- Oncologista destaca os principais desafios sobre o câncer renal e as medidas essenciais para o cuidado efetivo dos pacientes
- Adotar hábitos saudáveis que impeçam o desenvolvimento dos fatores
de risco controláveis é uma importante forma de prevenção para reduzir a
incidência dos casos
De
acordo com o simulador da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer da
Organização Mundial de Saúde (OMS), a incidência de câncer renal na população
mundial deve aumentar aproximadamente 63,15% entre 2022 e 2050. No Brasil, a
projeção é ainda mais elevada: 79.5%.1
Na visão de Fábio Schutz, oncologista clínico e coordenador médico do serviço
de oncologia clínica do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, a
previsão sobre esses aumentos precisa ser acompanhada pela conscientização
sobre as formas de prevenção e melhorias no acesso ao diagnóstico desse tipo de
câncer que é conhecido por ter uma manifestação silenciosa.
O
especialista explica que o câncer de rim ocorre a partir do crescimento de
células cancerígenas de forma anormal no rim, que podem evoluir para quadros de
metástase. “Quando o tumor está localizado apenas no rim, é comum que o
paciente não apresente muitos sintomas, portanto, quando sintomas começam a
aparecer, são indícios de que o tumor já pode estar mais avançado”, ressalta o
médico.
Segundo
o oncologista, o câncer renal não costuma ter um único fator de risco
principal. O seu surgimento geralmente está ligado a uma combinação de
condições comuns, como diabetes, obesidade, pressão alta, tabagismo e problemas
renais crônicos. Também existem fatores que são inalteráveis, como gênero e a
idade: esse tipo de câncer é duas vezes mais comum em homens do que em mulheres2
e costuma aparecer com mais frequência em pessoas entre 60 e 70 anos.
Por
seu comportamento silencioso, é comum que o câncer de rim seja descoberto de
forma incidental, durante exames de rotina por outros motivos. O especialista
explica que ainda não existe um protocolo específico de rastreamento para a
doença, por isso, são necessários exames de imagem como tomografias e
ressonâncias para sua detecção. “Há um déficit em relação ao rastreamento do
câncer de rim, já que não existe uma política pública voltada para isso. No
geral, não é viável realizar exames desse tipo com frequência para toda a população.
São questões que precisam ser estudadas para aprimorar o processo de detecção
precoce”, avalia Fábio.
O
oncologista clínico também ressalta a importância do acompanhamento dos casos
de tumores localizados, para que o paciente receba o tratamento ainda nos
estágios iniciais da doença. “É comum o paciente passar por um pronto
atendimento, ser informado de que há um nódulo no rim que precisa ser
investigado e, por não apresentar sintomas, acabar não marcando consulta com um
especialista ou simplesmente esquecendo o caso. Com isso, uma lesão que poderia
ser tratada precocemente acaba evoluindo para um estágio metastático”, explica.
Atualmente,
existem diversos tratamentos eficazes para o câncer de rim, que aumentam
significativamente as chances de cura. Schutz explica que quando o câncer está
restrito ao órgão e não há sinais de metástase em exames de imagem, o
tratamento principal é a cirurgia, com a retirada apenas da parte afetada do
rim sempre que possível. Em casos específicos, especialmente quando o paciente
não pode ser operado ou tem múltiplas lesões nos dois rins, podem ser usadas
técnicas menos invasivas, como ablação por radiofrequência ou crioterapia.
“Quando o câncer já se espalhou para outros órgãos, o tratamento é feito com
medicamentos sistêmicos, administrados por via oral ou intravenosa. Nesse
contexto, o uso de terapias-alvo, isoladamente ou em combinação com
imunoterapia, tem se mostrado uma opção importante, com impacto significativo
na sobrevida dos pacientes”, completa.
Além dos procedimentos e tratamentos que ajudam a melhorar a qualidade de vida, o cuidado com o câncer de rim deve envolver uma equipe multidisciplinar composta por oncologistas, urologistas, radioterapeutas, enfermeiros e outros profissionais. De acordo com o médico, esse acompanhamento conjunto garante um tratamento mais coordenado e eficaz, além de oferecer suporte essencial para os desafios físicos e emocionais enfrentados ao longo da jornada do paciente.
Referências
1 INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER – IARC. Cancer Tomorrow: Estimated number of new cases and deaths from cancer (cancer 29). Lyon: IARC, 2024. Disponível em: Link
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