Amamentação não deve ser interrompida já que reduz mortalidade infantil e traz outros benefícios para a criança
Desde 1992, a primeira
semana de agosto (1 a 7) é dedicada a promover e defender o aleitamento no
mundo inteiro. E, nesse ano, o desafio de estimular a amamentação é ainda
maior. Por conta da pandemia de coronavírus, algumas mães estão com receio de
contaminar seus bebês com a doença. No entanto, a OMS aconselha que as mães
com suspeita ou confirmação de COVID-19 sejam encorajadas a iniciar e continuar
a amamentação. Evidências científicas mostram que os benefícios da
amamentação superam substancialmente os riscos potenciais de transmissão.
O aleitamento materno
é vital para a saúde e desenvolvimento das crianças ao longo de toda a vida
e reduz os custos para os sistemas de saúde, famílias e governos. De acordo com
a OMS, estima-se que a ação é capaz de reduzir em 13% a mortalidade infantil,
além de prevenir infecções respiratórias, hipertensão, colesterol alto,
diabetes e obesidade. Vale ressaltar também que um levantamento da OPAS
(Organização Pan Americana da Saúde) mostra que aleitamento materno nos
primeiros anos de vida salvaria mais de 820 mil crianças menores de cinco
anos em todo o mundo .
O ato de amamentar
também promove diversos efeitos positivos sobre o psicológico da mãe e do bebê.
A ação confere segurança emocional para ambos estreitando o laço entre
eles. E um vínculo seguro com a mãe, estabelecido desde os primeiros momentos
da vida e por toda a primeira infância, é crucial para que no futuro a crianças
aprendam a estabelecer relações saudáveis, seguras com outras pessoas.
Como amamentar em caso
de Covid?
Segundo a OMS, as mães
não devem ser separadas dos bebês a não ser que ela esteja doente demais para
cuidar do filho. Isso porque o toque e o contato da mãe com bebê é
fundamental para o desenvolvimento dele. A organização recomenda também outras
medidas, como:
- amamentar
recém-nascidos com suspeita ou confirmação de COVID-19 dentro de uma hora
após o nasicmento.
- as mães devem ter a
entrada assegurada nas UTIs neonatais caso o bebê precise de cuidados
- caso o estado de
saúde da mãe for grave e impedir que ela amamente seu bebê, o recomendado é
que ela retire o leite e este seja oferecido com segurança à criança. Se
isso não for possível o indicado é prover a alimentação com leite de outra
doadora.
- se a mãe tossir, ela
deve ser ajudada a limpar o peito com água e sabão antes de amamentar
- a mãe não deve
deixar de amamentar seu filho mesmo em caso de não ter máscara
Índices baixos: vale ressaltar que
mesmo antes da pandemia, os dados de aleitamento materno já estavam abaixo do
esperado. De acordo com um relatório divulgado pela OMS em 2017, nenhum país do
mundo atende plenamente aos padrões adequados de aleitamento materno. O
documento aponta que apenas 40% das crianças com menos de seis meses de
idade são alimentadas exclusivamente com o leite materno, tal como
recomendado pela OMS. No Brasil, o índice é de 38,6%. Já segundo um estudo do
Programa Primeira Infância para Adultos Saudáveis (Pipas), coordenado pela
pesquisadora Sonia Venâncio e divulgado recentemente, mostrou que no Ceará
apenas 23% dos bebês de seis meses recebem amamentação exclusiva.
Por que falar sobre o
assunto?
- Incentivar o
aleitamento exclusivo até os seis meses de idade, principalmente nesse momento
de pandemia
- Alertar para os
benefícios da amamentação para os bebês e para as mães
- Chamar atenção para
a necessidade e importância desse ato na construção de uma sociedade saudável
Fontes
- Sonia Venâncio,
responsável pela pesquisa PIPAS
- Dr. Moises
Chencinschi, médico pediatra e diretor no departamento de aleitamento materno
na Sociedade de Pediatria de São Paulo
Sobre a Fundação
maria Cecilia Souto Vidigal
Desde 2007, a
Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal atua em uma causa grandiosa: a primeira
infância. Nesse universo, elegemos quatro prioridades: fortalecer as lideranças
públicas, sociais e privadas; sensibilizar a sociedade; fortalecer as funções
dos pais e dos adultos responsáveis pelas crianças e melhorar a qualidade da
educação infantil. Apoiamos o desenvolvimento de modelos e pesquisas aplicadas,
articulamos por meio de estratégias de advocacy. Construímos, atualizamos,
fazemos curadoria e compartilhamos conhecimentos. Promovemos parcerias para
ampliar impactos e alavancar resultados. É dessa forma que atuamos, porque
nossa razão de existir é desenvolver a criança para desenvolver a sociedade