriados aumenta e pais e responsáveis devem ficar alertas com os sintomas; vacinação contra a gripe, que inicia nesta segunda-feira (12.04), é recomendada em crianças


O aumento de casos de gripes e resfriados é notado no início do outono, podendo se estender até o final do inverno. Dias com pouca umidade e temperaturas mais frias contribuem para o surgimento desses problemas principalmente nas crianças. Neste sentido, são necessárias ações preventivas com foco maior na população mais vulnerável como os pacientes oncológicos. Com a pandemia de Covid-19 o risco é ainda maior, pois os sintomas são similares.

O Sistema Único de Saúde (SUS) iniciará a campanha anual de vacinação contra gripe nesta segunda-feira (12.04), paralelamente à vacinação de Covid-19. O Ministério da Saúde pretende vacinar, até o dia 9 de julho, 90% dos grupos prioritários, inclusive crianças com idade acima de 6 meses e menores de 6 anos.

"Pais e responsáveis devem ficar atentos aos sintomas que sugerem tanto a Covid-19 quanto as doenças sazonais como gripes e resfriados e procurar o pronto atendimento em caso de dúvidas. Os mais comuns são tosse, coriza, febre, cansaço e dores no corpo, falta de ar e, em alguns casos, náuseas e vômitos. Sobre a imunização, as crianças devem tomar a vacina contra a gripe (vírus influenza). Ainda não temos vacinas para a população pediátrica, mas a proteção contra influenza é mandatória, pois, além de proteger a criança e consequentemente os familiares desse importante vírus, diminui a procura pelo hospital e, portanto, a exposição ao SARS CoV-2 explica a Dra. Fabianne Carlesse, infectologista pediátrica do Hospital do GRAACC, especializado em casos de alta complexidade de câncer infantojuvenil.

Pacientes oncológicos são os mais vulneráveis a estas infecções, além da Covid-19, e podem apresentar complicações graves, dependendo do nível de imunossupressão, principalmente quando os pulmões são acometidos", comenta Dra. Fabianne.


Dicas importantes

• Nunca é demais lembrar da importância de usar máscara (trocar a cada duas horas e se estiver suja ou molhada), respeitar o distanciamento social e evitar aglomerações.

• Procurar o pronto atendimento caso sintomas como febre, tosse, cansaço e dores no corpo persistirem por mais de dois dias.

• Hidratação também é uma maneira de prevenir gripes e resfriados, por isso beba de 1,5L a 2L de água todos os dias.

• Inalação com soro fisiológico é uma boa opção para limpar as vias respiratórias.

• Evite tocar em paredes, maçanetas e corrimãos, coçar olhos e nariz e levar a mão à boca e contato com pessoas resfriadas.

 


GRAACC

http://www.graacc.org.br


Especialista explica os principais comprometimentos ósseos causados pelo raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X

 


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Os ossos são considerados tecidos vivos que ajudam na movimentação, sustentação e na proteção dos órgãos vitais. Ou seja, eles têm um papel fundamental em nosso corpo. Por isso, doenças que afetam os ossos, como o raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X (XLH), têm um impacto relevante.

De acordo com a endocrinologista pediátrica, Renata Lago, as enfermidades ósseas metabólicas são patologias raras que, muitas vezes, exigem um grau de suspeita elevado do especialista, como é o caso do XLH, causado pela deficiência de fosfato e que pode ser confundido com outras condições que causam deformidades ósseas. "As hipofosfatemias podem ser confundidas com outras doenças. Quando o paciente apresenta só afastamento dos joelhos (também conhecido como geno varo) é preciso tomar cuidado com o diagnóstico", alerta.

A especialista explica que, como os ossos de quem tem a doença ficam mais maleáveis, a carga e o peso colocados sobre os membros inferiores acabam deixando as pernas do indivíduo arqueadas. "O principal sintoma ósseo do XLH são as pernas arqueadas. Mas quem tem XLH pode ter múltiplas fraturas, pseudofraturas, assim como calcificações extraósseas, que também são bem dolorosas. Além do tratamento adequado, o paciente precisa evitar traumas e ter acompanhamento multidisciplinar com fisioterapeuta, ortopedista, endocrinologista, dentista, educador físico e fisiatra", reforça a médica.

Mas, afinal, como é possível identificar o XLH? A endocrinologista pediátrica ressalta que o diagnóstico é feito com base no quadro clínico. "Geralmente, o primeiro sintoma que surge é o geno varo. Diante desta situação, o especialista precisa investigar o metabolismo do fósforo. Por meio de exames de urina e de sangue é possível averiguar as dosagens do fósforo e de outros minerais, como cálcio e magnésio, por exemplo. As radiografias também são importantes porque mostram alterações nos ossos que sugerem a doença".

Apesar do XLH não ter cura, é possível ter mais qualidade de vida com o tratamento. Atualmente, o Brasil já conta com terapia farmacológica específica que proporciona melhoras significativas ao mudar o curso natural da doença. "Por se tratar de uma condição progressiva, quanto mais cedo o paciente for diagnosticado e tiver acesso ao tratamento, melhor", conclui a especialista.


Saiba mais sobre o XLH: é uma doença progressiva, que pode trazer graves consequências para os pacientes e comprometer a qualidade de vida. Assim como acontece com 80% das doenças raras[1], o XLH tem origem genética, sendo geralmente herdado. Neste caso, devido à sua relação com o cromossomo X, o pai afetado pelo XLH transmitirá a condição a todas as suas filhas, mas nenhum de seus filhos será acometido. Já a mãe afetada pelo XLH tem 50% de chance de ter um filho ou uma filha com a doença. Entre os sintomas da doença estão deficiência de crescimento, alargamento dos punhos, joelhos e tornozelos, dor nos membros inferiores, alterações dentárias, fraqueza muscular, limitação funcional e pernas arqueadas. A doença tem prevalência aproximada de 1 a 9 casos para cada 1 milhão de pessoas[2].



