terça-feira, 29 de abril de 2025

Mulheres avançam e devem ser maioria na medicina em 2025, aponta estudo

Participação feminina na profissão dobrou em uma década, mas desigualdade salarial ainda persiste no setor


O número de mulheres médicas no Brasil não para de crescer. Segundo a Demografia Médica, levantamento feito pela Associação Médica Brasileira (AMB), em parceria com a  Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), até 2025 elas devem ultrapassar os homens e se tornar maioria na profissão. O avanço representa uma virada histórica em um campo que, durante décadas, foi predominantemente masculino.

Em 2010, as mulheres representavam 37% do total de médicos em atividade no país. Em pouco mais de dez anos, em 2024, esse índice saltou para 49,9%, sinalizando que a equidade numérica está prestes a se consolidar. Nas salas de aula dos cursos de medicina, elas já são maioria em diversas instituições, refletindo a tendência de transformação também no espaço acadêmico.


Crescimento não elimina barreiras

Embora a presença feminina tenha crescido significativamente, o mercado de trabalho ainda apresenta desigualdades estruturais. Ainda segundo a Demografia Médica, as médicas ganham, em média, 36% menos do que seus colegas homens, mesmo exercendo funções semelhantes e cumprindo jornadas de trabalho parecidas.

A distribuição por especialidades também revela padrões marcados por gênero. Mulheres são maioria em áreas como ginecologia, pediatria, clínica médica e medicina de família, enquanto especialidades cirúrgicas e cargos de gestão continuam sendo dominados por profissionais do gênero masculino.

Além das disparidades salariais, muitas enfrentam desafios extras: lidar com a sobrecarga mental, equilibrar a maternidade com plantões extensos e superar barreiras para assumir posições de liderança ainda são obstáculos comuns enfrentados pelas médicas.


Caminho até a carreira médica exige resiliência

A formação médica no Brasil exige dedicação intensa. São, no mínimo, seis anos de graduação, seguidos de processos seletivos exigentes para a residência médica, etapa indispensável para atuar em especialidades com maior qualificação. O percurso exige conhecimento técnico, equilíbrio emocional e preparo constante.

Além disso, para médicas formadas no exterior, uma das etapas obrigatórias é o Revalida Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão que coordena a avaliação. O exame verifica se os conhecimentos adquiridos são compatíveis com a prática médica no Brasil, e tem sido uma âncora na garantia da qualidade da formação médica.

O avanço das mulheres em todas essas etapas reforça a importância de ampliar o debate sobre equidade de gênero. A expectativa é de que o crescimento da representatividade feminina contribua para transformar estruturas históricas da medicina, promovendo um ambiente profissional mais justo, diverso e inclusivo para as próximas gerações.


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