Reprodução/Redes Sociais
Aplicação de substâncias como o PMMA
podem causar deformações e até complicações a longo prazo, avalia médico
O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking internacional de cirurgias plásticas, de acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (ISAPS). O que pode ser uma boa notícia traz um sinal de alerta - como relatado nos últimos dias pela influenciadora Maíra Cardi, que compartilha em suas redes sociais sua jornada de retirada do PMMA no rosto, colocado em 2009 sem consentimento.
A alta demanda por esse tipo de procedimento tem gerado relatos frequentes sobre o uso indevido de substâncias e produtos injetáveis nos pacientes. Entender quais substâncias são permitidas e indicadas e quais podem conferir riscos e resultados insatisfatórios a longo prazo é um aspecto importante para preservar a segurança e saúde do paciente.
Com o passar dos anos, o rosto sofre uma série de transformações -
e são elas que vão guiar o uso de diferentes substância absorvíveis ou
permanentes. Mudanças significativas em volume ósseo e de gordura podem ser
observadas a partir de uma certa idade, resultando em uma diminuição total do
volume da face. Para o cirurgião plástico Fabio Nahas, professor da Unifesp e
Diretor Científico Internacional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica,
o uso de preenchedores permanentes, muitas vezes, refletem em uma aparência
artificial e desarmônica após alguns anos.
“Substâncias que não são absorvíveis pelo corpo, como PMMA, podem apresentar problemas a longo prazo. Injetar produtos como esses em uma pessoa de 35 anos pode ter um bom resultado, mas aos 65 anos, por exemplo, acaba levando a uma aparência distorcida devido às mudanças naturais que acontecem no corpo, como a diminuição do volume facial que ocorre com o envelhecimento”, avalia o médico.
Em contrapartida, os preenchedores absorvíveis, como o ácido hialurônico, oferecem mais flexibilidade e segurança. Eles são gradualmente absorvidos pelo corpo ao longo de, no máximo, três anos. “Com estes produtos nós podemos fazer ajustes durante as consultas subsequentes, proporcionando uma aparência jovial e harmônica. Já os inabsorvíveis limitam a capacidade de corrigir ou melhorar alguns pontos da face conforme as necessidades estéticas evoluem”, afirma Nahas.
Além da insatisfação que substâncias permanentes podem gerar nos
pacientes, há preocupações sérias com a segurança de algumas delas. Estudos
realizados pela American Society of Plastic Surgery (ASPS) destacaram os
perigos das injeções intramusculares, quando realizadas no glúteo. Essas
práticas aumentam o risco de embolia em locais onde o produto injetado pode
inadvertidamente alcançar grandes vasos sanguíneos e causar bloqueios
potencialmente fatais nos pulmões.
Outro alerta fundamental é sobre o uso de substâncias não
autorizadas por não médicos, como silicone industrial, parafina e demais óleos
industriais para remodelar o contorno corporal. Estes produtos são
frequentemente utilizados para procedimentos estéticos, apesar de serem
proibidos pela ANVISA. A introdução dessas substâncias no corpo pode provocar
complicações graves, incluindo embolia pulmonar, que representam riscos à vida
do paciente.
“Optar por preenchedores faciais absorvíveis não apenas preserva a
aparência natural e saudável do rosto ao longo do tempo, mas também garante a
segurança e a flexibilidade necessárias para adaptações futuras”, conclui o cirurgião
plástico.
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