Cirurgião Plástico explica o que é a ginecomastia e
como resolver o problema
Embora a ginecomastia não tenha nenhuma ligação com
virilidade, o formato mamário feminino causa uma grande vergonha e inibição por
parte dos homens. Ginecomastia não tem relação com câncer de mama. Causada por
um desenvolvimento excessivo no tecido da região mamária masculina, o mal pode
ocorrer na infância, adolescência ou mesmo na velhice, que são as fases de
mudanças hormonais do homem sem nenhuma patologia de base, na maior parte dos
casos.
Há também alguns motivos que podem determinar o
aparecimento da ginecomastia, como: variedade de mudanças hormonais (aumento
dos estrógenos, diminuição dos andrógenos), desnutrição, doenças da tireoide,
testículo, hipófise, cirrose hepática, anabolizantes, além de alguns remédios
(como por exemplo, para hipertensão, evitar queda de cabelo entre outros) e
drogas (maconha, álcool, anfetaminas).
Ou seja, a ginecomastia é, na maioria dos casos, na
faixa etária de 15 anos, uma condição benigna, e muitas vezes regride
espontaneamente dentro de dois anos de evolução. Se a condição persistir em um
adolescente, é realizada a correção cirúrgica que proporciona um resultado
bastante satisfatório.
O cirurgião plástico Bernardo Ramalho explica como
deve funcionar a técnica cirúrgica. “Depende do tipo de ginecomastia e de sua
classificação. Normalmente é realizado um corte, uma incisão em semicirculo na
parte inferior da aréola, associada ou não à lipoaspiração”. Bernardo alerta
ainda que os principais problemas relacionados ao tratamento cirúrgico da ginecomastia
são irregularidades na superfície da mama, como hematoma ou esquimose (áreas
roxas no corpo), seroma, queloide ou cicatriz hipertrófica, mas tranquiliza:
“serão tomadas todas as precauções para se evitar quaisquer desses problemas.
Em alguns casos, por segurança do paciente, é necessário o uso de dreno por
alguns dias. O pós-operatório dura cerca de 7 a 10 dias e o déficit de
sensibilidade local em geral é transitório, durando no máximo um ano na maioria
dos casos”.
No homem adulto normal, não há tecido mamário
palpável. A ginecomastia apresenta-se como uma massa na região mamária,
palpável, variando de 1,0 a 10 cm de diâmetro. Geralmente apresenta uma forma
uni ou bilateral, podendo se expandir em direção à axila.
Os sintomas limitam-se à massa palpável e pouca dor
à palpação, principalmente nos adolescentes, porém, na maioria dos casos, a
doença é assintomática. A maioria dos casos de ginecomastia ocorre na puberdade
com uma incidência de 65% jovens entre 14 e 15 anos. Essa condição desaparece
durante os últimos anos da adolescência, apresentando-se apenas em 7% aos 17
anos de idade.
A ginecomastia é classificada com base em três
graus, de acordo com a classificação de Simon:
Grau I: pequeno aumento mamário sem flacidez de
pele;
Grau II: subtipo A – moderado aumento mamário sem
flacidez de pele; Subtipo B – moderado aumento mamário com flacidez de pele;
Grau III: grande aumento mamário com flacidez de
pele.
Ramalho completa: “A cicatriz fica localizada na
borda inferior da aréola, por isso fica escondida e menos aparente. O cirurgião
retira a glândula de consistência dura e aumentada que deverá ser examinada por
um patologista. Após a cirurgia, o paciente deve usar uma faixa compressiva por
aproximadamente 45 dias”.
A cirurgia leva cerca de 1h30, e o tempo de
internação de 12h a 24h. “Normalmente, é utilizada a anestesia local associada
ou não com a sedação, dependendo do grau de ginecomastia. O paciente pode
retomar as atividades escolares ou profissionais em uma semana. Deve-se evitar
exposição solar por dez dias. A atividade física leve está liberada em 15 dias.
Os exercícios físicos mais pesados podem ser retomados em três semanas”,
orienta Bernardo.
O resultado pode ser visto em dois meses. Como
técnica auxiliar, pode ser realizado a lipoaspiração que, em alguns pacientes,
pode ser usada como procedimento exclusivo.
BERNARDO RAMALHO - Formado pela Universidade
Gama Filho, é cirurgião plástico membro especialista da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica. Especializou-se pelo programa de residência médica do
Hospital Naval Marcílio Dia (Marinha do Brasil), onde realizou mais de 200
cirurgias plásticas, entre reparadoras e estéticas, e atuou como médico de
cirurgia geral no Hospital Municipal Miguel Couto e no Hospital Federal da
Lagoa.