O transtorno da ansiedade generalizada é um distúrbio caracterizado pela preocupação excessiva ou expectativa apreensiva, persistente e de difícil controle Freepik |
Dados da Planisa e do DRG Brasil, do período de 2022 a novembro de 2024, reforçam tendência de aumento do diagnóstico do distúrbio; janeiro é marcado por campanha de conscientização do cuidado à saúde mental e emocional
Em 2024, a palavra do ano para a maioria dos brasileiros foi
“ansiedade“, de acordo com a 9ª edição da pesquisa conduzida pela CAUSE em
parceria com o Instituto de Pesquisa IDEIA e PiniOn. Neste mês, a campanha
“Janeiro Branco” foca sobre a importância de cuidar da saúde mental e
emocional, e um levantamento feito pela Planisa (líder em gestão de custos
hospitalares na América Latina), junto ao DRG Brasil, reforça essa
questão.
A pesquisa analisou um total de 51.448.927 atendimentos
hospitalares de pacientes nos anos de 2022, 2023 até novembro de 2024, em 442
hospitais públicos e privados do país, o que corresponde a 2.202 internações
por ansiedade generalizada (CID F411), que geraram custos totais de R$
5.655.225,00 no período. A progressão dos dados da população pesquisada pela
Planisa reforça a forte tendência, já comprovada pela Organização Mundial de
Saúde (OMS), de crescimento do distúrbio mental entre os brasileiros.
No último grande mapeamento global de transtornos mentais, realizado pela OMS,
o Brasil figura com a população de maior prevalência de transtornos de
ansiedade do mundo, sendo os jovens os mais afetados. O excesso de redes
sociais está associado a 45% dos casos de ansiedade em jovens de 15 a 29 anos,
aponta levantamento do Panorama da Saúde Mental de 2024. Desemprego,
instabilidade econômica e falta de segurança pública estão entre os principais
gatilhos para a alta prevalência de transtornos de ansiedade.
“Sabemos que a rede pública de saúde, em especial o Sistema Único
de Saúde (SUS), enfrenta dificuldades estruturais, como superlotação e falta de
recursos financeiros, que dificultam a implementação de estratégias eficazes
para tratar transtornos como o de ansiedade generalizada. A sobrecarga no
sistema leva a uma escassez de leitos e acompanhamento intensivo, o que, em
alguns casos, resulta em internações mais curtas, sem um tratamento
aprofundado”, fala o diretor de Serviços da Planisa e especialista em gestão de
custos hospitalares, Marcelo Carnielo.
Ele ressalta ainda que, por outro lado, muitos pacientes recorrem a hospitais privados para garantir um tratamento mais especializado e personalizado, o que pode acarretar custos elevados. “O custo dos tratamentos, sobretudo em situações de internação, pode ser uma barreira significativa para muitas pessoas com transtorno de ansiedade generalizada”, pontua.
Pelo estudo, em 2022, a incidência de ansiedade generalizada por 100.000
habitantes foi de 3,4. No ano seguinte, o número chegou a 4,7, com estimativa
de fechar em 4,6 em 2024.
O transtorno da ansiedade generalizada (TAG) é um distúrbio
caracterizado pela preocupação excessiva ou expectativa apreensiva, persistente
e de difícil controle, que perdura por seis meses no mínimo e vem acompanhado
por três ou mais sintomas como inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade
de concentração, tensão muscular e perturbação do sono.
Quebra do preconceito
Ainda há muito estigma relacionado aos transtornos mentais, especialmente em
uma sociedade que, com frequência, minimiza os problemas nesse âmbito.
Pacientes com ansiedade generalizada, muitas vezes, enfrentam dificuldades em
procurar tratamento devido ao medo de julgamento, o que contribui para o agravamento
dos sintomas antes que a internação se torne necessária.
“Investir em campanhas de educação, acesso a terapias psicológicas
e suporte emocional é uma estratégia eficiente para prevenir o agravamento
dessas condições. Quando a população tem acesso a cuidados preventivos,
reduz-se a necessidade de internações, que são significativamente mais onerosas
para o sistema de saúde”, salienta Carnielo. “A conscientização do cuidado à
saúde mental não é apenas uma questão de humanização, mas também de sustentabilidade
financeira para o sistema hospitalar. Adotar uma abordagem integrada para o
cuidado mental, que inclua prevenção, diagnóstico precoce e tratamento
adequado, beneficia tanto os pacientes quanto a gestão dos recursos
hospitalares”, conclui.
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