Referências
[1] Ministério da Saúde. Disponível em http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/doencas-raras. Último acesso em março de 2021.
[2] X-linked hypophosphatemia. Disponível em http://www.orpha.net/consor/cgi-bin/Disease_Search.php?lng=EN&data_id=11911&Disease_Disease_Search_diseaseType=ORPHA&Disease_Disease_Search_diseaseGroup=89936&Disease(s)/group%20of%20diseases=XLH&title=XLH&search=Disease_Search_Simple. Último acesso em março de 2021


5 texturas de alimentos mais desafiadoras para crianças com dificuldades alimentares

Profissional ensina técnicas essenciais para a introdução dos

Divulgação

alimentos.


A fase da introdução alimentar é um desafio para a maioria dos pais. Além da preocupação com a qualidade da alimentação da criança, o estresse causado pela resistência da criança, somados a falta de informação dos pais tornam essa fase difícil e se os pais negligenciarem a seletividade e a recusa da criança no momento da refeição, os filhos podem sofrer posteriormente com problemas de saúde e até comportamentais.

A introdução deve ser feita de forma gradual, incorporando os alimentos a medida em que a criança vai se habituando com a transição da ingestão de leite materno para alimentos sólidos e pastosos. Segundo Carla Deliberato, fonoaudióloga dedicada ao tratamento da recusa  e seletividade alimentar em crianças de 06 meses a 12 anos, o período requer paciência e inteligência para encontrar maneiras agradáveis da criança entrar em contato com o alimento e aceita-lo naturalmente.

Por essa razão a profissional listou os alimentos mais desafiadores para as crianças que apresentam desafios sensoriais, que cursam com seletividade alimentar e sugere estratégias para introduzi-los no cardápio da criança.

 

Alimentos com texturas fibrosas – Embora sejam essenciais para a digestão e funcionamento do corpo, a percepção da quantidade líquidos, gorduras, umidade em relação a outros alimentos pode gerar desconforto para a criança, por essa razão, Carla sugere que eles sejam introduzidos de forma gradual e combinados com texturas já conhecidas pela criança. A dica é picá-los em tamanhos menores. Se forem frutas como manga, melancia ou melão, pode ser servido primeiro mais raspados. Depois, podem ser servidos em pedaços bem pequenos e combinados com outras frutas já aceitas. É possível também ofertar em forma de suco até a que criança se acostume com a textura fibrosa da fruta na boca, o que deve ser algo temporário. Já as carnes, inicialmente elas podem ser ofertadas mais processadas (ex: hamburguinho caseiros ou almôndegas) e posteriormente podem ser ofertadas bem cozidas e em pedaços bem pequenos, pois isso facilita a aceitação da textura na boca da criança e também contribuiu para o aprendizado gradual da mastigação.

Alimentos duros- Da mesma maneira que alimentos fibrosos criam sensações diferentes na boca, os mais secos e duros como torradas, alguns tipos de carnes e frangos grelhados devem ser servidos em pequenas quantidades, bem picados, sempre respeitando o tempo para a mastigação deles. Além disso, podem ser oferecidos com diferentes preparos e combinados com outras texturas.

Grãos  - Por serem uma textura que espalha em torno de toda cavidade oral, a criança tem mais dificuldade de organizar dentro da boca, por isso, requer mais paciência enquanto a criança reconhece e mastiga. Também devem estar bem cozidos e podem ser ofertados em forma de bolinhos, por exemplo. A estratégia de amassar um pouco pode facilitar a introdução, até que desenvolvam o paladar também; entretanto, vale considerar que o amassar deve ser uma estratégia que precisa ser passageira.

Alimentos com pouco tempero, sem sabor marcante – Pois é, muitos pais acreditam que as refeições preparadas para crianças não devem ser temperadas. Temperos industrializados possuem uma quantidade grande de sódio e conservantes que, de fato, não são saudáveis, mas os temperos naturais garantem sabor e aroma. O ser humano é muito ligado ao olfato e pode reconhecer algo apenas pelo cheiro. Comida sem sabor não é atrativa e ainda pode criar  rejeição do alimento na criança. Na medida certa, é saudável e importantíssimo para desenvolver o paladar. 

Alimentos pegajosos - Assim que é liberado pelo pediatra a introdução de alimentos, é muito importante que a criança consiga reconhecer o que é liquido e sólido. Purês de legumes, sopas cremosas são nutritivos, mas não devem ser únicos na refeição, precisam estar combinados com texturas diferentes para estimular a mastigação, caso contrário a criança pode desenvolver “preguiça” de mastigar e prejudicar a introdução de outros alimentos. É importante ressaltar que deve-se evitar bater os alimentos até que fiquem completamente pastosos, o ideal é que sejam amassados com um garfo e aos poucos deixando os alimentos em pedaços.

Carla também alerta sobre a importância da criança se envolver e ser estimulada a tocar na comida.  Tudo deve ser uma descoberta agradável, independente se vão gostar do alimento ou não. O importante é as crianças estarem dispostas a interagirem com os alimentos, seja manipulando, provando, cheirando, lambendo ou mordendo. É isso que desenvolverá o paladar dela e contribuirá para o aprendizado alimentar da criança. 

A introdução alimentar é um momento muito especial entre pais e filhos e criam conexões incríveis, desde o preparo, até o momento da refeição, por isso é importante incluir as crianças em todos os processos, pois além da familiaridade que a criança cria com o alimento, também reserva momentos incríveis e afetuosos.


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