Números em
pesquisas apontam que a atividade sexual é mantida em quase 90% das pessoas
entre 60 e 64 anos e 30% em pessoas com mais de 80 anos de idade. Mesmo com
altos índices, a sexualidade na terceira idade ainda carrega preconceitos.
“Ao
contrário do que muitos imaginam, pessoas com mais de 60 anos fazem sexo sim”.
A afirmação é do psicólogo Oswaldo M. Rodrigues Jr, especialista em
comportamento de casais e sexualidade do Inpasex (Instituto Paulista de
Sexualidade de SP). Ele explica que estudos e observações de profissionais de
saúde desde a década de 1970 tem permitido compreender a vida sexual de idosos
a partir da perspectiva profissional, e não da opinião carregada de
preconceitos das ruas.
“O
mais comum e direto é que não desejamos pensar que nossos pais e avós continuam
fazendo sexo. Uma crença comum em nossa cultura é associada ao sexo
reprodutivo, ou seja, nossos pais fizeram sexo sim, mas apenas para que
pudéssemos nascer. Assim, olhando nossos umbigos, não corremos o risco de
pensar que eles fizeram sexo pelo prazer. Mas, nossa cultura ensina as mulheres
terem sexo com finalidades reprodutivas, assim torna-se mais óbvio que os nosso
pais e avós que já cumpriram suas funções com o sexo, não fazem mais sexo!”,
explica o especialista.
Outro
fator cotidiano que leva a tal preconceito é o fato de que o mundo atual é
muito mais focado nos jovens. “Pela TV, no rádio, na internet e em toda a
mídia, percebemos o quanto a juventude é importante para a saúde e somente
jovens são sexualizados. Vivemos rodeados de imagens sexuais apenas em jovens,
e não para os idosos, e, mesmo quando se fala de alguma pessoa mais velha
e definimos como sensual ou erótica, são pessoas mais velhas que mantém aspecto
jovem”, fala Oswaldo.
Assim,
fica natural negar que aos idosos a privacidade e condições sociais que
permitam que tenham intimidades sexuais com outras pessoas, idosas ou não. E se
fazem sexo, a cultura patologiza, diz que é feio e tentam fazer com que pareçam
doentes. “Podemos não gostar da imagem mental de idosos fazendo sexo, ainda
mais se forem nossos parentes, mas eles fazem”, alerta o psicólogo que diz
ainda que “o é essencial que a família permita que os mais velhos tenham este
privilégio e assim encontrem e mantenham as vivências prazerosas trazidas pela
sexualidade como parte natural da vida – e não interessa quão velhos sejam”.
Para
finalizar, os números ainda apontam que casais que se percebem amando e mantém
contato físico constante podem estar até acima de 70 anos, mas possuem vida
sexual ativa por cerca de 3 a 4 vezes por semana!
Oswaldo M. Rodrigues Jr - Psicólogo formado pela
UNIMARCO (1984); foi Secretário Geral e Tesoureiro da WAS – World Association
for Sexology (2001-2005); Presidente da ABEIS – Associação Brasileira para o
Estudo da Inadequação Sexual (2003-2005); dedica-se a tratar de problemas
sexuais junto ao InPaSex – Instituto Paulista de Sexualidade – do qual é
fundador e diretor. Autor de mais de 100 artigos científicos e mais de 35
livros, dentre eles: Parafilias (Ed. Zagodoni) Terapia da Sexualidade (2 vol.,
Ed. Zagodoni); editor chefe da Revista Terapia Sexual : clínica, pesquisa e
aspectos psicossociais e co-cordenador do CEPES – Curso de Qualificação em
Psicoterapia Sexual do Instituto Paulista de Sexualidade..