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sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Dólar alto? Veja como viajar sem estourar o orçamento

Thaísa Durso, educadora financeira da Rico, compartilha seis dicas práticas para driblar a valorização da moeda


Viajar para o exterior é um sonho para muitos brasileiros, mas a alta constante do dólar nos últimos anos tem tornado essa realidade mais desafiadora. Para quem já tem uma viagem marcada, as preocupações aumentam, já que os custos no destino — como hospedagem, alimentação e passeios — podem pesar ainda mais no orçamento. A boa notícia é que, com um planejamento financeiro bem elaborado e algumas estratégias inteligentes, é possível minimizar os impactos das oscilações cambiais e aproveitar ao máximo a experiência de viagem. Nesta análise, você encontrará orientações práticas para enfrentar a alta do dólar, manter o controle sobre os gastos e transformar sua viagem em uma experiência inesquecível que se ajusta ao seu orçamento.  


A alta do dólar e seus fatores 

A valorização do dólar em relação ao real reflete um cenário menos favorável para a moeda brasileira devido a questões que estão ocorrendo tanto no Brasil quanto no exterior. Fatores como as incertezas fiscais internas e expectativas sobre a nova gestão nos Estados Unidos têm gerado instabilidade nos mercados, aumentando a percepção de risco entre investidores e contribuindo para a alta da moeda americana.  

Historicamente, o dólar tem demonstrado uma trajetória de alta em relação ao real. A taxa de câmbio nominal, que representa o valor de uma moeda em relação a outra sem considerar os efeitos da inflação, é um dado que pode ilustrar essa dinâmica. Por exemplo, de acordo com dados do Banco Central, a taxa de câmbio nominal era de R$ 1,86 em dezembro de 2011 e alcançou R$ 6,18 em dezembro de 2024. Essa elevação evidencia a valorização do dólar frente ao real ao longo dos anos.

No entanto, com algumas estratégias práticas, é possível contornar esses desafios e aliviar o impacto no bolso.  A seguir, você encontrará dicas essenciais para driblar a alta do dólar e aproveitar sua experiência internacional sem comprometer o orçamento. 


Estratégias para mitigar o impacto da alta do dólar 

Para quem já está com a viagem marcada ou pretende viajar em breve, há diversas estratégias para mitigar os efeitos da desvalorização da nossa moeda no orçamento da viagem. Confira a seguir as 6 dicas práticas para driblar a alta do dólar:  


1) Organize o orçamento da viagem 
O primeiro passo para organizar sua viagem internacional, especialmente em tempos de alta do dólar, é revisar cuidadosamente o orçamento. 
Separe suas despesas em categorias, como transporte, hospedagem, alimentação, passeios e compras. Identifique as prioridades e elimine ou substitua gastos que não são essenciais. Por exemplo, você pode optar por passeios gratuitos ou com descontos e explorar restaurantes menos turísticos, que oferecem boa comida a preços mais acessíveis. 

Além disso, avalie quanto você pode gastar na viagem. Estime os custos diários no destino, incluindo transporte, alimentação, passeios e compras. Esse cuidado ajuda a evitar surpresas e mantém o controle financeiro. 


2) Antecipe despesas sempre que possível 
Antecipar gastos pode ser outra estratégia inteligente. Comprar ingressos para atrações e reservar serviços com antecedência protege contra futuras oscilações cambiais e facilita o planejamento financeiro. 


3) Use ferramenta de controle 
Utilizar ferramentas como planilhas é essencial para manter o controle sobre suas despesas e garantir que o planejamento esteja alinhado com seus objetivos.  


4) Diversifique os meios de pagamento 
A escolha da melhor forma de pagamento depende de diversos fatores, incluindo o destino, o perfil do viajante e o orçamento disponível. A seguir, analisamos os prós e contras das 4 principais opções disponíveis: 


Dinheiro em espécie: É uma das opções mais acessíveis e práticas para pequenos gastos diários, como transporte, alimentação e lembranças. Ele possui a vantagem de um IOF reduzido (1,1% atualmente), sendo a modalidade com a menor tributação na conversão de moeda. Porém, é necessário cautela devido ao risco de perda ou roubo. Para evitar problemas, leve apenas o necessário para despesas menores e distribua o valor em diferentes locais na bagagem e na carteira, respeitando as regras de transporte de valores do país. 


