Com a chegada do inverno, é comum ouvir relatos de pessoas que sentem mais frio do que o normal, mesmo estando bem agasalhadas. Uma possível explicação para esse fenômeno é a anemia, especialmente a causada por deficiência de ferro, que reduz a capacidade do sangue de transportar oxigênio para os tecidos.
O ferro é um mineral essencial para a produção de hemoglobina, a proteína
responsável pelo transporte de oxigênio no sangue. Quando os níveis de ferro
estão baixos, o organismo tem dificuldade em oxigenar os tecidos, comprometendo
funções vitais, como a regulação da temperatura corporal. Isso ajuda
a explicar o porquê pessoas com anemia ferropriva costumam sentir mais frio,
especialmente nas extremidades. Outros sintomas incluem cansaço excessivo,
palidez, fraqueza, dificuldade de concentração e unhas frágeis.
Essa redução na capacidade de transporte de oxigênio compromete diversas
funções no organismo, incluindo a produção de calor corporal. Com menos
oxigênio disponível, as células produzem menos energia e, consequentemente,
menos calor. Assim, o corpo enfrenta dificuldades para manter sua temperatura,
especialmente nas extremidades, como mãos e pés. Além disso, o organismo
prioriza o fluxo sanguíneo para os órgãos vitais, reduzindo a circulação
periférica e intensificando a sensação de frio.
A anemia ferropriva, causada especificamente pela deficiência de ferro, é o
tipo mais comum de anemia no mundo e afeta diretamente a capacidade do corpo de
se manter aquecido. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), essa carência
nutricional atinge cerca de 30% da população mundial, o equivalente a mais de 2
bilhões de pessoas.
O inverno, por sua vez, pode contribuir indiretamente para a piora nos
níveis de ferro em algumas pessoas, pois nessa época do ano é comum que o
consumo de frutas, vegetais e alimentos ricos em nutrientes diminua, enquanto
pratos mais calóricos e pobres em ferro ganham espaço na alimentação.
Essa mudança de hábitos pode comprometer tanto a ingestão quanto a absorção de
ferro.
Além da alimentação, outros fatores típicos do inverno também afetam o
metabolismo do ferro. Infecções respiratórias frequentes, queda da imunidade e
menor exposição ao sol influenciam o funcionamento do organismo e podem agravar
quadros de deficiência. “Embora o frio em si não afete diretamente a absorção
de ferro, o conjunto dessas alterações pode favorecer o desenvolvimento ou a
piora da anemia”, explica a Dra. Maria Cristina Seiwald, onco-hematologista do
Hospital Sírio-Libanês.
“A deficiência de ferro pode ser silenciosa, mas tem impacto direto na
qualidade de vida e no sistema imunológico. É fundamental estar atento aos
sinais, manter uma alimentação equilibrada durante o inverno e buscar
orientação médica diante de sintomas persistentes”, reforça a especialista. Ela
também alerta para os riscos da automedicação com suplementos de ferro, que
podem causar sobrecarga no organismo e dificultar a investigação de outras
causas associadas. O diagnóstico da deficiência de ferro deve ser feito por
meio de exames laboratoriais, como hemograma completo, dosagem de ferritina e
saturação de transferrina.
Hospital Sírio-Libanês • Contato para imprensa
siriolibanes.pr.spa@llyc.global
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