Se diagnosticados precocemente, os dois cânceres têm tratamento e são curáveis
O câncer colorretal
é o segundo câncer mais comumente diagnosticado no Brasil. Dados do
Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimam que em 2023 serão 45.630 novos
casos da doença no país, sendo que 23.660 em mulheres, só perdendo para o
câncer de mama, e 21.970 em homens, perdendo para o de próstata. No caso do
câncer de colo de útero, terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres,
para o ano de 2023 foram estimados 17.010 casos novos, excluídos os de tumores
de pele não melanoma.
Para a oncologista
e oncogeneticista Isabella Tavares, a falta de informação correta, a
desigualdade e a dificuldade de acesso à saúde tornam um enorme desafio a ser
vencido a possibilidade real de eliminação do câncer de colo de útero.
“Campanhas de conscientização são importantes para que as pessoas entendam
melhor sobre as doenças e percebam que a prevenção é fundamental. O câncer
cervical, por exemplo, é uma das formas de câncer tratáveis com maior sucesso,
desde que seja detectado precocemente e tratado de forma eficaz”, diz.
O câncer de colo
de útero, também chamado câncer cervical, é um tumor que ocorre a partir de
alterações causadas pela infecção persistente do HPV (vírus do papiloma
humano), considerada a infecção sexualmente transmissível de maior incidência e
prevalência no mundo. A boa notícia é que ela pode ser prevenida com medidas
simples, como exame de Papanicolau e vacinação.
Com relação ao
câncer de intestino, os casos estão aumentando e com uma incidência cada vez
maior em pacientes mais jovens, com menos de 50 anos, principalmente
sedentários e acima do peso. “A alimentação e estilo de vida saudável
influenciam no diagnóstico deste tipo de câncer. Dietas pobres em fibras,
excesso no consumo de alimentos ultraprocessados, excesso de peso corporal e
falta de exercícios físicos contribuem para o surgimento da doença”, afirma
Isabella.
Segundo a
oncologista, conhecer as doenças é fundamental para saber quando procurar um
médico, no caso de algum sintoma. “Quanto mais cedo for diagnosticado o câncer,
maiores são as chances de tratamento e cura, para qualquer tipo da doença”,
alerta.
Principais
sintomas, como detectar e tratamentos de cada um dos dois tipos de câncer
Câncer
Colorretal
É uma doença que
se inicia na parte do intestino grosso, reto e ânus. Ela também é conhecida
como câncer de cólon e reto ou câncer de intestino. Pode ser detectado por meio
de colonoscopia e pesquisa de sangue oculto nas fezes.
Principais
sintomas:
Sangue nas
fezes; aumento anormal de algum tecido no corpo (tumoração) e dor abdominal; perda
de peso sem motivo aparente e anemia; mudança de hábito intestinal.
Prevenção:
Manter o peso
ideal do corpo e uma alimentação saudável, rica em frutas, vegetais e alimentos
que contêm fibras. Também evitar carnes processadas e limitar o consumo de carne
vermelha em até 500g/semana. Importante não fumar e nem se expor ao tabagismo.
Câncer
de Colo de Útero
É um tipo de
câncer causado, na maioria dos casos, pelo vírus HPV (Papiloma Vírus Humano),
transmitido na relação sexual. Grande parte das pessoas têm contato com esse
vírus, porém, na maioria das vezes, ele é eliminado naturalmente. Em algumas
situações, podem aparecer lesões na vagina que, se não tratadas, podem causar o
câncer, um tumor que se desenvolve na parte inferior do útero, chamada “colo”,
que fica no fundo da vagina.
Sintomas:
A maioria das
mulheres não sente nada no início. Posteriormente, podem aparecer sangramentos
fora do período menstrual, dor e corrimentos. Como esses sintomas são comuns a outras
doenças, é muito importante procurar um médico.
Prevenção:
As principais
formas de prevenção da doença são o Papanicolau e a vacinação. O Papanicolau é
um exame que detecta possíveis lesões causadas pelo HPV e outras Infecções
Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Nele, é colhido material do colo do útero e
enviado para análise no laboratório. O exame é simples e rápido. Mulheres entre
25 e 64 anos que já tiveram atividade sexual devem fazer o exame de acordo com
a conduta médica, podendo ser solicitado a cada 6 meses ou até a cada três anos.
Quanto à vacinação, está disponível nos postos de saúde a vacina contra o HPV
para meninas e meninos de 9 a 14 anos, pois a proteção nesses grupos é maior do
que em adultos.
Isabella Tavares - Médica Oncologista Clínica, Observership in Gastrointestinal Cancer pela Georgetown University, Washington, DC, EUA, Intensive Course in Cancer Genetic Risk Assessment pelo City of Hope, CA, especialização em Predisposição Hereditária ao Câncer pelo Hospital Israelita Albert Einstein. É doutoranda e mestre profissional pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da Universidade Paranaense (UNIPAR). Atualmente, trabalha como oncologista clínica no Centro de Excelência em Oncologia em Maringá-PR. É membro do Comitê de Cuidados Paliativos da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Já publicou vários capítulos de livros, incluindo o Tratado de Predisposição Hereditária ao Câncer. É membro da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e Sociedade Européia de Oncologia Clínica (ESMO), assim como dos Grupos de Tumores Gastrointestinais (GTG), de Tumores Ginecológicos (EVA) e de Tumores Hereditários (GETH).
Acesse o site.
Projeto Vencendo o Câncer
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