As redes sociais fazem parte do nosso dia a dia,
seja em maior ou menor grau, a depender da rotina e afinidade de cada um. Muito
mais do que plataformas de entretenimento, elas passaram a desempenhar um
grande protagonismo no mercado corporativo, sendo explorada para fins de
networking, contratações, dentre outras aplicações. Por mais que seus
benefícios às empresas e aos profissionais sejam inegáveis, a presença nestes
meios pode impactar as carreiras e contratações de muitos talentos, em uma
influência que precisa ser claramente compreendida para que este acesso não
gere impactos negativos às partes.
Em uma época anterior ao avanço da digitalização,
era muito comum ouvirmos diversas recomendações de não misturarmos nossa vida
pessoal com a profissional. Afinal, cada uma era tida como algo separado e que,
teoricamente, não deveria influenciar a outra. Porém, com o crescimento da
tecnologia em nosso cotidiano, hoje, é praticamente impossível dissociar, por
inteiro, uma da outra.
Cada vez mais executivos e profissionais de
recrutamento e seleção pautam as decisões de contratação baseados no perfil e
comportamento dos candidatos expostos em suas redes sociais. Em dados da
ResumeBuilder, como prova disso, 74% dos entrevistados disseram que analisam as
páginas dos candidatos durante este processo – algo que, por mais que, em um
primeiro momento, possa parecer negativo, não deve ser encarado dessa forma.
As redes sociais trazem a público os bastidores de
nossas vidas que precisam, sim, serem levados em consideração em um processo
seletivo. Essas informações ajudarão a identificar se seu perfil e ideais são
compatíveis com os defendidos pela empresa. Verificar esse match pode evitar
frustrações enormes no futuro, além de elevar as chances de contratar um
talento que tenha afinidade e que esteja com esses pontos para um desempenho
frutífero.
O mesmo benefício de acesso deve ser usufruído pelo
candidato. Até porque, as marcas também possuem suas contas em redes sociais,
onde costumam divulgar seus projetos, culturas, valores, dentre tantas ações e
rotinas com os times – o que também favorece que o profissional tenha uma
melhor visão sobre aquele ambiente e se possui interesse em fazer parte deste
ecossistema.
Estamos em uma era de extrema conectividade, onde
as redes sociais precisam ser compreendidas como plataformas de acesso público.
Aqueles que não se sentem confortáveis em expor suas vidas online, sempre podem
ter a opção se privar suas contas ou, simplesmente, não serem tão ativos nestes
canais o que, consequentemente, reduzirá o acesso a tais informações
perante recrutadores.
Já para aqueles que são mais ativos nesses meios,
ao mesmo tempo que todos temos nosso direito de se expressar frente a quaisquer
assuntos, também é preciso compreender que esses posicionamentos poderão ser
levados em consideração em um processo seletivo, servindo de base para evitar
contratações que não tenham sinergia frente aos valores defendidos e buscados
pelo negócio.
Nesse sentido, a consciência e coerência são as
grandes palavras de ordem a ser seguida por ambos os lados. Consciência em
entender que não há por que levar as redes socias como influências negativas em
um recrutamento – visto que elevam as chances de uma contratação assertiva – e
coerência em, a partir disso, saber em como se posicionar publicamente
considerando este possível impacto.
Ao invés de serem ameaças à carreira, essas
plataformas podem ser grandes apoiadores para o sucesso profissional, apoiando
no maior entendimento de uma possível sinergia entre as partes. Caso essas
visões sejam distintas, também encare como algo positivo, de forma que evitem
frustrações inevitáveis em uma possível contratação. No final, é como se fosse
um flerte de relacionamento, onde, por meio delas, os interessados decidirão se
querem dar uma chance para firmar um possível casamento sólido e longínquo.
Ricardo Haag - sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção.
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