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sexta-feira, 11 de abril de 2025

Ozempic e emagrecimento: o alerta que o mundo fitness precisa ouvir

Especialista em fisiologia do exercício aponta os riscos do uso indiscriminado do medicamento e defende o caminho clássico: exercício, alimentação e rotina saudável


Nos últimos meses, o Ozempic — medicamento originalmente desenvolvido para o tratamento da diabetes tipo 2 — ganhou os holofotes como uma solução rápida para o emagrecimento. Celebridades e influenciadores adotaram a substância como uma aliada na perda de peso, mas especialistas em saúde e desempenho físico acendem o alerta: os riscos e consequências do uso sem acompanhamento adequado podem ser maiores do que se imagina.

A substância age imitando o hormônio GLP-1, responsável por controlar a glicose no sangue e promover maior saciedade. Essa ação reduz o apetite e leva à perda de peso. No entanto, parte significativa dessa perda pode vir da massa muscular, e não apenas da gordura corporal.

“Estudos mostram que cerca de 40% do peso perdido com a semaglutida pode ser de massa muscular. Isso compromete o metabolismo, enfraquece o corpo e traz riscos sérios à saúde a longo prazo”, explica Felipe Kutianski, professor de Educação Física e especialista em fisiologia do exercício.

De acordo com o especialista, a perda de músculo afeta diretamente a capacidade do corpo de queimar gordura e manter o peso a longo prazo. Além disso, contribui para o efeito rebote — comum entre os usuários do medicamento —, em que o peso é recuperado após a interrupção do uso, geralmente em forma de gordura, e com menos tônus muscular.

Uma pesquisa recente publicada na JAMA Network revelou que cerca de 75% das pessoas que utilizam Ozempic voltam a ganhar peso em até um ano após parar o tratamento. Para Kutianski, isso se deve à falta de mudança comportamental.

“O remédio pode até ajudar em um primeiro momento, mas não ensina a comer melhor nem incentiva o movimento. Quando o efeito passa, o corpo sente. E aí começa o ciclo vicioso do efeito sanfona”, afirma.

Além da perda muscular, o uso de Ozempic pode causar enjoos, vômitos, prisão de ventre, fraqueza, tontura, arritmias e outros efeitos colaterais. Também não é indicado para pessoas com histórico de pancreatite, doenças gastrointestinais graves ou determinados tipos de câncer.

“Emagrecer com saúde exige constância. É um processo que passa pelo exercício físico, alimentação balanceada e sono de qualidade. Pode não ser imediato, mas é real, seguro e sustentável”, reforça Kutianski.


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