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quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Honestidade começa a ser abordada nas escolas


Em parceria com Dan Ariely, professor de Psicologia e Economia Comportamental da Universidade de Duke, Programa Semente inclui tema em seu material de aprendizagem socioemocional


Um dos assuntos mais discutidos no Brasil atualmente é sobre os grandes esquemas de corrupção constantemente mostrados no noticiário. O que pouco se fala é que esses esquemas começam com pequenos atos isolados de desonestidade. São eles que levam a uma percepção errônea de que trapacear é permitido. Quando esse tipo de comportamento é identificado e corrigido desde a infância, é possível gerar adultos mais honestos no futuro. Pensando nessa necessidade atual, o Programa Semente – metodologia de aprendizagem socioemocional inserido em escolas brasileiras – incluiu em seu material a abordagem do tema honestidade, dentro do domínio da Tomada de Decisões Responsáveis – um dos cinco trabalhados pelo Programa.
De acordo com Celso Lopes de Souza, psiquiatra, professor e um dos criadores do Programa Semente, todos trapaceamos em maior ou menor grau, já que essa é uma característica humana. “Quem nunca mentiu respondendo que a comida estava gostosa? Essas pequenas mentirinhas podem ir se alargando e ao mesmo tempo queremos parecer honestos e criamos desculpas para os pequenos deslizes”, afirma.
É o que acontece, por exemplo, no esporte. Quando um atleta começa a ingerir substâncias proibidas, ele se esconde atrás de desculpas que dá a si próprio para melhorar a performance. “Uma pessoa considerada corrupta não começa agindo com grandes planos de corrupção. Ela vai cedendo aqui e ali até se afundar em esquemas escusos”, explica.
Colar na prova, plagiar textos e mentir sobre o tempo gasto nas redes sociais são exemplos de ações desonestas que acontecem entre crianças e adolescentes. Essas pequenas atitudes podem ficar maiores e mais frequentes com o passar do tempo caso não haja uma intervenção.
Estudos de Dan Ariely, psicólogo e economista
Para ensinar crianças e adolescentes a lidar com situações corruptíveis, o Programa Semente irá atuar a partir dos estudos do Dr. Dan Ariely, psicólogo e economista comportamental que tem a trapaça como um dos objetos de pesquisa. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Ariely compara a corrupção a uma doença infecciosa e diz que, no Brasil, o vírus se espalhou tanto que há uma pandemia. “É preciso identificar o que há de errado, reconhecer que se está em um mau caminho e recomeçar quase que do zero", diz. Nesse cenário, a educação tem papel fundamental para combater a corrupção.
Celso afirma que é importante salientar aos alunos “o quanto é humano o impulso de cometer trapaças e procurar justificá-las para poder sentir-se honesto”. Trabalhar estratégias e propor atividades que exercitem a prevenção dessas trapaças será mais um objetivo do Programa Semente.
A criação de mecanismos que freiem os pequenos atos de desonestidade é urgente para construir uma sociedade saudável. “Se a gente quer um Brasil melhor, precisamos que as escolas ensinem a não levar vantagem desde cedo”, completa.

Programa Semente
www.programasemente.com.br

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