O maior risco de trombose acontece nas primeiras 48 horas após a cirurgia, mas há diversas formas de evitá-la
É bem provável que você já deva ter ouvido falar sobre casos
envolvendo trombose e cirurgia. Mas, afinal, qual é a relação entre a doença e
procedimentos cirúrgicos? Há fatores de risco? O que fazer para evitar?
Segundo Luís Maatz, cirurgião plástico, especialista em Cirurgia
Geral e Cirurgia Plástica pelo HC-FMUSP, e membro da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica (SBCP), em toda cirurgia há risco de trombose venosa, também
conhecida como Trombose Venosa Profunda (TVP).
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a
formação da TVP é mais comum na região das pernas ou na área pélvica,
correspondendo a 80-95% dos casos.
“Ela é caracterizada pela formação de coágulos ou trombos dentro
dos vasos sanguíneos, comprometendo o fluxo de sangue. Quando estes coágulos se
desprendem das veias podem atingir órgãos vitais, em particular, os pulmões,
causando o tromboembolismo pulmonar (TEP), podendo gerar complicações
potencialmente graves”.
Quais os fatores de risco
Segundo ele, o risco de trombose é mais comum no período
pós-cirúrgico, quando o paciente necessita de repouso, fica com a mobilização
reduzida e, consequentemente, tem sua circulação sanguínea diminuída.
“Entretanto, a chance é maior quando há fatores de risco como uso
de pílula anticoncepcional, histórico familiar, tabagismo, obesidade,
sedentarismo, doenças genéticas ou autoimunes, que alteram a coagulação
sanguínea, entre outras condições”, completa Luís Maatz.
É possível prevenir
A primeira consulta é fundamental para que o médico faça uma
triagem completa, obtendo todas as informações necessárias sobre o paciente,
incluindo histórico de saúde, histórico familiar, hábitos de vida, doenças
pré-existentes, cirurgias anteriores, uso de medicamentos, entre outras
questões.
“A cirurgia plástica não é indicada para pessoas que estão muito
acima do peso ideal, com problemas cardiorrespiratórios sem controle adequado
ou com algumas pré-disposições individuais. Daí a importância de fazer todos os
exames pré-operatórios, que incluem exames de sangue e cardiológicos. Além
disso, ela deve ser realizada em um hospital adequado, com toda infraestrutura
necessária para atender a algum eventual problema durante ou após a cirurgia”,
pontua Maatz.
Como notar um possível quadro de trombose no pós-operatório
O maior risco de trombose acontece nas primeiras 48 horas após a
cirurgia. No entanto, é fundamental ficar em alerta por mais 15 a 20 dias,
período em que ainda pode surgir a trombose.
“Fique atento se notar inchaço ou dor na panturrilha; pele quente,
avermelhada ou enrijecimento das pernas. Caso identifique os sintomas,
dirija-se a um pronto-socorro e comunique seu cirurgião imediatamente”, orienta
Luís Maatz.
Regras para minimizar o risco de trombose
Primeiramente, certifique-se que seu cirurgião segue o protocolo
de prevenção de TVP/TEP. Na maioria das cirurgias plásticas, exceto os
procedimentos de pequeno porte e sem restrição da deambulação pós-operatória, há
necessidade de algum tipo de intervenção para evitar a trombose.
“Verifique com seu cirurgião se o hospital disponibiliza aparelho
compressor pneumático intermitente, para massagear as pernas, e se você deverá
fazer uso de medicações anticoagulantes”.
Mantenha as pernas elevadas e massageadas
Coloque travesseiros ou almofadas embaixo das pernas e dos pés, de
modo que eles fiquem em uma altura pouco acima do seu corpo. Várias vezes ao
dia, faça movimentos com os pés, como se estivesse pressionando e soltando o
acelerador do carro.
Além disso, peça para alguém massagear suas pernas. “Essas
técnicas evitam que o sangue fique estagnado nas pernas e circule melhor, o que
diminui o risco da trombose”, diz Luís Maatz.
Não fique o tempo todo parado
O repouso pós-operatório é necessário para a recuperação mais
rápida e uma melhor cicatrização. Porém, o paciente não deve permanecer o tempo
todo imóvel.
“Pequenas caminhadas dentro de casa, ao longo do dia, são
importantes para evitar a formação de coágulos, além de favorecerem o
funcionamento intestinal. Na primeira semana após a cirurgia, é fundamental
fazer essas caminhadas, com alguém supervisionando ou auxiliando”.
Faça uso das meias de compressão continuamente
Quando tiver alta e voltar para casa, siga as orientações médicas
à risca, o que inclui o uso de meias de compressão para estimular a circulação.
“Nos primeiros 10 ou 14 dias após a cirurgia, é fundamental fazer
uso contínuo das meias antitrombo. Se achar necessário, compre duas, caso sujem.
O importante é mantê-las o tempo todo nas pernas e só retirar quando for tomar
banho”.
Tome as medicações prescritas com responsabilidade
“Após uma cirurgia
plástica, é de praxe a prescrição de analgésicos e anti-inflamatórios para dor
e antibióticos para evitar infecções. Se for necessário, o cirurgião pode
prescrever também anticoagulantes, que impedem a formação de coágulos no
sangue”, reforça Luís Maatz.
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