O
Paraná realizou 558 cirurgias para transplante de fígado pelo Sistema Único de
Saúde (SUS), em dois anos. Em 2021 foram 249 e, em 2022, 301 procedimentos,
ficando em segunda posição no ranking de estados brasileiros que mais
realizaram esta cirurgia, atrás apenas de São Paulo (1.013); os dados foram
divulgados no DataSus.
Oito
instituições fazem este tipo de transplante no Paraná, de acordo com
informações do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), da Associação
Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
Do
total, 42 cirurgias foram feitas com doação da parte do órgão de um paciente
vivo, ainda segundo o DataSUS. O Dr. Eduardo Ramos, cirurgião especialista em
fígado e pâncreas do Instituto de cirurgia robótica do Paraná, ressalta que
este é um procedimento de alta complexidade.
“Estudos
apontam que é uma das mais complexas da cirurgia moderna, pois é necessário
realizar a ressecção do órgão e soltá-lo de todas as demais estruturas antes do
transplante, em um procedimento demorado e que interfere em muitas funções do
organismo no pós-operatório”.
O
transplante é necessário para pacientes que não possuem mais função adequada do
fígado, o que é mais comum em casos de cirrose hepática (independente da
causa), câncer, doenças hereditárias como a Doença de Wilson e - nas crianças -
a atresia biliar.
A
plataforma robótica tem sido utilizada de forma muito inicial na cirurgia do
doador, segundo Ramos. “Poucos serviços no mundo estão fazendo a cirurgia no
doador intervivos. Já a hepatectomia parcial de um doador, ou seja, a retirada
da metade ou um segmento de fígado, pode ser realizada por via robótica e
depois implantado no receptor de forma convencional, porém, ainda não é feita
em nosso país”, explica.
O
fígado do doador vivo é capaz de se regenerar após a cirurgia de hepatectomia
parcial, que remove parte dele. “Geralmente o indicado é fazer a doação de
metade do fígado do paciente, porém esse cálculo é feito de forma
individualizada através de programas de computador, levando em consideração uma
série de fatores. A parte mantida do fígado é capaz de crescer e retomar o
tamanho original do órgão, a regeneração começa logo após a cirurgia e o retorno
ao tamanho normal é esperado em um período de quatro a seis semanas”.
O robô
é uma tecnologia que ainda não está disponível no SUS, mas está em processo de
democratização no Brasil. Tem como benefício aumentar a segurança e a precisão
de uma cirurgia, realizando movimentos em 360º que a mão humana não é capaz,
além de oferecer ao cirurgião uma visão ampliada e em 3D da área a ser tratada,
o que permite melhor visualização de pequenas estruturas.
CÂNCER
DE FÍGADO - A
doença é uma das causas de transplante de fígado, principalmente quando são dos
tipos carcinoma hepatocelular, tumor neuroendócrino. Além do risco do câncer do
câncer em si, quase a totalidade dos pacientes (90%) com hepatocarcinoma
possuem a cirrose associada, comprometendo ainda mais a saúde hepática.
Apenas
no Paraná são esperados 680 diagnósticos de câncer de fígado ao longo do ano, o
que representa cerca de dois diagnósticos por dia. De acordo com o Instituto
Nacional do Câncer (INCA), são 410 casos em homens e 270 em mulheres. Em todo o
Brasil devem ser diagnosticados 10.7 mil casos novos.
A
previsão é de que o estado seja o sexto com maior incidência, atrás de São
Paulo (2.200), Rio de Janeiro (760), Rio Grande do Sul (1.000), Minas Gerais
(890) e Bahia (700).
DADOS NACIONAIS - De acordo com um levantamento realizado
pelo Ministério da Saúde, o número de transplantes de órgãos no geral registrou
uma queda em 2021, na comparação com o ano anterior. Entre janeiro e novembro
do ano passado foram feitos 12 mil transplantes e, no mesmo período de 2022, 13
mil procedimentos.
Na comparação mundial, em números absolutos o Brasil é o
segundo maior em número de operações de transplante. O país só fica atrás dos
Estados Unidos.
INSTITUTO DE CIRURGIA ROBÓTICA DO PARANÁ - O ICRP reúne quatro cirurgiões renomados
em cirurgia robótica do Sul do Brasil - e em suas respectivas áreas de atuação,
com certificação e know-how para oferecer melhor atendimento ao paciente, com o
que há de mais atual e seguro na medicina.
Fazem
parte deste projeto os cirurgiões Christiano Claus - Cirurgia de Hérnias
Abdominais e Aparelho Digestivo; Eduardo Ramos - Cirurgia Hepática e
Pancreática; Giorgio Baretta - Cirurgia Bariátrica e Metabólica e Reitan
Ribeiro - Cirurgia Oncológica.
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