Segundo as projeções do Instituto Nacional de Câncer (INCA), os casos deverão aumentar 24,5% em relação a 2022. A própria pessoa pode identificar lesões suspeitas usando o método ABCDE e buscar ajuda médica, diz a oncologista Camila Jappour Naegele, da Oncologia D’Or.
O câncer de pele não melanoma é o tumor mais frequente no Brasil. Em linhas gerais, corresponde a 3 em cada 10 casos de câncer dos mais variados tipos. O INCA1 estima que este ano 220.940 brasileiros deverão ser diagnosticados com a doença – 24,57% a mais do que os 177 mil registrados há dois anos. “O crescimento pode ser atribuído a diversos fatores, como o envelhecimento da população, a maior exposição aos raios ultravioletas e as melhorias nos métodos de diagnóstico, que permitem a identificação de mais casos”, observa a oncologista Camila Jappour Naegele, da Oncologia D’Or.
A campanha Dezembro Laranja é uma ótima oportunidade para a disseminação de informações sobre a importância da prevenção e da detecção precoce para reduzir a incidência e a mortalidade por câncer de pele. Albinos, pessoas com pele e olhos claros, vitiligo, histórico familiar da enfermidade e que fazem uso de medicamentos imunossupressores devem redobrar a atenção porque têm risco aumentado da doença.
Entre as medidas preventivas mais eficazes do câncer de pela estão a não exposição ao sol entre as 10 horas e as 16 horas, o uso de protetor solar ou proteção física - chapéus, blusas de mangas compridas e barracas - e a realização de exames dermatológicos regulares.
O método ABCDE2 é um dos mais eficazes para
ajudar a própria pessoa a identificar uma lesão suspeita e consultar um
dermatologista. Trata-se de um autoexame, que associa cada uma dessas letras a
potenciais mudanças em sinais e pintas. São elas: A=Assimetria, B=Borda, C=Cor,
D=Dimensão e E=Evolução. Quem possui pintas com posições e bordas assimétricas,
cores não uniformes ou diâmetros superiores a 6 milímetros deve buscar ajuda
médica.
Tratamento
O câncer de pele é dividido em duas categorias: melanoma e não melanoma. Devido ao seu potencial de provocar metástase, o melanoma é o mais preocupante. Ele acomete 3% da população e, em estágios iniciais, é tratado por meio de cirurgia. A doença avançada requer um tratamento complementar com imunoterapia ou terapia-alvo.
O tumor não melanoma é mais frequente e dificilmente evolui para metástase. Por isso, o tratamento é basicamente cirúrgico. Em até 2% dos casos, causa metástase e necessita de terapia adicional à cirurgia.
A imunoterapia está entre os tratamentos que apresentaram mais progressos nos últimos anos. Trata-se da administração venosa de um medicamento que estimula o sistema imunológico do paciente a reconhecer e destruir as células cancerígenas. Para combater o melanoma, os médicos no Brasil prescrevem os imunoterápicos Ipilimumab, Nivolumab, Pembrolizumab e, mais recentemente, Nivolumab associado ao Relatlimabe.
Após a apresentação de um estudo no Congresso Americano de Oncologia de 2024, a imunoterapia passou a ser usada antes da cirurgia para diminuir o tamanho de certos tipos de tumores, o que facilita a remoção do câncer e reduz as chances de recidiva.
Paralelamente, os cientistas vêm desenvolvendo vacinas
contra o câncer de pele, feitas sob medida para cada paciente. Inspirados nas
vacinas da covid-19, esses imunizantes ensinam o sistema imunológico a
reconhecer e destruir as células do câncer. Quando usadas junto com
outros medicamentos, podem reduzir significantemente as chances de o melanoma
voltar. As vacinas ainda estão em fase de pesquisa, mas os resultados são muito
promissores.
Tecnologia
Em 2024, houve avanços significativos na detecção precoce
do câncer de pele. Nos Estados Unidos, a agência regulatória Food and Drug
Administration (FDA) aprovou o primeiro dispositivo portátil para detecção de
câncer de pele, que usa a luz e algoritmos de inteligência artificial (IA) para
investigar lesões suspeitas e fornecer resultados imediatos que auxiliam os
médicos na identificação dos três principais tipos de câncer de pele: melanoma,
carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular.
“Este dispositivo ainda não chegou ao Brasil, mas aqui temos ótimos profissionais capacitados que analisam a pele utilizando exames como a dermatoscopia digital e a microscopia confocal, que auxiliam no diagnóstico do câncer de pele”, afirma a oncologista Camila Jappour Naegele.
Pesquisadores da Universidade de Araraquara (UNIARA)3
estão desenvolvendo um software que utiliza aprendizado de máquina e visão
computacional para examinar imagens de lesões cutâneas, diferenciando as
benignas das malignas. A análise de imagens orientada por IA facilita a
intervenção profissional, produz relatórios médicos com rapidez e detecta
anomalias que seriam quase impossíveis a olho nu. “Este trabalho destaca o
avanço na integração entre a inteligência artificial e a Medicina para
aprimorar os diagnósticos”, conclui a médica Camila Jappour Naegele.
Referências
Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Estimativa 2023: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2022.
INCA. Disponível em https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/pele-melanoma/versao-para-populacao
Renan Oliveira de Carvalho. Diagnóstico precoce de câncer de pele com inteligência artificial: desenvolvimento de software usando Python. Engenharia da Computação, Volume 28, 2024
Rede D'Or
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