Tecnologia já é realidade em salas de aula no
Brasil e no mundo; uso deve ser responsável e equilibrado, comenta Michel
Arthaud, sócio e docente da plataforma Professor Ferretto.
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A inteligência artificial (IA) está deixando de ser promessa e se tornando rotina nas salas de aula. De assistentes virtuais a plataformas de correção automática e sistemas de recomendação de conteúdo, a tecnologia já impacta diretamente a forma como alunos aprendem e professores ensinam. Diante desse cenário, o professor Michel Arthaud, sócio e docente de química da plataforma Professor Ferretto, destaca as principais tendências e desafios do uso da IA na educação para 2025.
“A IA tem o potencial de personalizar o aprendizado em uma escala jamais vista.
Com base no desempenho do aluno, conseguimos adaptar o ritmo, os conteúdos e
até a forma de apresentação do material. Mas é preciso cautela: ainda estamos
aprendendo a equilibrar o uso da tecnologia com a presença e o olhar humano do
educador, que continuam sendo insubstituíveis”, afirma Arthaud.
Estudantes já usam (e muito) a IA nos estudos
Segundo um novo relatório do Higher Education Policy Institute (HEPI), feito no Reino Unido, cerca de 92% dos estudantes universitários afirmam já utilizar ferramentas de IA generativa, como o ChatGPT, no dia a dia acadêmico. No ensino médio, o número chega a 70%. Nos Estados Unidos, a situação é parecida: 90% dos alunos relatam usar IA como apoio em trabalhos escolares.
No Brasil, uma pesquisa da Educa Insights em parceria com o Google aponta que
30% dos estudantes brasileiros já utilizaram alguma ferramenta de IA para
realizar atividades escolares. Além disso, sete a cada dez estudantes usam IA
na rotina de estudos, de acordo com a pesquisa Inteligência Artificial na
Educação Superior, realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras do
Ensino Superior (Abmes).
Escolas ainda buscam se adaptar
A adesão das instituições de ensino, porém, caminha em ritmo mais cauteloso. Um levantamento do Instituto de Tecnologia Educacional do Reino Unido mostrou que 67% das escolas já oferecem algum tipo de formação para professores sobre o uso da IA. No Brasil, ainda há uma grande diferença entre escolas privadas e públicas quando se trata de infraestrutura e capacitação para uso da tecnologia.
Mesmo assim, o movimento de adaptação já começou. “A IA permite simular
raciocínio, solução de problemas e mescla o conhecimento humano com o
artificial. Ela pode ser uma grande aliada na aprendizagem, desde que utilizada
de forma consciente”, afirma Michel Arthaud.
Benefícios: personalização e acesso mais democráticos
Entre os principais ganhos do uso da IA na educação está a possibilidade de personalizar o ensino. Com base em dados e no desempenho de cada aluno, plataformas conseguem recomendar conteúdos sob medida, identificar dificuldades e acelerar o aprendizado.
Outro benefício é a democratização do ensino. “Grande parte das tecnologias educacionais ainda estão concentradas no setor privado. É preciso garantir que todos os alunos tenham as mesmas oportunidades de acesso”, defende Arthaud. A IA pode ser uma ferramenta de inclusão, desde que haja políticas públicas que assegurem sua implementação em larga escala.
Além disso, professores relatam economia de tempo no preparo de aulas e na
correção de provas. Em algumas escolas, o uso de IA já reduziu em até 30% o
tempo dedicado a tarefas administrativas, segundo dados do SENAI.
Riscos: dependência, plágio e exclusão digital
Apesar das vantagens, o uso da IA na educação também traz riscos. A dependência excessiva das máquinas pode comprometer habilidades fundamentais como leitura, escrita e pensamento crítico.
Há também preocupações com segurança e privacidade. Só em 2024, mais de 700 vazamentos de dados foram registrados em sistemas educacionais que utilizam IA, o que levanta um alerta sobre a necessidade de regulamentação.
“É importante haver equilíbrio entre o estudo tradicional e o tecnológico, para
que todas as capacidades sejam desenvolvidas de forma correta”, pontua Arthaud.
O que especialistas recomendam
Para que a IA seja uma aliada e não uma ameaça, especialistas do SINESP,
Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal de São
Paulo, indicaram algumas direções em nota:
- Criar políticas claras de uso da IA em sala de aula;
- Incluir o tema nos currículos escolares, com foco em ética e
literacia digital;
- Ampliar a formação de professores para uso responsável da
tecnologia;
- Garantir acesso equitativo entre redes públicas e privadas.
Atualmente, apenas 31% das escolas têm regras formais sobre o uso da IA em atividades escolares, segundo a UNESCO. No Brasil, a discussão ainda é incipiente.
“Ainda falta um debate mais estruturado sobre como utilizar a IA de forma ética
e pedagógica. As escolas precisam definir diretrizes claras para evitar tanto o
uso indevido quanto a exclusão de ferramentas que podem enriquecer o
aprendizado. É fundamental preparar alunos e professores para lidar com essas
tecnologias de forma crítica e consciente”, ressalta Arthaud.
Tendências de 2025
Artigos e dossiês, como o divulgado pelo portal Scan Source no começo do ano, apontaram que com o avanço das tecnologias e a popularização das ferramentas de IA, o ano de 2025 consolidaria essa transformação no ensino. A plataforma Professor Ferretto, que atende mais de 70 mil alunos com foco no Enem e vestibulares, já vem integrando recursos de IA em simulados, vídeo aulas e sistemas de recomendação.
“Não se trata de substituir o professor, mas de ampliar as possibilidades de
ensino e aprendizagem. A IA pode ser uma ponte desde que usada com
responsabilidade, ética e propósito”, finaliza Michel Arthaud.
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