Recentemente, dados divulgados pelo Distrito lançaram luz sobre
uma tendência preocupante no cenário de investimentos em startups brasileiras.
Em 2023, as startups levantaram US$ 1,9 bilhão em investimentos, uma queda
significativa de 56,8% em relação ao ano anterior, quando foram aportados US$
4,4 bilhões. Essa redução nos investimentos tem levado os fundos a repensarem
suas estratégias e a adotarem abordagens mais proativas para garantir o sucesso
e a longevidade das empresas investidas.
Com um contexto no qual 80% das micro e pequenas empresas não completam um ano no Brasil e 60% fecham antes dos cinco anos, os fundos de investimento estão cada vez mais cientes da importância de não apenas fornecer capital, mas também de oferecer suporte estratégico e operacional às startups em que investem.
Há cinco anos comecei a investir em startups e a montar meu
portfólio. Hoje, entre investimentos e a ocupação como mentor e/ou conselheiro, estou envolvido com 6 startups: 180
Seguros, Let´s Delivery, Silver Hub, Homens de Prata, Vida60Mais e Misyu. Um
ponto que particularmente observo ao investir em uma empresa é a motivação que
deu origem a empresa. Observo também quão engajados estão os fundadores, a
capacidade de tração que terão para escalar e possíveis dores solucionadas.
Percebo que estes aspectos vão evoluindo e são aprimorados à medida que mais me
envolvo com os empreendimentos e seus fundadores. Costumo dizer que estou
construindo minha “Hoja de Ruta”, num aprendizado constante.
Capacidade de resiliência dos sócios é um ponto imprescindível.
Com tanta tecnologia disponível, é necessário entender como desfrutar de cada
uma delas e saber que é preciso saber pivotar muitas vezes, se adequar, saber
entender o potencial que cada cliente tem e, se preciso, fazer projeto piloto
para atendê-lo, como validação.
Um dos assuntos que abordo como empreendedor é a longevidade, aliás,
parte da minha ocupação está centrada em apoiar empreendedores que estão
desenvolvendo produtos e serviços para a população madura. Quanto mais estudo
mais me convenço que, neste tema e no âmbito dos negócios, podemos fazer um
paralelo entre a essência da Longevidade e as startups e seus fundadores.
De acordo com o Dicionário Oxford, longevidade é considerada a duração
da vida. Na medicina moderna, o seu conceito é mais amplo: envolve viver mais e
com qualidade de vida. A maioria das pessoas quer viver mais e melhor.
A Longevidade, neste paradoxo, para startups seria justamente a
capacidade emergente de sobreviver e prosperar ao longo do tempo, num contexto
em que é importante avaliar a taxa de sobrevivência, buscar o crescimento
sustentável, analisar impactos, reforçar temas de domínio com foco no público
alvo. Além disso, garantir que todos os recursos estejam à disposição é
fundamental: saber quem vai estar com você neste barco, seja um sócio
complementar, seja um conselheiro, seja sua rede de apoio ou networking.
Priorizar o capital humano e recursos faz toda a diferença.
Independente do setor, o networking é uma chave fundamental. Sejam
grupos de amigos, participação em cursos ou até mesmo em eventos como o Inova
Silver, idealizado pela Silver Hub anualmente, que é uma oportunidade
fundamental para expandir contatos e construir parcerias estratégicas no setor.
Em um cenário onde o envelhecimento populacional está em ascensão, criar uma
rede sólida de relacionamentos com profissionais, empresas e pesquisadores
envolvidos no desenvolvimento de soluções inovadoras para a saúde e bem-estar
da população idosa pode acelerar a troca de conhecimento, o acesso às novas
tecnologias e a colaboração em projetos de impacto. Esse intercâmbio
possibilita a criação de oportunidades de negócios, fortalecimento de alianças
e a disseminação de ideias que visam melhorar a qualidade de vida e promover o
envelhecimento saudável.
A longevidade já existe, é palpável e pode ser vivida de forma
estratégica e ativa. É preciso estar atento aos sinais, compreender a fase,
entender os momentos de possíveis mudanças, ter uma boa rede de apoio, saber
investir, financeiramente, falando - como pode perceber, poderia tranquilamente
me referir a vida das startups também. Talvez este seja o principal segredo.
Marcos Eduardo Ferreira - Investidor Anjo, Especialista em Longevidade e Mercado Securitário. Possui experiência de 32 anos como Executivo na MAPFRE. Nos últimos 15 anos, ocupou o cargo de CEO no Brasil e América do Sul, período em que também viveu como expatriado em Bogotá (2017 a 2020). Após essa trajetória profissional, decidiu embarcar em um período sabático, com o objetivo de reorganizar sua vida familiar e aprimorar seus conhecimentos em temas relacionados à Longevidade. Durante esse período de pausa, Marcos cursou a 1ª Turma do Programa de Especialização em Mercado de Longevidade da FGV – SP. Além disso, investiu em startups e, cofundou o Homens de Prata, canal no Youtube. Em julho de 2022, lançou a Silver Hub - Aceleradora e Agregadora de Negócios, com foco no apoio ao desenvolvimento de empreendedores e startups que oferecem produtos e serviços para o público 50+. Marcos é um entusiasta do empreendedorismo e um observador ativo dos impactos da longevidade, além de ser um grande incentivador da economia prateada.
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