Até
abril, ocorreram mais de 3.500 casos; 26 de
junho é o Dia Nacional do Diabetes, doença que que tem o envolvimento do pé como uma das principais
complicações; ABTPé explica
Na próxima
segunda-feira,26 de junho, é Dia Nacional do Diabetes, problema de saúde
pública, cuja prevalência deve mais que dobrar no mundo e chegar a um total de
1,3 bilhão de indivíduos com o diagnóstico em 2050 – cerca de 13% da população
mundial considerando a estimativa das Nações Unidas de 9,7 bilhões de
habitantes para o ano. O alerta consta em um amplo trabalho publicado nesta
semana na revista científica The Lancet, conduzido por pesquisadores
que colaboram com o estudo Global Burden of Diseases (GBD) (Carga
Global de Doenças, em tradução livre), liderados pela equipe do Instituto de
Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington (IHME, da sigla em
inglês), nos Estados Unidos.
Quando existe
acometimento dos pés, o problema é uma das principais causas de amputações. De
acordo com o Ministério da Saúde, até abril deste ano, o registro do SUS
(Sistema Único de Saúde) apontava a realização de 3.512 amputações em
decorrência da diabetes, relacionadas a membros inferiores e pé/tarso, o equivalente
a 55% do total de casos (6.302).
Em 2021, foram
9.781 amputações de membros inferiores e pé/tarso, passando para 10.161, em
2022. Já em números globais de amputação, ocorreram 17.653 procedimentos
em 2021 e 18.273 no ano passado.
Os diabéticos são mais
vulneráveis à amputação dos membros inferiores, pois com o desenvolvimento da
doença, os pés vão perdendo a sensibilidade, aumentando os riscos de feridas e
infecções, o que é considerado um problema grave, já que pode levar a uma
amputação.
“O pé diabético é
uma das complicações mais comuns de quem tem o diabetes e é a principal causa
de amputações no Brasil, depois dos acidentes. Isso porque a doença afeta a
circulação e a inervação, ocorrendo uma perda da sensibilidade protetora da
região do tornozelo e pé”, explica o presidente da Associação Brasileira de
Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé), Dr. Luiz Carlos Ribeiro Lara.
Uma das lesões que
o diabetes causa é a neuropatia diabética, em que há perda
da função dos nervos do pé, principalmente da sensibilidade dolorosa e tátil,
dificultando a percepção do paciente em notar lesões ou contusões. “Sem a
sensibilidade, as possíveis lesões podem evoluir rapidamente e formar bolhas e
feridas abertas (úlceras), possibilitando assim a entrada de microorganismos e
causar uma infecção no pé”, fala o especialista.
Outro problema que
pode ocorrer no paciente diabético são as feridas abertas ocasionadas por
aumento da pressão local ou por ferimento (corte) na pele. Normalmente, mas não
obrigatoriamente, estão relacionadas com a perda da sensibilidade dolorosa do
pé. “Em casos graves, é necessária a cirurgia para limpeza e desbridamento das
lesões mais profundas ou até mesmo a amputação de dedos ou parte do pé para
sanar a infecção”, salienta o presidente da ABTPé.
O cirurgião lembra
que o paciente com diabetes também perde a sensibilidade para fraturas,
deslocamentos ou microtraumas ocorridos nos ossos do pé e tornozelo, o que
exige um tratamento diferenciado. “Dependendo da gravidade, o tratamento pode
ser imobilização por gesso, órtese ou até mesmo cirurgia reconstrutiva”, diz.
Nas situações de
infecção grave, a pessoa pode apresentar mal estar geral, febre, mas, outras
vezes, a infecção pode manifestar-se apenas com o aumento das taxas de açúcar
no sangue “Normalmente, nota-se abcesso, secreção purulenta, mau cheiro, área
inchada e avermelhada, às vezes com áreas de necrose de tecidos. Chegar a esse
ponto é muito preocupante, pois pode ser necessária a amputação para resolução
do problema”, ressalta.
Recomendações
O paciente com
diabetes deve ater-se a alguns cuidados com os pés para evitar as complicações
da doença. Uma delas é evitar andar descalço, especialmente fora de casa. “O
uso de calçados especiais para diabéticos, fechados, sem costura interna, com a
parte da frente larga e alta, e com palmilhas confortáveis, é recomendado
sempre que possível”, destaca. “O uso das meias também é importante. Elas devem
ser, de preferência, brancas, para facilitar a identificação mais rápida de
algum machucado ou ferida no pé, e de algodão, que irritam menos a pele, com
costura pouco volumosa e sem elástico, para não comprometer a circulação”,
orienta.
O médico frisa,
ainda, que os pés devem ser examinados pelo menos uma vez ao dia, para a
procura de calos e úlceras, além de verificar se há a presença de micoses e
rachaduras. “Mantê-los hidratados para evitar rachaduras cutâneas e infecções
secundárias é outra ação e, identificando algo fora do normal, um especialista
deve ser consultado Nunca tente retirar calos, limpar úlceras ou cortar as
unhas sozinho”, conclui.
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