Cartão pré-pago: É uma excelente ferramenta para quem deseja maior previsibilidade nos gastos, pois permite travar a cotação do dólar no momento da recarga. Além disso, é mais seguro que o dinheiro em espécie, já que pode ser bloqueado em caso de perda ou roubo. Contudo, é fundamental estar atento às taxas de recarga e saques, que podem variar conforme a instituição emissora, além do IOF de 4,38% vigente atualmente o que significa que uma compra de R$ 100 geraria uma taxa de R$ 4,38. 


Cartão de crédito: Oferece praticidade e segurança, sendo indispensável para emergências ou compras pontuais durante a viagem. Entretanto, apresenta um IOF de 4,38% e o câmbio aplicado é o da data de processamento da compra, o que pode gerar valores inesperados devido às oscilações da moeda. Por isso, seu uso deve ser moderado. Alguns cartões oferecem benefícios como seguro-viagem e programas de recompensas, que podem agregar valor ao planejamento. 

Conta global: Essa modalidade tem se destacado como uma alternativa prática e econômica para lidar com a alta do dólar. Trata-se de contas correntes que podem ser abertas ainda no Brasil. Geralmente, o processo é simples, pode ser realizado pelo celular e, dependendo da instituição escolhida, é gratuito. 
Com um IOF reduzido (1,1%) nas transferências, as contas globais permitem converter reais para dólares ou outras moedas com taxas mais competitivas. Além disso, possibilitam realizar conversões de forma gradual, o que ajuda a suavizar os impactos das flutuações cambiais. O saldo em moeda estrangeira pode ser acessado por meio de um cartão vinculado à conta, sendo ideal para compras e saques no exterior. 

Antes de optar por essa modalidade, é importante verificar as tarifas de manutenção ou transferência cobradas pela instituição para garantir que seja uma escolha realmente vantajosa. 


Qual meio de pagamento escolher?  

Entre os 4 meios de pagamento, o cartão pré-pago oferece maior controle financeiro ao travar a cotação no momento da recarga, enquanto o cartão de crédito é mais adequado para emergências ou compras pontuais, devido à sua praticidade, apesar da incerteza cambial. O dinheiro em espécie e contas globais têm a vantagem de garantir o câmbio no momento da compra, ao contrário do cartão de crédito, que depende da cotação no dia do processamento, adicionando incertezas. 

Além disso, a troca em casas de câmbio reduz o IOF para 1,1%, representando uma economia em relação à alíquota de 4,38% aplicada aos cartões. Com o dólar em patamar elevado, adotar essa estratégia ajuda a equilibrar o orçamento durante a viagem. 

A melhor abordagem é diversificar: leve uma pequena quantia em espécie para gastos menores, utilize o cartão pré-pago para despesas principais e mantenha o cartão de crédito como opção para imprevistos.  


5) Compre dólar aos poucos 
Agora vamos a uma dúvida comum entre os viajantes: é uma boa ideia comprar dólar mesmo em tempos de alta? Sim, a compra de moeda deve ser feita de forma gradual, aproveitando dias de cotações mais favoráveis. Essa estratégia ajuda a diluir o impacto das flutuações cambiais, construindo um preço médio mais vantajoso e reduzindo a exposição a picos de alta.   

Aqui está uma simulação que ilustra a compra mensal de 200 dólares entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024. A simulação também calcula o preço médio ao longo do período, demonstrando os benefícios da disciplina nas compras mensais.  

Para a simulação, consideramos os seguintes pontos: 

– Compra mensal fixa de 200 dólares. 

– Cotações simuladas baseadas na cotação do dólar em cada um dos períodos. 

– Cálculo do preço médio acumulado ao longo do tempo. 

