Alta demanda
sobrecarrega planos de saúde e pode prejudicar pacientes com procedimentos já
agendados
O fim do ano se aproxima e com ele surge uma
corrida aos hospitais e clínicas para a realização de cirurgias, muitas vezes,
proteladas ao longo do ano. Este movimento, que se repete anualmente em
dezembro, tem gerado preocupação entre profissionais do setor devido ao alto
volume de pedidos e possíveis atrasos nas autorizações dos procedimentos. O
fenômeno tem afetado tanto hospitais particulares quanto o fluxo de atendimento
em operadoras de saúde.
De acordo com dados da Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS), divulgados em seu relatório anual de 2023, houve um aumento
de 40% nas solicitações de cirurgias eletivas em dezembro, quando comparado à
média mensal do mesmo ano. O estudo ainda aponta que cerca de 30% dos
procedimentos sofrem atrasos na autorização devido à alta demanda concentrada
neste período. Os números também revelam que as especialidades mais procuradas
são ortopedia, oftalmologia e cirurgia plástica.
O especialista em autorizações cirúrgicas, Rodolfo Damasceno, analisa este cenário com preocupação e destaca um aspecto pouco
observado. “A maioria das pessoas agenda cirurgias em dezembro pensando nas
férias e no período de recuperação, mas não considera que as operadoras de
saúde também sofrem com o deficit de funcionários nesta época. Muitos
colaboradores das áreas de análise e autorização entram em férias, causando uma
sobrecarga natural no sistema de aprovações”, explica.
Para evitar transtornos, a recomendação é iniciar o
processo de autorização com pelo menos 30 dias de antecedência. O planejamento
antecipado permite resolver eventuais pendências documentais e garante tempo
hábil para recursos em caso de negativas. É importante reunir todos os exames
necessários e laudos médicos atualizados antes de dar entrada no pedido de
autorização. Além disso, os pacientes devem verificar se seus exames
pré-operatórios estão dentro do prazo de validade exigido pelo hospital e pela
operadora de saúde. Do contrário, isso pode levar o processo de volta à estaca
zero.
Os hospitais também têm se adaptado a esta demanda
sazonal. Muitas instituições aumentam suas equipes administrativas e criam
fluxos especiais para dar conta do volume de solicitações. Mesmo assim, o
processo pode sofrer atrasos devido à necessidade de análise individual de cada
caso. A documentação incompleta é apontada como principal causa de demora nas
autorizações, seguida pela falta de justificativa médica adequada para o
procedimento.
Damasceno reforça a importância do planejamento
adequado e compartilha sua experiência no setor. “As pessoas precisam entender
que o processo de autorização é complexo e envolve várias etapas. Temos casos
em que o paciente marca a cirurgia para a primeira semana de dezembro e só
inicia o processo de autorização em novembro. Quando surgem pendências ou é
necessário apresentar mais documentos, o tempo fica muito apertado e pode
comprometer a realização do procedimento na data prevista”, pontua.
Cabe aos médicos e hospitais ajudarem os pacientes
a ajustarem sua expectativa para a celeridade do processo e tranquilizá-los
sobre os prazos. Afinal, uma cirurgia não pode ser meramente uma meta de fim de
ano, e sim um passo dado com consciência. “Por isso, sempre oriento meus
pacientes a começarem a organizar a documentação já em outubro, quando planejam
uma cirurgia para dezembro. O segredo é manter uma comunicação próxima com o
médico, reunir todos os documentos necessários e acompanhar cada etapa do
processo junto à operadora de saúde para evitar ter de remarcar o procedimento”,
ressalta o especialista.
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