Médica explica os
riscos de se espelhar em personagens de ficção
Revivendo a nostalgia de muitos, a Netflix levou ao
ar sua nova série Wandinha, que traz a filha mais velha de Mortícia e Gomez
Addams, da clássica série de televisão “A Família Addams”. Atraindo uma audiência
significativa, a série possui o foco em Wandinha Addams, que conquistou os
telespectadores com sua personalidade fria e macabra, até mesmo com a sua
família. Mas a que se deve toda essa frieza? A Dra. Tamires Cruz, médica
especializada em saúde mental, traz sua visão sobre o comportamento sobre a
protagonista da série, a Wandinha.
Sobre o comportamento muitas vezes apático da
garota, Tamires aponta que possivelmente trata-se de um transtorno de
personalidade, caracterizado por uma série de confusões mentais que dão ao
indivíduo padrões de pensamentos e comportamentos considerados “frios” ou
desajustados. Alguns dos fatores que ajudam a identificar o problema em
questão, são as circunstâncias diárias de sua família, e não apenas isso, mas
de tanto ouvir a frase “Wandinha é só desgosto”, a personagem acaba mantendo as
atitudes negativas que tanto afirmam que ela possui, tomando para si uma
personalidade que talvez antes não lhe pertencesse. “Se analisarmos bem a
personagem, conseguimos supor que a Wandinha possui muitas coisas presas dentro
de si. Mesmo não demonstrando seus sentimentos, há momentos raros nos quais ela
nos lembra que também é humana, como quando seu escorpião de estimação morreu,
por exemplo”, explica a especialista.
Para a médica, o problema em geral não é a
personagem e seus problemas, mas sim os telespectadores que acabam se
identificando com ela, pois em alguns casos, essas pessoas podem possuir também
algum traço do transtorno de personalidade e acabar passando despercebido por
si mesmo ou por quem os rodeia. É necessário também atentar-se pois, em alguns
casos, aqueles que assistem a série tentam trazer para si a personalidade fria
e cruel da Wandinha, desencadeando, futuramente, algum problema por forçar sua
mente a agir de uma maneira não convencional apenas para se parecer com um personagem
fictício.
Reforçando ser importante não reprimir seus
sentimentos, Tamires aponta que tais comportamentos podem acarretar problemas
psicológicos reais, desenvolvendo um quadro não apenas de transtorno de
personalidade, mas também de depressão e ansiedade. “Oprimir as emoções,
principalmente as boas, acarretam muitas vezes em problemas de autoestima e em
ideias que passam a limitar a si mesmo, abrindo espaço para quadros de crises
de ansiedade e depressão. Então é necessário saber conversar, buscar ajuda
médica e psicológica quando necessário e nunca forçar ser aquilo que você não
é, evitando problemas maiores futuramente”, explica.
Apesar destes apontamentos, Tamires lembra que para
cada pessoa existe uma condição diferente, pois algumas vezes, por mais que o
telespectador se identifique com o personagem, existe a possibilidade de não
haver diagnóstico real. A médica salienta ainda que não é recomendado que
aqueles que acompanham séries, filmes e programas não se deem um
autodiagnóstico, pois esta função cabe somente a um profissional especializado.
Dra. Tamires Cruz -graduada em Medicina (FMJ) e graduada e pós-graduada em Gestão e Administração Hospitalar (Estácio). Pós-graduação em Docência (Estácio), Especialização em Cuidados Paliativos (Instituto Paliar) e Saúde Mental (Estácio) com foco em Ansiedade e Depressão. Mestre e Doutoranda em Saúde Pública (Faculdade de Medicina - ABC/SP). Criadora do Método Saúde de Gigantes, metodologia que já ajudou centenas de pessoas no controle da ansiedade e tratamento da depressão, sem uso de remédios. Autora do Livro: Seja (im)perfeito, Editora Gente
Nenhum comentário:
Postar um comentário