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terça-feira, 22 de julho de 2025

Inverno: por que quem tem anemia sente mais frio?

Com a chegada do inverno, é comum ouvir relatos de pessoas que sentem mais frio do que o normal, mesmo estando bem agasalhadas. Uma possível explicação para esse fenômeno é a anemia, especialmente a causada por deficiência de ferro, que reduz a capacidade do sangue de transportar oxigênio para os tecidos.

O ferro é um mineral essencial para a produção de hemoglobina, a proteína responsável pelo transporte de oxigênio no sangue. Quando os níveis de ferro estão baixos, o organismo tem dificuldade em oxigenar os tecidos, comprometendo funções vitais, como a regulação da temperatura corporal. Isso ajuda a explicar o porquê pessoas com anemia ferropriva costumam sentir mais frio, especialmente nas extremidades. Outros sintomas incluem cansaço excessivo, palidez, fraqueza, dificuldade de concentração e unhas frágeis.

Essa redução na capacidade de transporte de oxigênio compromete diversas funções no organismo, incluindo a produção de calor corporal. Com menos oxigênio disponível, as células produzem menos energia e, consequentemente, menos calor. Assim, o corpo enfrenta dificuldades para manter sua temperatura, especialmente nas extremidades, como mãos e pés. Além disso, o organismo prioriza o fluxo sanguíneo para os órgãos vitais, reduzindo a circulação periférica e intensificando a sensação de frio.

A anemia ferropriva, causada especificamente pela deficiência de ferro, é o tipo mais comum de anemia no mundo e afeta diretamente a capacidade do corpo de se manter aquecido. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), essa carência nutricional atinge cerca de 30% da população mundial, o equivalente a mais de 2 bilhões de pessoas.

O inverno, por sua vez, pode contribuir indiretamente para a piora nos níveis de ferro em algumas pessoas, pois nessa época do ano é comum que o consumo de frutas, vegetais e alimentos ricos em nutrientes diminua, enquanto pratos mais calóricos e pobres em ferro ganham espaço na alimentação. Essa mudança de hábitos pode comprometer tanto a ingestão quanto a absorção de ferro.

Além da alimentação, outros fatores típicos do inverno também afetam o metabolismo do ferro. Infecções respiratórias frequentes, queda da imunidade e menor exposição ao sol influenciam o funcionamento do organismo e podem agravar quadros de deficiência. “Embora o frio em si não afete diretamente a absorção de ferro, o conjunto dessas alterações pode favorecer o desenvolvimento ou a piora da anemia”, explica a Dra. Maria Cristina Seiwald, onco-hematologista do Hospital Sírio-Libanês.

“A deficiência de ferro pode ser silenciosa, mas tem impacto direto na qualidade de vida e no sistema imunológico. É fundamental estar atento aos sinais, manter uma alimentação equilibrada durante o inverno e buscar orientação médica diante de sintomas persistentes”, reforça a especialista. Ela também alerta para os riscos da automedicação com suplementos de ferro, que podem causar sobrecarga no organismo e dificultar a investigação de outras causas associadas. O diagnóstico da deficiência de ferro deve ser feito por meio de exames laboratoriais, como hemograma completo, dosagem de ferritina e saturação de transferrina.



Maria Cristina Seiwald - médica hematologista do Centro de Oncologia e Transplante de Medula Óssea do Hospital Sírio-Libanês. Possui Residência Médica em Hematologia e Hemoterapia pela UNIFESP, além de Residência Médica em Onco-Hematologia e Transplante de Medula Óssea pelo Hospital Sírio-Libanês.

Hospital Sírio-Libanês • Contato para imprensa
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