Em parceria com
Dan Ariely, professor de Psicologia e Economia Comportamental da Universidade
de Duke, Programa Semente inclui tema em seu material de aprendizagem
socioemocional
Um dos assuntos mais discutidos no Brasil
atualmente é sobre os grandes esquemas de corrupção constantemente mostrados no
noticiário. O que pouco se fala é que esses esquemas começam com pequenos atos
isolados de desonestidade. São eles que levam a uma percepção errônea de que
trapacear é permitido. Quando esse tipo de comportamento é identificado e
corrigido desde a infância, é possível gerar adultos mais honestos no futuro.
Pensando nessa necessidade atual, o Programa Semente – metodologia de
aprendizagem socioemocional inserido em escolas brasileiras – incluiu em seu
material a abordagem do tema honestidade, dentro do domínio da Tomada de
Decisões Responsáveis – um dos cinco trabalhados pelo Programa.
De acordo com Celso Lopes de Souza, psiquiatra, professor
e um dos criadores do Programa Semente, todos trapaceamos em maior ou menor
grau, já que essa é uma característica humana. “Quem nunca mentiu respondendo
que a comida estava gostosa? Essas pequenas mentirinhas podem ir se alargando e
ao mesmo tempo queremos parecer honestos e criamos desculpas para os pequenos
deslizes”, afirma.
É o que acontece, por exemplo, no esporte. Quando
um atleta começa a ingerir substâncias proibidas, ele se esconde atrás de
desculpas que dá a si próprio para melhorar a performance. “Uma pessoa
considerada corrupta não começa agindo com grandes planos de corrupção. Ela vai
cedendo aqui e ali até se afundar em esquemas escusos”, explica.
Colar na prova, plagiar textos e mentir sobre o
tempo gasto nas redes sociais são exemplos de ações desonestas que acontecem
entre crianças e adolescentes. Essas pequenas atitudes podem ficar maiores e
mais frequentes com o passar do tempo caso não haja uma intervenção.
Estudos de Dan Ariely, psicólogo e economista
Para ensinar crianças e adolescentes a lidar com
situações corruptíveis, o Programa Semente irá atuar a partir dos estudos do
Dr. Dan Ariely, psicólogo e economista comportamental que tem a trapaça como um
dos objetos de pesquisa. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Ariely compara
a corrupção a uma doença infecciosa e diz que, no Brasil, o vírus se espalhou
tanto que há uma pandemia. “É preciso identificar o que há de errado,
reconhecer que se está em um mau caminho e recomeçar quase que do zero",
diz. Nesse cenário, a educação tem papel fundamental para combater a corrupção.
Celso afirma que é importante salientar aos
alunos “o quanto é humano o impulso de cometer trapaças e procurar
justificá-las para poder sentir-se honesto”. Trabalhar estratégias e propor
atividades que exercitem a prevenção dessas trapaças será mais um objetivo do
Programa Semente.
A criação de mecanismos que freiem os pequenos
atos de desonestidade é urgente para construir uma sociedade saudável. “Se a
gente quer um Brasil melhor, precisamos que as escolas ensinem a não levar
vantagem desde cedo”, completa.
Programa Semente
www.programasemente.com.br