Ginecologista Ricardo Bruno explica
como e em quais casos os contraceptivos influenciam na cefaleia e na enxaqueca
A dor de cabeça é uma enfermidade extremamente comum no público
feminino, tanto que, segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, cerca de 70%
das mulheres apresentam pelo menos um episódio ao mês. Com isso, há muita
especulação sobre se há alguma relação entre a doença e os métodos contraceptivos:
como saber se a dor é um efeito colateral do contraceptivo e quais são os
métodos mais indicados para quem costuma ter esse tipo de incômodo.
Segundo o ginecologista Ricardo Bruno (que é Mestre e Doutor em
Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Chefe do Serviço de
Reprodução Humana do Instituto de Ginecologia da UFRJ e Diretor Médico da
Exeltis Brasil), primeiro é importante entendermos que há diversos tipos de dor
de cabeça. “Existem mais de 150 tipos diferentes, que podem estar associados a
diversos quadros clínicos. Para sabermos qual o método de contracepção é mais
indicado, precisamos entender qual tipo de dor de cabeça a paciente tem, pois
em determinados casos há contraceptivos mais indicados e, até mesmo,
contraceptivos contra indicados”, explica o especialista.
Bruno esclarece que para pacientes com cefaleia leve ou moderada
não há contraindicação para qualquer método, porém no início do uso de pílulas
anticoncepcionais (geralmente nas primeiras duas cartelas) é possível ter, como
efeito adverso, cefaleia simples. Além disso, para mulheres que já possuem uma
cefaleia crônica é possível que haja uma piora no quadro.
Porém, o ginecologista alerta que no caso de enxaqueca é preciso
ter um pouco mais de atenção. “A enxaqueca simples não contraindica nenhum
método contraceptivo, porém considera-se ser melhor dar preferência pelos
métodos somente com progestagênio, seja pop, implante ou DIU, porque
acredita-se que o estrogênio piore as enxaquecas, apesar de termos poucos trabalhos
de comprovação científica que comprovem essa ligação”, conta o especialista.
Existem ainda pacientes que possuem enxaqueca com aura, que
geralmente são acompanhadas de náuseas e
vômitos. A aura é descrita como a presença de sintomas ou sinais que antecedem
ou ocorrem logo após o início da enxaqueca, os mais importantes são faixas de
luz (escotomas luminosos), cegueira transitória ou parcial, alterações na fala
e tremores nas mãos. O doutor explica que para essas pacientes não é
indicado a utilização de nenhum método hormonal combinado, ou seja, que tenham
estrogênio e progestagênio. “Nesses casos devemos usar contraceptivos somente
de progestagênio, pois o uso de estrogênio pode aumentar de 2 a 3 vezes o risco de acidente vascular cerebral”, diz Bruno.
O doutor também faz questão de ressaltar a importância de procurar
um ginecologista para iniciar o uso ou trocar o método contraceptivo. “Por
isso, é tão importante que a paciente procure um especialista antes de iniciar
a contracepção. Há diversas questões que precisam ser analisadas antes de
definir qual método contraceptivo será usado, para que a escolha seja a melhor
opção para a paciente, de acordo com seu objetivo e com seu histórico médico”,
conclui o ginecologista.
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