Estudo com homens de até 35 anos participantes de programa de doação de sêmen, mostra que a presença do biomarcador cotinina e de materiais como cádmio e chumbo reduz a concentração de espermatozoide por mililitro e aumenta a proporção de espermatozoides não progressivos. Pesquisa foi apresentada no Congresso da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, nos Estados Unidos
Com esse propósito, pesquisadores da Igenomix,
laboratório de medicina genética - atuante em 80 países, incluindo o Brasil -
contribuíram na investigação sobre as possíveis associações entre a exposição
não ocupacional a metais pesados e cotinina (tabaco) com os parâmetros de sêmen
em doadores de sêmen com histórico comprovado de fertilidade. Os resultados
foram apresentados no Congresso da Associação Americana de Medicina Reprodutiva
(ASMR 2024), realizado de 19 a 23 de outubro, em Denver, nos Estados Unidos.
Neste estudo foram recrutados 26 participantes,
entre 18 e 35 anos, pertencentes a um programa de doação de sêmen. Os critérios
de inclusão foram: estar livre de infecções sexualmente transmissíveis, teste
de cariótipo sem rearranjos evidenciados, boa qualidade seminal e fertilidade
comprovada. Neles, foi investigada a quantidade de metais pesados no sangue:
cádmio (Cd), chumbo (Pb) e mercúrio (Hg). Foi também analisada a quantidade de
cotinina na urina, como marcador de exposição ao tabaco. Além disso, exames de
espermograma e FISH no esperma para os cromossomos 13, 18, 21, X e Y (SAT
Igenomix) foram realizados seguindo protocolos padrão de prática clínica.
O estudo mostrou que maiores concentrações de
cotinina urinária foram associadas a uma maior proporção de espermatozoides não
progressivos. “Nestes casos, o espermatozoide até se movimenta, mas ele não
consegue sair do lugar. Quando há baixa motilidade espermática se reduz a
possibilidade de fecundação de forma natural”, explica a biomédica e
geneticista brasileira Márcia Riboldi, VP da Igenomix e Vitrolife na América
Latina e doutora em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade de Valência, na
Espanha.
O trabalho demonstrou também que, em pessoas com a
mesma faixa etária, índice de massa corpórea (IMC) e presença de cotinina, a
maior concentração de Cd, tanto no sangue quanto na urina, foram associados à
menor concentração de espermatozoides por mililitro, mas não espermatozoides
totais. O Pb no sangue foi associado a níveis mais elevados de volume seminal.
Na urina, o Pb foi associado a níveis inferiores de concentração, total e por
mililitro. Nenhuma associação foi observada para Hg no sangue.
“Diante do evidente declínio mundial nos parâmetros
seminais, é fundamental que investiguemos o papel da dieta, obesidade,
tabagismo e outros fatores ambientais e, a partir disso, orientar as
políticas de prevenção de infertilidade. Vimos aqui que é necessário enfatizar
a necessidade de reduzir a exposição não ocupacional ao tabaco e metais pesados
na população em geral, a fim de minimizar o seu impacto deletério na fertilidade
masculina”, ressalta Carmen Rubio, diretora científica da Igenomix Espanha e
uma das autoras do estudo. O trabalho também contou com as participações dos
pesquisadores Roberto González Martín, Inmaculada Campos-Galindo, Lucía Marín
López de Carvajal, Maria Del Carmen Vidal Martinez, Juan Giles Jimenez,e
Francisco Dominguez. Este estudo foi realizado com suporte do prêmio MERCK
SERONO 2015 Research Award.
Igenomix
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