Campanha global
acontece de 10 a 17 de abril. De difícil diagnóstico, doença genética afeta
diretamente a qualidade de vida do paciente
A Porfiria Hepática Aguda (PHA) faz parte de uma
família de doenças genéticas raras, caracterizadas por crises potencialmente
fatais e, para alguns pacientes, por sintomas debilitantes crônicos que afetam
negativamente as atividades diárias e a qualidade de vida.
A PHA é composta por quatro subtipos, cada um
resultante de uma mutação genética que acarreta deficiência em uma das enzimas
da via da biossíntese do heme no fígado: Porfiria intermitente aguda (PIA),
Coproporfiria Hereditária (CPH), Porfiria Variegata (PV) e Porfiria por
Deficiência de ALAD (PDA)1,2.
Nos Estados Unidos e na Europa, cerca de 5 mil
pessoas apresentam uma ou mais crises, anualmente. Cerca de 1 mil pessoas
sofrem crises frequentes e graves, que requerem várias hospitalizações a cada
ano3. Aproximadamente 1 de cada 100 mil pessoas é diagnosticada com
PHA sintomática4. Atualmente, não existem tratamentos no Brasil para
impedir as crises debilitantes e tratar os sintomas crônicos da doença.
Os sintomas da PHA variam muito e geralmente
ocorrem pela primeira vez no auge da vida produtiva dos pacientes, entre os 20
e 30 anos de idade. Predominantemente, a PHA afeta as mulheres, mas homens e
mulheres herdam, com a mesma frequência, as mutações que causam a doença5.
Os sintomas afetam a qualidade de vida de modo significativo, tais como:
- Dor
abdominal difusa e grave;
- Náusea;
- Urina
escura/avermelhada;
- Fraqueza,
dormência;
- Insuficiência
respiratória;
- Confusão,
ansiedade, convulsões, alucinações, fadiga;
- Lesões
de pele crônicas ou causadas por exposição ao sol, incluindo a formação de
bolhas em pacientes com PH e PV.
Os ataques podem ocorrer repentinamente com ou sem
gatilhos identificáveis tais como: flutuações hormonais durante a menstruação,
determinados medicamentos (por exemplo, antimicrobianos e anticonvulsivantes),
dietas, consumo de álcool, tabagismo e estresse6,7,8,9.
É comum haver um diagnóstico incorreto da PHA, pois
os sintomas muitas vezes podem se parecer com os de outras doenças mais comuns,
como a síndrome do intestino irritável (SII), apendicite, fibromialgia e
endometriose. Os pacientes podem permanecer sem diagnóstico por até 15 anos.
Essa demora pode levar a cirurgias desnecessárias e aumentar a carga da doença,
com sintomas como paralisia, hipertensão, doença renal crônica ou carcinoma
hepatocelular (câncer do fígado).
Os sinais que podem sugerir PHA são:
- Idas
frequentes ao médico, incluindo clínico geral e especialistas;10
- Sintomatologia
continuada após intervenção cirúrgica;6,11
- Impressão
de dor psicossomática ou vício em drogas;8
- Escurecimento
da urina quando exposta à luz;8
- Dor
recorrente durante a fase lútea da menstruação.6
Os pacientes relatam que a PHA limita sua
capacidade para trabalhar e manter uma vida social12,13:
- 20%
alegaram dispensa médica ou incapacidade física há muito tempo;
- 47%
tinham interações sociais limitadas;
- 29%
eram incapazes de sair de casa, o que demonstra os efeitos psicossociais
da PHA na vida dessas pessoas.
Sobre a Semana de Conscientização da Porfiria (10 a
17 de abril)
A Semana de Conscientização da Porfiria é uma
iniciativa da American Porphyria Foundation (APF) focada em iniciar uma
conversa educativa e de conscientização sobre a porfiria com pacientes e
profissionais de saúde. A APF é uma fundação sem fins lucrativos dedicada a
melhorar a saúde e o bem-estar de todas as pessoas e famílias afetadas pela
doença. No Brasil, a campanha é incentivada pela Associação Brasileira de
Porfiria (Abrapo), instituição sem fins lucrativos que desde 2006 dá apoio às
pessoas com porfirias e promove a integração entre médicos e pacientes de
diferentes regiões do Brasil. Mais informações em porfiria.org.br e https://porphyriafoundation.org .
Referências:
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- Puy, Hervé et al. Lancet. 2010;375:924-937.
- Anderson, Bloomer et al. Ann Intern Med. 2005;142(6):439-450.
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- Anderson KE, Bloomer JR, Bonkovsky HL, et al. Ann Intern Med.
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- Naik H, Stoecker M, Sanderson SC, Balwani M, Desnick RJ. Mol Genet
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- Balwani M, Wang B, Anderson KE, et al; for the Porphyrias
Consortium of the Rare Diseases Clinical Research Network, Hepatology.
- Gouya L, Balwani M, Bissell DM, et al. Pôster apresentado à
European Association for the Study of the Liver International Liver
Congress; April 14, 2018
- Bonkovsky HL, Maddukuri VC, Yazici C, et al. N Engl J Med.
2014;127(12):1233-1241.
- Ventura P, Gouya L, Balwani M, et al. Pôster apresentado à European
Association for the Study of the Liver International Liver Congress; April
10-14, 2019; Vienna, Austria.
- Bylesjö I, Wikberg A, Andersson C. Scand J Clin Lab Invest.
2009;69(5):612-618.
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