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Um
simples ferimento na boca que não cicatriza, rouquidão persistente ou nódulos
no pescoço podem ser sinais de um tipo de câncer relativamente comum, mas ainda
pouco discutido: o câncer de cabeça e pescoço. A doença consiste em tumores
malignos que mais frequentemente acometem a boca, laringe e a faringe.
Segundo
o Instituto Nacional de Câncer (INCA), anualmente, são estimados mais de 41 mil
novos casos de câncer de cabeça e pescoço no Brasil1. A enfermidade
ocupa o 6º lugar entre os tipos de câncer mais comuns, com cerca de 900 mil
novos casos por ano no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)2.
Apesar
da incidência elevada, o diagnóstico ainda é frequentemente tardio. “Mais da
metade dos pacientes chegam aos consultórios com a doença já em estágio
avançado, o que compromete as chances de cura e pode gerar sequelas
significativas”, explica Gilberto de Castro Junior, médico oncologista do
Hospital Sírio-Libanês. Segundo o profissional, o diagnóstico do câncer de
boca, por exemplo, pode ser feito por meio da investigação de um profissional
de saúde, como médico ou dentista.
O
câncer de cabeça e pescoço é passível de prevenção com algumas mudanças nos
hábitos, como a cessação do tabagismo, a redução do consumo de bebidas
alcoólicas e prática de sexo seguro. Embora o cigarro e o consumo excessivo de
álcool ainda sejam os principais fatores de risco, há um vilão mais recente em
ascensão: o vírus HPV (papilomavírus humano).
“Estamos
observando um aumento da incidência (número de casos novos) do câncer da
orofaringe associado ao HPV, sobretudo entre pacientes mais jovens e não
tabagistas”, explica. A boa notícia é que a vacina contra o HPV é uma aliada
importante e está disponível gratuitamente para meninos e meninas de 9 a 14
anos pelo SUS (Sistema Único de Saúde)3.
“A
vacina é uma ferramenta importante na prevenção de tumores relacionados ao HPV,
inclusive os de orofaringe, que afetam as amígdalas e a base da língua”,
reforça o médico. “Cabe lembrar que esta vacinação é, também, uma das armas
mais potentes na prevenção do câncer do colo de útero”, complementa.
Feridas
na boca que não cicatrizam - com o ou sem sangramento - dor ao engolir,
alteração na voz, caroços no pescoço, estão entre os principais sintomas e
merecem investigação, sobretudo se persistirem por mais de 15 dias4.
“Procurar
ajuda médica diante desses sinais é fundamental. Quanto mais cedo o tumor é
identificado, maiores são as chances de cura e menor a necessidade de
tratamentos agressivos”, reforça o médico.
De uma dor de garganta a um diagnóstico de câncer
O
que parecia ser apenas uma dor de garganta intensa se transformou no início de
uma batalha que mudaria a vida de Júlio de Camargo, gerente de projetos, de 54
anos. Em uma viagem de trabalho, ele acordou com uma dor repentina na garganta.
“Fui dormir bem, acordei com uma dor insuportável”, conta. Sem febre ou outros
sintomas, seguiu para o trabalho como de costume. Horas depois, a dor
desapareceu e a rotina voltou ao normal.
Uma
semana depois, no entanto, surgiu uma íngua no lado direito do pescoço. O
inchaço regrediu, mas não desapareceu por completo. “Sempre que eu me barbeava
ou virava o pescoço, sentia um caroço”, conta. O incômodo persistiu por três
meses, até que, certo dia, Júlio percebeu também um nódulo na parte interna da
garganta. Foi quando, por insistência da esposa, procurou atendimento médico.
Após
consulta e biópsia, o diagnóstico veio: carcinoma relacionado ao HPV
(papilomavírus humano), um tipo de câncer de orofaringe. Com o apoio da área de
saúde da empresa onde trabalha, foi encaminhado a um especialista em São Paulo.
Os exames confirmaram que o tumor havia se espalhado para a amígdala, o palato
e estava prestes a atingir a língua.
“Foi
um choque, claro! Mas o médico foi direto: era um caso cirúrgico. E era
urgente”, lembra. Em agosto de 2023, Júlio foi submetido a uma cirurgia de
esvaziamento cervical no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Ficou internado
por alguns dias e iniciou o acompanhamento pós-operatório com um oncologista e
um radioterapeuta.
O
tratamento, intensivo, incluiu sessões de radioterapia e ciclos de
quimioterapia durante cerca de sete semanas. “A parte física é muito pesada,
mas a psicológica é ainda mais. O médico me dizia “cuide da sua cabeça”. E foi
o que eu tentei fazer”, relata.
Mesmo
com o apoio psicológico e familiar, Júlio enfrentou perdas consideráveis: foram
22 quilos a menos e uma rotina de terapias que exigiam força, disciplina e
resiliência. “Comecei achando que estava tudo bem, mas a radioterapia é
acumulativa. No meio do tratamento, o corpo sente. E muito”.
Hoje,
quase dois anos após o diagnóstico, Júlio segue em acompanhamento médico, com
exames e consultas regulares. Os resultados continuam positivos. “Estou bem,
com a saúde estável, e retomando minha vida normalmente. Já passou. Minha conta
com essa doença está encerrada”, comemora. E faz um alerta: “Demorei para
procurar um especialista porque achei que não fosse nada. Fiquei três meses
adiando. Se eu tivesse esperado mais, talvez não estivesse aqui hoje”,
finaliza.
Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês
Saiba mais em nosso site
1 Instituto Nacional de Câncer – INCA. Estimativa 2023: Incidência de Câncer no Brasil. Acesso em: 24/06/2025. Disponível em: Link
2 Global Cancer Observatory – GLOBOCAN 2022. International Agency for Research on Cancer – IARC/WHO. Acesso em: 23/06/2025. Disponível em: Link
3 Ministério da Saúde. Campanha de Vacinação contra o HPV. Acesso em: 24/05/2025. Disponível em: Link
4 American Cancer Society. Signs and Symptoms of Head and Neck Cancer. Acesso em: 24/05/2025. Disponível em: Link

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