Com cobertura
vacinal em queda no último ano, jovens entre nove e 14 anos podem se vacinar
gratuitamente pelo SUS
Mesmo com evidências do perigo de vulnerabilidade
ao Papilomavírus, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) constatou queda na
imunização contra o HPV em 2022. Responsável pela formação de verrugas na pele,
as lesões genitais podem ser de alto risco, pois são precursoras de tumores
malignos, especialmente do câncer de colo do útero e do pênis. Nícolas Cayres,
ginecologista e professor de Medicina do Centro Universitário de Brasília
(CEUB), esclarece os mitos e verdades sobre a vacina e seus impactos na vida adulta.
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde,
87,08% das meninas receberam a primeira dose da vacina em 2019, e em 2022, a
cobertura caiu para 75,81%. Entre os meninos, a cobertura caiu de 61,55%, em
2019, para 52,16%, em 2022. Diante desse contexto, sete em cada 10 casos de
câncer de colo de útero no Brasil são causados por um vírus que pode ser
combatido com vacina gratuita oferecida pelo SUS.
A efetividade da vacina contra o HPV não está
relacionada diretamente à faixa etária da aplicação, explica Dr. Nícolas
Cayres. No entanto, recomenda-se a vacinação em fases precoces, como na
infância e adolescência, devido ao fato de que o HPV é uma doença transmitida
sexualmente. "Proteger as crianças e adolescentes antes do início da vida
sexual é fundamental para prevenir a infecção e problemas graves no
futuro", ressalta o médico.
De acordo com o ginecologista, a ausência de
prevenção contra o HPV pode acarretar complicações graves na vida adulta, sendo
o câncer de colo do útero a principal delas. Ele afirma que o câncer de colo do
útero ainda é o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo.
"O Papilomavírus é o primeiro entre as causas ginecológicas de
câncer", alerta o especialista.
Cayres destaca o impacto negativo da ausência de
vacinação em mulheres e homens contra o HPV e revela que a falta de vacinação
contra o HPV em homens afeta diretamente as mulheres. "Quando os homens
não se vacinam, eles podem se tornar portadores do vírus e transmiti-lo a suas
parceiras sexuais. Dessa forma, a ausência da vacinação torna-se prejudicial
tanto para os homens quanto para as mulheres", frisa o professor.
No caso de complicações graves em homens causadas
pelo vírus, embora o câncer de pênis possa ser uma doença decorrente da
ausência de prevenção contra o HPV em homens, o especialista afirma que sua
incidência é muito baixa quando comparada ao câncer de colo do útero na
população em geral. Portanto, a recomendação de vacinação para meninos também é
importante para proteger as mulheres do aumento da incidência do câncer de colo
do útero.
A prevenção do HPV em mulheres é autocuidado
Nícolas Cayres afirma que há uma conscientização maior sobre a prevenção das
ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) nas mulheres devido às graves
sequelas causadas pela infecção pelo HPV. Segundo levantamento divulgado pelo
Instituto Nacional do Câncer (INCA), somente em 2023, ocorrerão cerca de 17.000
novos casos de câncer de colo do útero no Brasil. Essa incidência é alarmante e
reforça a necessidade de prevenção.
Além da vacina, o ginecologista reforça que o exame
de Papanicolau é fundamental para o diagnóstico precoce de lesões invasoras
causadas pelo HPV no colo do útero. Ele aponta que essas lesões têm potencial
de se tornarem câncer, mas são completamente tratáveis quando detectadas em
estágios iniciais e, de acordo com o Ministério da Saúde, recomenda-se que a
mulher faça o exame a cada três anos, caso tenha dois exames anteriores
normais. O simples ato de realizar o exame de Papanicolau regularmente pode
evitar o desenvolvimento dessa doença evitável.
Para aumentar o engajamento nas campanhas de
imunização contra o HPV, o docente do CEUB garante que é fundamental que as
famílias, escolas e profissionais de saúde trabalhem juntos para conscientizar
sobre a importância da prevenção, visando uma vida adulta mais saudável e livre
de complicações causadas por essa infecção. "A prevenção do câncer de colo
do útero é uma questão de autocuidado e responsabilidade", reforça.
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