Mês 

Cotação do Dólar (R$) 

Valor Pago (R$) 

Acumulado em US$ 

Acumulado em R$ 

Preço Médio (R$/US$) 

Dez/2023 

5.30 

1,060.00 

200 

1,060.00 

5.30 

Jan/2024 

5.35 

1,070.00 

400 

2,130.00 

5.33 

Fev/2024 

5.40 

1,080.00 

600 

3,210.00 

5.35 

Mar/2024 

5.50 

1,100.00 

800 

4,310.00 

5.39 

Abr/2024 

5.60 

1,120.00 

1,000 

5,430.00 

5.43 

Mai/2024 

5.55 

1,110.00 

1,200 

6,540.00 

5.45 

Jun/2024 

5.70 

1,140.00 

1,400 

7,680.00 

5.49 

Jul/2024 

5.65 

1,130.00 

1,600 

8,810.00 

5.51 

Ago/2024 

5.80 

1,160.00 

1,800 

9,970.00 

5.54 

Set/2024 

5.75 

1,150.00 

2,000 

11,120.00 

5.56 

Out/2024 

6.00 

1,200.00 

2,200 

12,320.00 

5.60 

Nov/2024 

6.10 

1,220.00 

2,400 

13,540.00 

5.65 

Dez/2024 

6.20 

1,240.00 

2,600 

14,780.00 

5.68 

Resultado da simulação:  

– Total em dólares acumulado: 2.600 dólares. 

– Total pago em reais: R$ 14.780,00.

– Preço médio final: R$ 5,68 por dólar.

Nessa simulação, conclui-se que o preço médio do dólar foi menor do que as cotações mais altas registradas no final do período. Isso ocorre porque o investidor aproveitou os meses iniciais, quando as cotações estavam mais baixas, diluindo o impacto das altas posteriores.  

Dessa forma, a compra gradual de moeda estrangeira ao longo do tempo é uma estratégia eficaz para suavizar as oscilações do câmbio e evitar picos desfavoráveis, proporcionando maior controle sobre os custos. Além disso, essa abordagem protege o investidor de que sua viagem se torne inviável em caso de uma alta do dólar nas vésperas da viagem. 


6) Invista até o grande dia
Investir o valor destinado à viagem em aplicações seguras e rentáveis é uma estratégia eficiente para proteger seu orçamento e maximizar seus recursos.
 O rendimento obtido pode ser usado para cobrir gastos imprevistos, como uma alta inesperada no dólar, despesas médicas ou até mesmo para complementar despesas com passeios, compras ou melhorias na hospedagem. 

O Tesouro Selic, por exemplo, é uma opção de investimento em renda fixa considerada de baixo risco, ideal para objetivos de curto prazo. Ele oferece liquidez diária e acompanha a taxa básica de juros da economia (a Selic). De acordo com a projeção dos nossos especialistas, a Taxa Selic, atualmente em 12,25%, deve continuar oferecendo uma rentabilidade atrativa para quem investe em produtos atrelados a ela, com expectativa de alcançar 15,5% em 2025. 

Para ilustrar, ao investir R$ 10.000,00 a uma taxa de 12,25% ao ano, equivalente a atual taxa Selic, o montante acumulado ao final de 12 meses seria de aproximadamente R$ 11.000,00 líquidos, ou seja, já considerando o desconto de impostos.  

Essa rentabilidade representa quase 1% ao mês, um percentual muito atrativo quando pensamos em taxas de retorno de investimentos, ainda mais se levarmos em consideração que, investimentos da categoria renda fixa tem, por característica, menor risco, o que pode equilibrar os impactos da alta do dólar, proporcionando maior tranquilidade financeira e flexibilidade para sua viagem. 

Por fim, com um planejamento financeiro cuidadoso e estratégias bem definidas, é possível minimizar os efeitos de um câmbio desfavorável e aproveitar a viagem internacional sem comprometer o orçamento. Adotar a estratégia de compra gradual de dólar, que permite construir um preço médio mais vantajoso, é uma excelente forma de suavizar as oscilações cambiais e reduzir os impactos financeiros.  

Além disso, a diversificação dos meios de pagamento, o investimento em opções seguras e um orçamento bem ajustado oferecem a segurança necessária para transformar o sonho de viajar em realidade, com tranquilidade para aproveitar cada momento ao máximo. 

 

Thaísa Durso,- educadora financeira da Rico


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