Novas tecnologias prometem transformar
o tratamento de doenças crônicas e infecciosasFreepik
O desenvolvimento de vacinas e imunoterapias tem avançado de forma
exponencial nos últimos anos, especialmente após a pandemia de COVID-19.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), na época da descoberta da
doença, cerca de 200 vacinas contra a COVID-19 estavam em estudo, e mais de 90
chegaram à fase de experimentação em humanos, muitas delas utilizando novas
tecnologias, como as vacinas de RNA mensageiro (RNAm). Esse progresso não só
acelerou a capacidade de resposta global a novas ameaças, mas também abriu portas
para inovações em tratamentos de doenças crônicas, como câncer e HIV, por meio
da imunoterapia.
Uma das áreas mais promissoras no futuro das vacinas é a
utilização de plataformas de RNAm. Essa tecnologia, que ganhou notoriedade com
as vacinas contra a COVID-19, oferece uma maneira rápida e eficiente de
desenvolver imunizações, permitindo respostas ágeis a surtos e pandemias
futuras. O princípio básico é que o mRNA transporta instruções genéticas para
as células do corpo, possibilitando a produção de proteínas específicas que
ativam o sistema imunológico. O potencial dessa abordagem vai além de doenças
infecciosas, podendo ser aplicada também no combate a doenças autoimunes e
cânceres.
No campo da imunoterapia, destaca-se a terapia CAR-T (Chimeric
Antigen Receptor ou receptor quimérico de antígeno com modificação genética de
células T), que pode oferecer tratamentos personalizados para cânceres. “As
células CAR-T são capazes de identificar e atacar as células cancerígenas, pois
são ‘programadas’ para isso. Ao contrário da quimioterapia, que ataca tanto
células saudáveis quanto tumorais, a terapia CAR-T é mais específica”, explica
Roberta Rocha, professora do curso de Farmácia do Centro Universitário Newton
Paiva Wyden. Além disso, pesquisadores estudam a aplicação da terapia CAR-T
para tratar doenças autoimunes e reduzir o risco de rejeição de órgãos em
transplantes.
Outro avanço promissor no campo das vacinas é o desenvolvimento de
vacinas terapêuticas, que estimulam o próprio organismo a combater a doença.
Diferentemente das vacinas profiláticas, que previnem doenças, as vacinas
terapêuticas têm como objetivo tratar condições já estabelecidas, como
infecções crônicas (HIV, hepatite) ou câncer. Por exemplo, vacinas terapêuticas
contra o HIV estão sendo estudadas para ajudar o corpo a controlar o vírus de
maneira mais eficaz, possibilitando tratamentos mais personalizados e menos
dependentes de medicamentos contínuos. "O Instituto Butantan desenvolve
novas vacinas terapêuticas contra tuberculose e HPV, e a imunoterapia para o
tratamento do câncer é, atualmente, a terapia mais promissora, tendo em vista
sua seletividade, potencial curativo e baixa toxicidade", acrescenta a
especialista.
Além disso, os avanços na biotecnologia também estão permitindo a
personalização de vacinas e imunoterapias. Com a análise de dados genéticos e
moleculares, os cientistas podem desenvolver tratamentos específicos para o
perfil imunológico de cada indivíduo, aumentando a eficácia e reduzindo os
efeitos colaterais. Essa abordagem personalizada já está sendo aplicada em
algumas imunoterapias contra o câncer e tem o potencial de transformar o
tratamento de diversas outras doenças. Contudo, o futuro das vacinas e
imunoterapias também enfrenta desafios. Um dos maiores obstáculos é o custo, já
que o desenvolvimento e a produção de tratamentos imunológicos avançados podem
ser extremamente caros, dificultando o acesso de populações de baixa renda.
Outro desafio é a desinformação em relação às vacinas e
imunoterapias. Apesar dos impactos positivos das vacinas, a disseminação de
informações incorretas e a resistência de parte da população à vacinação podem
comprometer a implementação de novas tecnologias. Combater a desinformação será
essencial para o sucesso dessas inovações no futuro. “O futuro das vacinas e
imunoterapias será moldado pela colaboração global. Parcerias entre governos,
indústrias farmacêuticas e instituições de pesquisa serão fundamentais para
acelerar o desenvolvimento de novas tecnologias e garantir que essas inovações
sejam disponibilizadas de forma equitativa em todo o mundo”, conclui Roberta. A
pandemia de COVID-19 mostrou que uma resposta rápida e coordenada pode salvar
milhões de vidas, e essa lição será crucial para enfrentar os desafios futuros
no campo da saúde global.
Centro
Universitário Newton Paiva Wyden
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